domingo, 21 de agosto de 2016

Empresta, Catarina

"O sistema financeiro está a ficar com os recursos do país. Isso é intolerável. Precisamos de recursos para ter emprego, investimento, Estado Social. Precisamos dessa reestruturação da dívida."

~ Catarina Martins, Público, 21/8/2016

Ontem fui ver mobília porque uma amiga minha está a vender a casa e espera mudar-se para uma nova brevemente. Também ando numa de decorar a casa, logo também tirei proveito da expedição. A primeira loja onde fomos foi Sunset Settings, que vende mobília da Knoll e da Cassina, artigos da Alessi, etc. É, é um sítio onde dá para ter uns orgasmos só de olhar para tanto "eye candy", mas disperso-me...

Infelizmente, tenho gostos um bocadinho caros, o que é péssimo porque também sou forreta. Tenho de encontrar forma de compatibilizar o incompatível e julgo que a Catarina Martins me pode ajudar. Estou a contar com que ela me empreste algum dinheiro para eu comprar umas cadeiras e uma mesa. Acho que não me cobrará juros porque eu sou uma pessoa de muita confiança, não apresento risco nenhum, esforço-me muito, escrevo muitas coisas engraçadas para o pessoal se rir e a Catarina adora comédia. Ela até me devia pagar juros a mim para eu pedir emprestado o dinheiro dela. Também estou a contar que ela ache que eu não devia pagar os empréstimos por inteiro porque isso seria ela ficar com os meus recursos.

Parem, parem! Vocês pensam demais. Já sei que acham que, se eu pedi emprestado, eu é que pedi os recursos de outrém, logo os recursos não são meus, são de quem mos emprestou. Garanto-vos que não é assim que funciona o mundo que a Catarina imagina e, como tal, posso com segurança afirmar que ela está ansiosa por me emprestar o dinheiro dela porque a mim faz falta; a ela não faz falta. O dinheiro só faz falta a quem não o tem, obviamente!

Ora, calha bem esta nova filosofia porque eu preciso de dinheiro para comprar o seguinte:
O resto posso comprar a pronto no Ikea -- também temos de comprar coisas aos pobres do norte da Europa --, mas para estas peças, que são lindas de morrer, preciso mesmo que a Catarina Martins me faça um empréstimo à maneira que ela gosta...

Gosto tanto de ti, Eames lounge


Vocês acreditam que a cadeira Le Corbusier foi desenhada em 1928?


Foi Deus que inspirou o Mies a desenhar isto para o Pavilhão da Alemanha da Expo de 1929 em Barcelona


A cadeira Wassily é super-confortável!


A cadeira reclinável Dodo, desenhada em 2000.

15 comentários:

  1. “Não é assim que funciona o mundo que a Catarina imagina”. A Catarina pensa que o dinheiro nasce numa árvore e que basta abaná-la com força para o apanhar. Não fique espantada, porque ainda há mais gente assim.

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  2. Caro Tiro ao Alvo, permita-me que discorde. Não, ela não pensa que há uma árvore das patacas. Essa rapariguita permanentemente zangada pensa, como todos os vermelhos desde Lenin, que basta roubar o dinheiro e a fazenda dos que mais têm para passar a haver meios para tudo e mais alguma coisa. Nunca correu bem em lado nenhum. Pelo contrário, sempre foi receita certa para a miséria e a morte. Foi-o na Rússia de 1917 como está a ser na Venezuela actual como foi em todas as sociedades onde essa canalha governou na Europa, África, Ásia e América Latina. Eles continuam, porém, em busca de que alguma vez corra bem. Pelo caminho vão destruindo sociedades inteiras. Mas isso, a gente dessa laia, pouco importa. Movem-se pela ideologia e o processo é o importante, não as suas consequências. O processo está certo por definição. É dogma comunista como as religiões têm os seus. Logo, se algo está errado é a realidade. Ou, como Brecht ilustrou, o melhor é dissolver o povo e eleger outro.

    Agora, meu caro, o maior problema não é lá a rapariguita e mais os seus acólitos e mais os que gostam do avôzinho simpático quando está calado e toda essa gente. O problema, o grande problema, é haver tanta gente a ir na cantiga, mormente no contexto actual com o actual PS. Isto, sim, é o grave e diz muito do que é a sociedade Portuguesa.

    Rita, já agora uma notinha ao que escreveste. Não vale a pena tentares ensinar o que quer que seja a gente dessa. Aprender é algo apenas ao alcance daqueles que visam o melhor para os países e sociedades. Essa gente tem objectivos muito diferentes, meramente ideológicos e do domínio da fé contra toda e qualquer evidência. Por muito que, diante duma parede branca, lhes digas que a parede é branca, gente assim continuará sempre a dizer-te que a parede é preta porque a doutrina diz que tem que ser preta portanto é preta por muito que tenha sido pintada de branco.

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  3. Por reunir alguns requisitos que muito admiro, de que destaco: a inteligência, bom gosto, alguma ousadia e por ser economista(maior responsabilidade) deixo-lhe um comentário: A Catarina é uma artista que leu umas coisas de marxismo cultural inspirada por Lukács, Gramsci,Marcuse e outros e diz o mesmo que os esquerdopatas do Brasil, Espanha, Itália, etc. Mas, o cerne da questão e do problema que, existe mesmo, dívida pública e privada, no nosso caso, 7000000 milhões de euros, não deve ser deixada aos marxistas a sua solução. Ao longo da nossa história, tal como outras nações, já falimos várias vezes e, na de 1892 houve um pagamento da dívida em mais de 100 anos! Isto é uma reestruturação. Rita, a nossa situação é calamitosa, devemos estar em estagnação no final do ano(2016), as empresas andam a disfarçar com os dinheiros europeus (ajudas/dádivas) as que que eu vejo nascer são de: esteticistas, cabeleireiros e ginásios! A banca portuguesa toda insolvente, as empresas financiam-se para tesouraria, voltaram os atrasos nos pagamentos(Estado e Privados), privados a pagar a 180 dias e mais, empresas a pedir PER são imensas e perdas para credores, às vezes, 90%! Considerando que a economia não dá para a despesa do Estado, os governos não cortam na despesa do estado, a banca insolvente, as empresas afogadas em dívidas, a carga fiscal e a burocracia afugentam o investimento estrangeiro, estamos com poupança negativa, onde se pode reduzir qualquer coisa para sobreviver? Nos juros que pagamos, mais ou menos 8500 milhões por ano . Apoio-me na Grécia o nosso parceiro em bancarrotas e miséria (já o Eça falava disso) para demonstrar que a dívida pode ser reestruturada sem dramas: a Grécia tem uma dívida pública com uma maturidade média de 16,55 anos, nós 8,8 anos;o custo médio do stock da dívida(juros) era em 2015, para os Gregos, de 1,8% e nós de 3,5%. O peso dos juros em relação ao PIB era no caso Grego(2015) de 4,1% e nós 4,2 %. Conclusão, a dívida é um problema e não é a Catarina nem os marxistas Gramscianos que têm credibilidade para reestruturar a dívida, mas devemos reconhecer que um governo não socialista tem de equacionar este grande "iceberg" que está na nossa frente .

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    1. Obrigada pelo elogio e concordo com o diagnóstico. Se a dívida for reestruturada com estes artistas no poder, não vai adiantar nada porque voltaremos a endividar-nos. Se o governo não reduz a despesa porque, dada a dívida actual, é completamente insustentável ter o país com os incentivos que tem, então que razão haverá para reduzir despesa depois de reestruturada? A Grécia já teve várias reestruturações e ainda não cresce. Dizia o Einstein que "We cannot solve our problems with the same thinking we used when we created them."

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    2. Reestruturar a dívida só vale a pena se for para mudar a forma como se governa o Estado, evidentemente. Doutra forma não apenas os credores não aceitam brincadeiras como, pior, se for feita à força fica o país totalmente cortado dos mercados financeiros e aí o deficit orçamental deixa de ser 2,7% ou 2,5% ou o que quer que seja e passa a 0 por força das circunstâncias. É uma situação muito mais gravosa do que a actual e de longe. Neste momento, mais juro, menos juro, Portugal ainda vai conseguindo financiar-se nos mercados financeiros. Com uma reestruturação unilateral isso acaba-se por muito tempo.

      A Grécia teve um perdão de dívida, o maior da história, e a sua dívida tem sido reestruturada. E que resultados isso lhes deu? Continuam sem sair da cepa torta e continuam sem acesso aos mercados financeiros. Não valeu a pena. O governo Português anterior, por outro lado, andava, discretamente, a fazer o que o Pedro Ferreira diz. Calmamente e a bom recato - que é como estas coisas devem ser tratadas - foi trocando dívida por outra com maiores maturidades e menor juro. Com estes duvido que isso continue.

      Pessoalmente aceito reestruturações e perdões de dívida em certas condições muito especiais e se sujeitos a regras e objectivos claros. Se cumpre e atinge, perdoa-se um bocadinho. Se não cumpre e não atinge continua com a canga em cima. Tem sido esta a filosofia de funcionamento do Clube de Paris para com países do terceiro mundo e, embora não sempre dado haver alguns que se afundam irremediavelmente, tem tido alguns razoaveis casos de sucesso. Se, por outro lado, um país decide simplesmente dizer "não pagamos" ou "as condições passam a ser as que nós dizemos" aí não tenho contemplações e sou o fã número 1 do Sr. Paul Elliott Singer.

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  4. Sim, caro Zuricher, o que mais assusta é haver tanta gente que acredita na forma de obter recursos preconizada pela Catarina, que se sente legitimada pelos votos de muitos que sabem que ela está errada, mas que pactuam, egoisticamente, com essa gente, por razões outras, normalmente por razões de interesse particular ou corporativo.

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  5. Adorável Rita,

    Olha quem fala!

    “I am the king of debt,” Mr. Trump said. “I love debt, I love playing with it. But now you’re talking about something that’s very, very fragile, and has to be handled very carefully.” -
    aqui
    http://www.nytimes.com/2016/05/06/upshot/donald-trump-is-coherent-on-monetary-policy-but-not-on-debt.html?_r=0

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    1. Pois é, mas ele ainda não é Presidente e eu também não sou apoiante. Não percebo a ligação...

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  6. P.S.: Rita, agora sobre as mobílias. Olhando à tua disposição perdulária deixa-me sugerir-te Tommy Bahama. Além da enorme variedade e de se poderem personalizar várias das peças é mobiliário com uma qualidade excepcional.

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    1. Nem sabia que faziam mobília... :-) Eu gosto muito da West Elm e da Pottery Barn, também.

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    2. Fazem sim. E muito boa. A mobília Tommy Bahama é muito popular em várias ilhas das Caraíbas e em navios de recreio com decoração personalizada. Esta última aplicação atesta bem da qualidade que tem dado que a bordo só aguenta ou o que é protegido especificamente para este fim ou mobilia de muito boa qualidade mesmo.

      Pottery Barn conhecia e gosto de muito do que fazem também. West Elm não conhecia mas fui dar uma vista de olhos pelo catálogo deles e não é nada o meu género. Demasiado moderno e arrojado para mim. Gosto de linhas e materiais mais clássicos até porque tenho uma série de equipamentos antigos em uso corrente que, com mobilias modernas, fazem um conjunto grotesco.

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    3. A West Elm é a linha mais jovem da Williams Sonoma; a pottery Barn também pertence à Williams Sonoma e tem alguma semelhança com a tua Tommy Bahama. Nem todas as peças da West Elm são assim tão modernas. Eles têm muita influência do design Mid-Century Modern, que por sua vez é a adaptação americana do estilo dinamarquês.

      O que noto, em relação à minha preferência de estilo é que as peças crescem em mim. Encontro uma de vez em quando, mas sem rumo definido, e depois as coisas acabam por se "casar" mais ou menos como produto do meu crescimento estético. Mas misturo muitas coisas: há peças que me deram, ou que encontrei no lixo (uma mesa de café, um banquinho, uma reprodução de uma aguarela), ou em garage sales, lojas em segunda-mão, lojas onde encontro coisas que me agradam. A única coisa que as une é que gostei delas o suficiente para fazer um esforço para tê-las. Depois, à medida que vou tendo uma ideia melhor do espaço, acabo por as combinar.

      É um processo orgânico. Os espaços demoram uns anos a ser cozinhados na minha cabeça...

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    4. Correcção: a Pottery Barn Teen ainda é mais jovem do que a West Elm, mas é para um público juvenil, que ainda vive em casa dos pais ou no dormitório de uma universidade. Já a West Elm é para jovens profissionais, que vivem em apartamentos em grandes cidades.

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    5. O meu gosto para mobiliário é o mesmo desde sempre. Muito sóbrio, elegante, discreto, intemporal, de qualidade e razoavelmente minimalista. Isso sim, não sou capaz de comprar peças grandes soltas pelo simples motivo de que quando compro algo quero ter a certeza de que irei conseguir fazer um conjunto exactamente ao meu gosto. Depois, peças pequenas, se vir algo que me agrada compro. E algumas coisas nem consigo encontrar nunca. Andei anos à procura duma tralha qualquer em aço ou bronze e alabastro e nunca encontrei nada que ficasse exactamente bem onde é para ser colocado. Sendo que esta busca voltará no futuro. Por outro lado as mobílias têm que condizer com a casa em si, com o espaço. E, claro, tem também que condizer com as coisas que tenho o que só por si exclui logo directamente mobilias claras ou modernas. Agora ando a zanzar há quase dois anos e sem grande vontade de poisar mas, quando acontecer, uma das coisas interessantes será voltar a redecorar uma casa. Que, forçosamente, será diferente de todas as anteriores.

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  7. As aspas já não são o que eram? Isto é que é jornalismo do bom...

    Eis uma repetição do título e da URL do artigo invocado no topo desta ficção:

    Catarina Martins: "Todos os dias me arrependo da geringonça"
    https://www.publico.pt/politica/noticia/todos-os-dias-me-arrependo-da-geringonca-1741714

    Pesquisando o artigo verifiquei que NÃO contém a frase indicada no título entre aspas. Ou seja, a "citação" é FALSA.

    Lá está ... É TROCALHAR.

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