quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Mais coisas cuja lógica me escapa...

O hipermercado onde faço compras regularmente é o Target. Gosto bastante de lá ir, pois aprecio a dedicação ao design da companhia; mas, ultimamente, as coisas têm andado mal.

Em Maio do ano passado, houve uma fuga de dados dos clientes, que teve uma publicidade tão má, que muitas pessoas deixaram de lá fazer compras. Hoje, vi uma notícia na Yahoo Finance que dizia que o Target, depois de acumular grandes perdas na sua operação no Canadá, decidiu que vai retirar-se desse país. O Target abriu lojas no Canadá há dois anos, julgo ser razoável presumir que a estratégia dessa expansão levou vários anos a planear.

Após o escândalo da fuga de dados, o CEO demitiu-se voluntariamente com um pacote de compensação avaliado em mais de US$47 milhões--na minha próxima vida, também quero demitir-me assim. Exactamente, o que é que andam a fazer os membros do Board of Directors desta companhia? O pior é que não é a única com estas aberrações de gestão, liderança, e supervisão, como os portugueses tão bem já sabem.

E notem uma coisa, há muitas companhias que têm despesas com vários CEOs. Eu sei de um caso em que a companhia paga compensações a quatro CEOs: o actual e três antigos. Um deles até tem uma cláusula no contracto de compensação que estipula que ele tem direito a receber a sua compensação anual até 10 anos depois de estar morto. Numa empresa cotada na bolsa, acho estes contractos extremamente lesivos para os accionistas.

Será que podemos parar de idolatrar CEOs? É que a maior parte deles não vale nem um décimo da sua compensação.

4 comentários:

  1. Rita,

    Penso que não há idolatria pelos CEO´s. O que há é rapina dos CEO´s, mais notória nos EUA mas em expansão na Europa. O Thomas Piketty faz uma análise muito aprofundada do assunto em "O Capital no Sec XXI". A acumulação de riqueza, que não cedeu com a crise, porque se acentuou, está a observar-se nos managers, que se apoderam do governo das grandes empresas e fazem o que entendem em proveito próprio.

    Sabe, certamente, o que se passa com a enorme batota (digo batota para evitar adjectivo mais contundente, embora mais adequado) que engloba o BES, o GES , a PT e a Oi.
    É um caso típico: o sr. Ricardo Salgado pagava o que fosse preciso ao sr. Zeinal Bava e aos seus companheiros da alegria; em troca, estes entregavam ao sr. Ricardo Salgado a liquidez que ele precisasse, e precisava de muita. Um dia rebentou a bolha, e a Rioforte, do GES, a quem a PT emprestava milhões desde o começo do século, não pagou 900 milhões que devia à PT.

    E, disseram então eles, os managers, excepto o presidente da PT, Henrique Granadeiro, apanhado com o rabo na boca, não sabemos que havia esse empréstimo... Uma ninharia de 900 milhões de euros, um valor que representaria metade do valor da PT na altura.

    Hoje mesmo, o Granadeiro, sabe-se lá porquê veio dizer que todos sabiam, inclusivamente os brasileiros da OI, com quem a PT se fusionou. Entretanto, a PT vale agora em bolsa menos de 1/10 do que já valeu.

    Há remédio para este tipo de situações, que cada vez são mais e quase por toda a parte? Haverá há, mas eles não deixam. Ou não têm deixado, se preferir.

    Quanto ao Target, arrisco uma sugestão, se me permite: Prefira o Whole Foods ao Target. É mais caro mas é melhor. Ou o Trader´s Joe, bom e mais em conta, ou o Safeway se estiver mais perto de si.

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  2. Volto para uma correcção: os supermercados que indiquei não são concorrentes do Target em produtos.
    não alimentares ou de consumo doméstico.
    As alternativas nesses outros segmentos são geralmente mais dispendiosas. Pelo menos na área que conheço melhor.

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  3. Rui Fonseca, há idolatria dos CEOs, há. Basta ver a forma como se engole tudo o que eles dizem. Não leu os jornais antes da queda do BES? A queda de Ricardo Salgado foi um balde de água fria para muita gente, mas até quando?

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  4. Eu concordo com a Rita. Há, infelizmente, idolatria dos CEO. A própria ideia de CEO a mim não me agrada. Prefiro os velhos "gerentes". Porque o CEO é um FUNCIONÁRIO como outro qualquer e deve ser tratado como tal. Deve receber indemnizações regidas pela mesma lei que a senhora da limpeza.

    Obviamente que é um cargo de responsabilidade acrescida e por isso não acho mal - acho bem - que ganhe mais e tenha direito a "perks" adicionais (como carro para uso pessoal). Mas daí a achar que o CEO isto ou aquilo ou existirem coisas como "golden parachutes" risca a imoralidade.

    Já agora, e a título pessoal: quando me falam do gestor este ou aquele, não me interessa. Já se for o dono, maior accionista ou sócio, aí está bem.

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