sexta-feira, 12 de junho de 2020

SENSATEZ: PRECISA-SE


A atribuição da verba de quatrocentos milhões de euros inscrita na proposta de orçamento suplementar para este ano, com a finalidade de “dotar as escolas, os docentes e os alunos para o desenvolvimento de competências digitais no trabalho escolar”, tem gerado comentários acerbos, que me espantam por alguns deles provirem de pessoas inteligentes.  

Como é possível protestar por um governo querer modernizar as escolas, dotando-as de equipamentos que permitam uma utilização eficiente da tecnologia digital, assegurando banda larga em todo o país? Seja ou não necessário, por causa da pandemia, prolongar para o próximo ano lectivo o ensino a distância, dar às escolas (e por extensão, a alunos e professores) a possibilidade de usar a Internet sem constantes problemas de acesso e seja qual for o ponto do país em que estejam situadas, é uma decisão errada?

A maior parte das críticas à solução de recurso tomada em Março, com o fecho das escolas e o começo de ensino a distância, apontava que essa solução esquecia que havia uma franja de alunos (e escolas) que não tinha acesso a computadores e a banda larga, o que era verdade. Então? Quando se tenta ultrapassar esse constrangimento, isso é errado?

Sensatez: eis o que é preciso neste momento. Eu não sei, ninguém sabe, qual vai ser a sequência destes tempos do Covid-19. No que se refere à educação penso que são possíveis grandes mudanças, não propriamente no sentido de destruir a escola mas de a repensar à luz do que aconteceu e dos resultados obtidos. Ninguém pensa que os professores são descartáveis ou que é preferível o ensino a distância ao ensino presencial. Mas a escola tal como a conhecemos já começou a mudar, até entre nós… Essa mudança passa necessariamente pelo digital. Não creio que possamos ignorar por muito mais tempo essa realidade. 

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