terça-feira, 28 de abril de 2015

Breve, concisa, abreviada e resumida história da “revolução gloriosa”

Em 1660, Carlos II ocupou o trono órfão do seu pai decapitado em 1649, Carlos I. Carlos II casou com a portuguesa Catarina de Bragança, que, ao que rezam as crónicas, introduziu o chá no reino da Inglaterra. Carlos II era um rei popular, um católico discreto e tolerante, conhecido pela sua grande quantidade de amantes. Sucedeu-lhe em 1680 o seu irmão Jaime II, um católico fervoroso, que deixava os protestantes a ferver e estes não descansaram enquanto não lhe fizeram a cama. Em 1688, deram-lhe guia de marcha e chamaram para o seu lugar a sua filha Maria, casada com Guilherme de Orange, ambos protestantes.

Surgiu então um imbróglio legal. Guilherme de Orange podia ou não ser rei de Inglaterra? Por causa disto, nasceram dois partidos: os whigs (designação pejorativa para ladrões de cavalos escoceses) que achavam que sim e os legalistas tories (termo depreciativo para os fora-da-lei irlandeses) que achavam que não. Ganharam os progressistas whigs.

Guilherme de Orange foi obrigado a assinar uma Bill of Rights, que se tornou o fundamento da constituição da Grã-Bretanha. Nela são garantidas a livre eleição do parlamento, a liberdade de expressão, a liberdade dos debates parlamentares e a sua imunidade judicial; nenhum imposto pode ser introduzido sem autorização do parlamento; o rei não pode revogar nem suspender qualquer lei do parlamento; o rei não pode ser católico e não pode manter um exército permanente sem a autorização do parlamento.

A esta história os britânicos chamaram muito justamente glorious revolution.

4 comentários:

  1. A esta história os britânicos chamaram justamamente glorious revolution.

    Acha "justo" que se chame "gloriosa" a uma revolução que prescreve que o rei não pode ter a religião que quiser?

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    1. Luís, já ouviu falar nos "Pica na Merda"? Aplica-se na perfeição a si: http://jugular.blogs.sapo.pt/1626612.html

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  2. Graças a si, percebi que tinha escrito mal "justamente". Não, esse ponto não é justo, sobretudo porque essa regra continua a aplicar-se, e penso que abrange inclusive o primeiro-ministro. Tony Blair converteu-se ao catolicismo após ter saído do governo. Mas, na altura, foi a solução que se encontrou para acabar com a guerra civil entre católicos e protestantes e, pelos vistos, funcionou. Mas o mais importante foi o poder dado ao parlamento, um passo fundamental na história da democracia. Na altura só podiam votar os proprietários e as pessoas instruídas (eram grupos sobrepostos) e foram precisas várias reformas da lei eleitoral para se chegar ao sufrágio universal no século XX.

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  3. Já agora, por falar em justiça, o Luís Lavoura não mencionou a decapitação de Carlos I. Foi a primeira vez na história que se decapitou um rei, um acto extremo. Os franceses também decapitaram Luís XVI, mas usaram a guilhotina, um método supostamente mais indolor, pelo menos era essa a intenção do seu inventor, Joseph-Ignace Guillotin.

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