terça-feira, 6 de julho de 2021

685

Hoje terminei de ler The Portrait of a Lady, de Henry James. A versão que li tem 685 páginas e confesso que me assustou imenso começar a ler, pois achei que fosse demasiado maçudo ou que perdesse o interesse a meio. Surpreendentemente, agradou-me bastante. 

Não vou descrever a história, mas há dois pontos que achei muito interessantes e apropriados para os dias de hoje.  O primeiro é uma diatribe de Henrietta Stackpole, uma modernaça americana, acerca do carácter de Lord Walburton, um nobre inglês. Diz ela que o carácter dele é ser dono de metade de Inglaterra, um país que era considerado livre e no entanto ela descreve o contrato social vigente como "ownership of wretched human beings". Para ela, a única coisa de que se deve ser dono são objectos inanimados. 

O livro desenrola-se em finais de 1860 e foi publicado em 1880-81. Note-se que a escravatura foi abolida nos EUA em 1865 (Juneteenth), logo a visão que Henrietta tem dos EUA é muito mais avançada do que a realidade o era. Mas Inglaterra era muito retrógrada, achava ela.

A segunda coisa é mais diáfana e tem a ver com o papel das mulheres na sociedade. A ideia é que uma mulher com dinheiro é livre de fazer o que lhe dá na telha e, no entanto, a personagem principal  que dizia desejar ser livre acaba por fazer escolhas que a limitam cada vez mais, apesar de ter uma situação abastada. O contraste entre o que devia ser e o é é muito interessante.

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