quarta-feira, 22 de abril de 2015

Pensar à grande!

Já que temos ordens para pensar "à grande", aqui vai um pouco do pensamento dos grandes (ver artigo na Bloomberg).

Os EUA estão a tentar desenvolver um novo avião bombardeiro que deverá entrar em serviço em 2030. Já estão a discutir custos e há contestação porque o orçamento tem uns números estranhos. Estima-se que custará $550 milhões por avião em dólares de 2010 (isso é menos de $2 per capita nos EUA; em Portugal seria $55 per capita). Há críticos que dizem que o número é pura fantasia e que a Força Aérea tem um historial de exceder o orçamento. Depois há a questão de saber se essa tecnologia é a adequada. Será que daqui a 15 anos fará sentido ter aviões deste tipo?

Mas estão a ver a diferença que existe na mentalidade dos EUA vs. Portugal?

  • Os americanos planeiam com décadas de antecedência.
  • Há continuidade de estratégia. Eles decidem investir com um governo e quando outro governo chega ao poder, a estratégia é continuada.
  • Há controle de despesa, contestam-se os pressupostos usados nas estimativas, e mesmo um projecto secreto é discutido nos media. A discussão é baseada em factos, não é baseada em ideologia.
  • Discute-se a credibilidade dos números. Invoca-se falhas passadas para demonstrar que há grande probabilidade de haver erros.
  • A linguagem usada pelos americanos: affordablility, budget, funding, ou seja, financeiramente possível, orçamento, financiamento. Antes de ir à caça de gambozinos, eles já andam a ver de onde virá o dinheiro e quais os riscos.
  • Discutem a necessidade do investimento e se o investimento será relevante no futuro, ou seja, terá este investimento benefícios concretos?
Será que António Costa consegue pensar "à grande" usando esta metodologia? Porque é que ele não nos demonstra que os princípios de gestão que ele usou na CML eram "à grande" e, como tal, obedeciam a critérios de controle de despesa também eles "à grande"? Eu, que sou pequena, tenho medo de me perder em coisas grandes. (E, no entanto, vivo no Texas...)

2 comentários:

  1. Oh Rita!
    Os portugueses fazem exatamente o mesmo que os americanos. Ou julga que em Portugal, quando se planeia, por exemplo, construir uma barragem, ou um porto, ou uma nova linha de caminho de ferro, não se planeia com décadas de antecedência?
    É claro que em Portugal há muitos investimentos políticos, nomeadamente em estradas e hospitais. Mas há muitos outros que não o são nem nunca o foram.

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    1. Exactamente o mesmo que os americanos? Já comparaste uma página de Internet do governo americano com uma página de Internet do governo português?

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