sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Re: A ver se eu percebo

Diz a Maria João Pires sarcasticamente:
Decreta-se a requisição civil para defender o interesse público e setores vitais da economia nacional... e ao mesmo tempo vai privatizar-se a empresa que tudo isto assegura. É isto, não é? Faz todo o sentido, claaaaaro.
Esta argumentação é que não faz sentido. Não é de todo obrigatório que o interesse público e os sectores vitais da economia nacional tenham de estar entregues a empresas públicas. Por exemplo, a alimentação é absolutamente vital e penso que não passa pela cabeça de ninguém nacionalizar todas as empresas alimentares em Portugal. Diria até que o argumento funciona ao contrário: a alimentação é um sector tão essencial que não podemos correr o risco de o entregar à gestão de mandatários de governos.

No caso concreto da TAP, não concordo com a requisição civil. Da parte que me toca, em todas as viagens que faço, dou sempre instruções claras de que quero evitar viajar na TAP a todo o custo. O risco é demasiado grande. Dezenas de más experiências consecutivas convenceram-me de que a sigla TAP é um conselho a ser seguido: Take Another Plane. Esta greve era mais um passo para que mais uns milhares de pessoas se convencessem do mesmo. E só quando este sentimento for generalizado é que acabarão as pressões para que o Estado injecte milhões na TAP.

2 comentários:

  1. Caro LA-C,

    A diferença parece-me óbvia: o sector da alimentação é extremamente pulverizado, sendo por isso que uma crise (ex. greve) numa empresa não tem impacto.

    O mesmo não se passa com a TAP que, bem ou mal (e a minha experiência com a TAP é exactamente a oposta da sua - tirando atrasice crónica em algumas linhas, funciona MUITO melhor que as congéneres europeias, excepção à Lufthansa, e em comparação com as americanas então não tem nada a ver). Que risso dizer que a TAP deve ser pública? Não, mas quer dizer que uma privatização por venda da companhia a um "grande" investidor parece-me uma má ideia. Um modelo como o seguido na Lufthansa era francamente melhor.

    Quanto à requisição civil, foi um disparate. Tanto do ponto de vista jurídico, como em termos de propaganda (e sim, a afirmação da Maria João Pires não é bem assim mas, como soundbyte e sem reflexão, faz "sentido). Mais valia deixar rolar.

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  2. Repetindo talvez o que o Carlos Duarte disse, linko para o que escrevi aqui: decretar a requisição civil num sector não é nenhum indício que esse sector não possa funcionar pelas regras normais do mercado - mas decretar a requisição civil para uma empresa específica talvez já seja.

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