sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Emigrámos?

Ao ler alguns dos comentários sobre o burkini, fico com a ligeira sensação de que grande parte dos portugueses emigraram para o norte da Europa, onde as viúvas vestem roupa colorida e têm cabelo curto. Ou talvez, nem seja tanto impressão, mas sim desejo, pois se o que alguns portugueses recomendam para as mulheres que usam burka e burkini, em França, for aplicado em Portugal, receio que, de um dia para o outro, as viúvas tradicionais portuguesas comecem a ser assediadas na rua. Talvez já não haja viúvas destas, pensei.

Como não estou aí para fazer pesquisa de campo, fiz uma busca na Internet e encontrei o Power-Point de Rui Grilo, psicólogo em Portugal, sobre viuvez e parece que em 2013 ainda havia viúvas assim porque ele usou esta fotografia. Ora digam-me lá se esta mulher não mete dó de tão oprimida que está? Porque razão se sente ela na obrigação de se vestir de preto da cabeça aos pés? Que sociedade arcaica e misógina é a portuguesa para permitir que tal aconteça?

4 comentários:

  1. Sharp and to the point! Very good! (mas não devias dar ideias aos engenheiros sociais).

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  2. Talvez se analisássemos a idade e o estado civil da representada em comparação com as outras concorrentes francesas, houvesse alguma honestidade neste texto, mas nem sempre se pode esperar isso.

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    1. O texto é honesto: estas mulheres sentem-se na obrigação de vestir luto; a idade e o estado civil são irrelevantes. Mas se o meu caro leitor se informasse um bocadinho, saberia, que em Portugal, ainda há homens que controlam a roupa que as mulheres podem e não podem vestir. Ainda há homens, mais novos do que eu, que dizem coisas como "Estás bem, mas esse decote é um bocado exagerado. Era melhor mudares antes de saíres à rua."

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  3. Esta descrição corresponde à situação das mulheres ciganas.

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