quinta-feira, 30 de abril de 2015

Política fiscal vs. política monetária

Ben Bernanke decidiu implicar com o Wall Street Journal no seu post mais recente. A visão de Bernanke, de que uma política fiscal bem estruturada é muito mais poderosa na situação actual do que a política monetária, deveria ser do conhecimento de muito boa gente, como daquela moça que decidiu saltar à mesa de Mário Draghi porque, na visão dela, os males de toda a UE são da política monetária. Não é nada. Os males da UE são o resultado de uma política fiscal que distorce incentivos e cria perversões e ciclos viciosos.

A Alemanha, como os EUA, tem uma infraestrutura envelhecida. Nestes dois países faria sentido investir em infraestrutura física; nos países do sul faria sentido que desburocratizar e simplificar a legislação, mas como não há vontade política usa-se a política monetária. E porquê? Porque a política monetária é da responsabilidade de um número reduzido de pessoas que não competem entre si; a política fiscal é da responsabilidade de um número enorme de pessoas todas a puxar a brasa à sua sardinha--é o que se chama um rebanho de gatos: cada uma vai para um lado diferente. Com um rebanho de gatos, o pastor chega a casa sozinho.

Na UE, ainda temos a agravante de a Alemanha, ao crescer devido à política monetária, retirar o sumo que iria ajudar os países do sul da Europa a crescer. Basta ver as últimas estatísticas para ver que quem cresce mais é a Alemanha, quem tem redução de desemprego é a Alemanha. Nós já vimos este filme antes. Se o crescimento alemão anterior não se traduziu em crescimento para o sul da Europa, porque razão é que deveremos presumir que esta vez será diferente?

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