quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Solidariedade feminina anti-fascista

Há muitas mulheres pelas redes sociais fora a dizer que para combater o fascismo francês vão comprar um burquini em solidariedade.

Essa é uma óptima ideia. Comprem e usem. E, por favor, não usem apenas um dia ou umas horas. Usem-no as férias todinhas. Depois contem a experiência e digam se se sentiram livres.

Só é pena que os pais e maridos destas muçulmanas que usam burquini não arranjem uma roupa similar para eles. Assim mostravam não só a sua solidariedade para com as suas mulheres e filhas, como ainda garantiam que era igual para todos (homens e mulheres) e não um instrumento de dominação contra as mulheres.

24 comentários:

  1. Eu sou a favor da legalização das drogas, mas não faço tenções de as usar.

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  2. Em Portugal um homem pode andar na rua em topless, mas uma mulher não. Para quando o fim "desse instrumento de dominação contra as mulheres"?

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    1. Não fazia ideia. Pode dizer-me qual é a lei em causa?

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    2. É a mesma lei que faz com que as mulheres muçulmanas vão à praia de burkini. Basta andar por qualquer marginal de praia, e vê-se facilmente que essa liberdade só alguns a têm...

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    3. Portanto, não existe lei, é isso? Está apenas a inventar factos? E, mesmo que esse facto que inventou seja verdade (e eu até acredito que sim, apesar de não conhecer nenhuma lei), acha mesmo que é um instrumento de dominação que rebaixa as mulheres? Se acha que sim, prepare um abaixo-assinado com uma argumentação razoável que eu serei o segundo subscritor.

      Amigos meus que foram recentemente a Nova Iorque dizem-me que é uma maravilha passear com mulheres em topless à volta:
      http://www.npr.org/sections/thetwo-way/2015/08/24/434315957/topless-in-new-york-the-legal-case-that-makes-going-top-free-legal-ish

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    4. O ponto era que diferentes culturas têm diferentes regras sobre o que é aceitável ou não, e também na nossa o critério é diferente para o homem e para a mulher. As nossas regras achamos normais, as dos outros não.

      O que diria esse abaixo assinado? Iria *obrigar* as mulheres a fazer topless? Não: iria, quando muito *permitir* que o façam.

      As mulheres muçulmanas, por lei, podem ir em bikini para a praia, mas haver uma lei que as obrigue a isso não parece a melhor forma de defender a liberdade. É normal, em Portugal, mulheres mais velhas não se despirem na praia. Vamos obrigá-las?

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    5. "O ponto era que diferentes culturas têm diferentes regras sobre o que é aceitável ou não, e também na nossa o critério é diferente para o homem e para a mulher. As nossas regras achamos normais, as dos outros não."

      Você talvez ache, eu não. De qualquer forma acho que qualquer comparação entre as liberdades que são dadas às mulhers nas duas "culturas" parece-me ridícula.

      "O que diria esse abaixo assinado? Iria *obrigar* as mulheres a fazer topless? Não: iria, quando muito *permitir* que o façam."

      Vamos lá ver. Se eu acreditasse que as muçulmanas querem ir de burkini; ou seja de que não se trata de um símbolo de dominação masculina e que a escolha é verdadeiramente livre eu não teria problemas.

      "É normal, em Portugal, mulheres mais velhas não se despirem na praia. Vamos obrigá-las?"
      Não e escusa de me perguntar qual a diferença. Se não percebe, não vou ser eu que conseguirei escapar.

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    6. Diz o Luís: "Você talvez ache, eu não." e "Se eu acreditasse que as muçulmanas querem ir de burkini; ou seja de que não se trata de um símbolo de dominação masculina e que a escolha é verdadeiramente livre eu não teria problemas.".

      Luís, pode explicar estas frases que salientei? Penso ter apreendido o sentido e o seu fundo mas não estou certo pelo que antes de comentar gostaria de estar certo de ter percebido o que quis efectivamente expressar.

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    7. Zuricher, exceptuando os que são biologicamente obrigatórios (o homem não pode dar de mamar, por exemplo), não concordo que a sociedade reserve papeis diferentes aos homens e às mulheres. Sou um igualitarista.

      A outra frase está mais que explicada ao fim de tantos dias de debate sobre murkinis e eu estou cansado desse debate.

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    8. Ok, então é o que eu pensava.

      Quanto ao seu primeiro parágrafo e primeira frase, se limitado ao espaço geográfico ocidental estou plenamente de acordo. É o nosso modus vivendi. Se com validade universal aí então estou frontalmente contra.

      Em relação ao segundo parágrafo, não tem noção, Luís, do tremendamente errado que está. Sociedades e culturas diferentes têm noções diferentes. O que para o Luís é liberdade, muitos outros - e, sobretudo muitAs outrAs - vêm como deboche. Há efectivamente mulheres, mesmo em França, que querem efectivamente usar o burkini e as vestimentas islâmicas dado o que tudo isso significa para si, para elas próprias. Não quero com isto dizer que, no nosso espaço geográfico, devemos aceita-lo. Mas ter em consideração que uma grande parte das mulheres se veste assim por vontade própria ajuda a entender a questão.

      Tradicionalmente os Ocidentais não entendem as outras culturas porque há uma série de valores que não conseguem entender que existem, são reais e as pessoas até são felizes adoptando-os. Nem sequer conseguem entender que certos conceitos podem ter enunciados identicos (o conceito de direitos humanos, por exemplo) mas significados muito diferentes consoante as culturas. Repito, não pretendo desta forma defender o uso de burkinis ou trajos islâmicos em geral. De todo, mesmo. Apenas alertar para que há muito quem os use por vontade própria derivada dos seus valores pessoais. Perceber isto ajuda a entender toda a polémica que está a ser gerada sobre o assunto, o seu significado para uma grande parte das mulheres islâmicas, o seu significado para as minorias islâmicas em geral e as consequências que tudo isto pode ter permitindo assim preparação atemparada para eventos subsequentes.

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    9. "não tem noção, Luís, do tremendamente errado que está"

      Mas isso é óbvio, não é? Ninguém tem noção do quão errado está. Se tivesse mudava de opinião e deixava de estar errado.

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    10. Ahahah, sim, realmente é uma verdade de La Palisse.

      Para conhecer um pouco este tema permita-me uma sugestão. Passe tempo em países islâmicos. Não é ir uma semana de férias para um resort em Hurghada ou em Djerba. É ir com tempo, várias semanas seguidas de cada vez, a países islâmicos. Envolver-se e deixar-se submergir na sua forma de viver, na forma como pensam, como sentem. Não é preciso ir para a Arábia Saudita mas, mesmo em Marrocos, pode fazer-se isto, sobretudo saindo de Casablanca e Agadir. Na Tunísia, não em Djerba mas em Tunis e indo para o interior. Infelizmente nos tempos que correm não é possivel zanzar pela Argélia e Egipto com tal grau de profundidade. Ir aos Emiratos Árabes Unidos mas saindo do circo do Dubai. Abu Dhabi como primeiro embate e a seguir Al-Fujairah.

      Se quer realmente entender e conhecer este assunto e os valores islâmicos quanto a ele nada como respirar com eles durante um tempo. Terá o bónus acrescido de entender muito mais sobre o mundo islâmico e sobre vários temas da actualidade de Marrocos aos confins do Afeganistão.

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  3. Compreendo que se queira mais tolerância quanto à indumentária das mulheres muçulmanas, mas é tão errado obrigar a vestir uma peça, como proibi-la. Há muçulmanas que não usam burka, nem burkini, logo não se pode dizer que é um problema generalizado dos muçulmanas e que todas são oprimidas. Quero ver os franceses a obrigarem os sikh a tirar o turbante (daastar).

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    1. Há imensas formas de vestir (e despir) que são proibidas. E este assunto vai muito para além disso.

      Olha, uma pergunta, nos EUA uma pessoa que não queira passar naquelas máquinas em que nos vêem despido e não esteja para ser apalpada nos genitais como faz para andar de avião?

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    2. Pode pedir que seja revistada num sítio privado. Para além disso, eles têm detector manual, que é o que usam quando há um alerta do scanner e nos pedem para nos revistar com mais cuidado.

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    3. "Pode pedir que seja revistada num sítio privado."

      Mas nesse caso a pessoa é literalmente apalpada nos genitais. A minha pergunta era quem não quisesse aparecer despido numa câmara e não estivesse para ser apalpado nos genitais. Como é que faz?

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    4. E até pode ser forçada a despir-se integralmente e a pôr-se de cócoras numa certa posição específica, algo que pode suceder se o agente de segurança suspeitar de tráfico de droga, por exemplo.

      Luís, há muitos anos (pelo menos desde os 1970s), nos EUA e em todo o lado, que os passageiros têm que sujeitar-se às verificações de segurança necessárias até à total satisfação do agente de segurança de que o passageiro não constitui uma ameaça para o serviço. Qualquer um pode recusar-se a ser revistado, apalpado ou seja lá o que for. Nesse caso, porém, é proibido de embarcar. Após o 11 de Setembro o que mudou foram os procedimentos especificamente que se tornaram mais minuciosos e invasivos. Não a acção de screening em si.

      Este screening não é, sequer, uma questão Americana ou seja de que país fôr. A sua obrigatoriedade decorre do Anexo 17 à Convenção de Chicago e é obrigatória em todo o lado. Os países têm alguma latitude para estabelecer os procedimentos específicos que permitam garantir a segurança mas não muita, ainda assim. Passar pelos pórticos detectores de metais é algo básico em todo o lado.

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    5. "Passar pelos pórticos detectores de metais é algo básico em todo o lado."

      Não é verdade. Nos EUA são diferentes. passamos por umas câmaras onde nos fotografam com um raio-X qualquer em que nos vêem nus no ecrã.

      http://www.airfarewatchdog.com/blog/22239129/can-the-tsa-see-you-naked/

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    6. Vejo no link que coloquei, que foi assim até 2013. De lá para cá substituíram as pornográficas máquinas.

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    7. Conheço perfeitamente essas máquinas mas, para simplificar e não entrar em minucias técnicas incluí tudo em "detectores de metais" dado serem assim comumente conhecidas essas e várias outras para o mesmo efeito independentemente do que sejam especificamente, umas com maior pormenor que detectam muito mais do que só metais, outras com menor. Essas especificamente que o Luís refere (as que se vê a pessoa nua...) não são um exclusivo Americano, sequer. Chegaram a ser usadas noutros sítios (embora mais discretamente que nos EUA) e não duvido que ainda o sejam. São uma forma possivel de screening.

      O ponto relevante, porém, é o de que se a pessoa não se sujeita aos procedimentos de segurança não embarca. Existe a alternativa, tanto para quem não quer como para quem não pode (gente com certas próteses não pode passar nestes aparelhos, por exemplo) da revista pessoal simplificada. Se o agente de segurança achar adequado pode obrigar a uma revista aprofundada. O passageiro se não aceita fica em terra, simplesmente.

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  4. A proibição do "burkini" é uma medida tipicamente francesa. E ainda se arrogam o título de "pátria da liberdade" e outras tretas ahistóricas que tais. Cada um tem todo o direito de ir para a praia com os trajes que muito bem entender - pelo menos num país livre.

    Reparemos também que os franceses nunca falam em democracia; falam, sim, em república, como se fossem sinónimos.

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