sexta-feira, 17 de abril de 2015

Façam bolhas...

A política monetária do BCE está a distorcer a percepção de risco na Europa, relata a Bloomberg. Empresas com bons perfil de risco conseguem bond yields muito próximas das de empresas consideradas lixo. E algum deste lixo está na própria Alemanha:
German health-care company Fresenius SE last year sold 450 million euros ($483 million) of bonds due February 2024 that were rated BB+, the top junk rating, and priced to yield 4 percent. They now yield 1.8 percent, according to data compiled by Bloomberg. That’s approaching the average yield of 1.04 percent for similar maturity bonds with an average rating four levels higher at A3, Bank of America Merrill Lynch index data show.

“The difference between investment-grade and junk used to be a cliff,” said Jonathan Pitkanen, London-based head of investment-grade credit research at Columbia Threadneedle Investments, which manages about $200 billion in fixed income globally. “These days it’s more of a bump.”

4 comentários:

  1. Esse artigo parte do pressuposto que os ratings refletem o risco associado a um investimento. Algo que penso que já foi mais que demonstrado que não passa de uma falácia depois da crise de 2008. Outro exemplo que mostra que os ratings não são propriamente determinado de forma "isenta": http://www.zerohedge.com/news/2015-01-20/downgrading-us-will-cost-sp-15-billion

    O título da notícia poderia ser perfeitamente algo como: "Mais uma vez as agências de rating falharam na atribuição do nível de risco a ativos europeus" ou algo parecido. Mas não, optou-se pela abordagem oposta. Não se põe em causa as competência das agências de rating para determinar o risco, elas são de tal forma competentes nesta função que os mercados é que andam todos enganados. Engraçado terem esta perspetiva numa publicação dita "económica". Acreditar que uma entidade central é mais competente na definição de um nível de risco que a multiplicidade de entidades que compõem o mercado parece-me ir contra a perspetiva habitual nessa publicação o que apenas reforça o estatuto de excepção que as agências de rating continuam a gozar quando mesmo após demonstrarem múltiplas vezes a sua falibilidade continuam a ser levadas a sério institucionalmente e nos media.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, também pensei na falidade dos ratings quando escrevi, apesar de não o ter mencionado. Mesmo assim, há que ter em conta que os problemas anteriores ocorreram por o rating ser muito melhor do que o que deveria ser. Mas neste caso, o próprio mercado acha que um rating mau não é tão mau quanto isso. É discutível se o rating é merecido ou não pontualmente, só que o problema do diferencial de yields baixo parece ser sistémico e não pontual.

      Os mercados ultimamente andam completamente marados e não reflectem informação fundamental, logo eu não acredito muito no que o mercado me diz. O mercado é bipolar, como dizia o Greenspan.

      Eliminar
    2. falibilidade e não falidade--já não sei escrever...

      Eliminar
  2. Se não fosse esse bendito diferencial de yealds ter diminuído nunca Portugal poderia usufruir das taxas de juro atuais. Essa suposta "distorção" até acaba por nos beneficiar.

    A informação fundamental hoje em dia são as taxas de juro, a gestão da dívida, e o contexto financeiro das organizações (e o fiscal...), o resto são "peaners" fora alguns casos excepcionais.

    Como pode não conhecer os "peaners" deixo-lhe o link para se rir um bocadinho.
    https://youtu.be/yM7SUfGxT2U?t=45s

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.