quarta-feira, 6 de março de 2019

Fake news

Hoje no Here and Now estavam a falar de uma peça que acabou de ser publicada na New Yorker acerca das práticas da Fox News na cobertura da campanha e agora da Presidência de Donald Trump. Uma das coisas que a peça revela é que Trump recebeu perguntas da entrevista com Megyn Kelly com antecedência. Algo parecido aconteceu no lado dos Democratas durante a campanha para a eleição, quando se descobriu que Donna Brazile lhes tinha enviado as perguntas de um debate na CNN -- ela foi imediatamente despedida.

Note-se que nada disto são crimes, mas violam o código de ética e deontologia do jornalismo e, ao contrário do que os portugueses pensam, os americanos são muito obcecados com este tipo de coisas. Pode haver lapsos ocasionais, mas quando são descobertos tem de haver consequências e cai o céu e a trindade quando há práticas abusivas consistentes. Os EUA são um país muito litigioso e não seguir o código de ética pode convidar processos em tribunal e limitar o uso da liberdade de expressão como mecanismo de defesa. A um meio de comunicação dá-se muito mais latitude para usar nomes e descrever situações do que a uma pessoa particular ou a uma empresa que não faça parte da comunicação social. Há sempre um exercício de comparação entre o interesse de o público saber e o direito à privacidade e bom nome.

Por exemplo, O Washington Post está a ser processado pela família do jovem que ficou famoso por causa do confronto entre os índios nativos americanos e os estudantes da escola católica e vai ter de provar que o objectivo da sua cobertura noticiosa era apenas o de informar e não tinha quaisquer outras intenções, nem foi feito por malícia.

A propósito deste processo em Tribunal, Donald Trump, que é especialista em jornalismo, já deu o seu parecer: houve violação dos princípios deontológicos de jornalismo e foi fake news. Em Portugal, também há uma especialista em jornalismo e fake news, a Elisa Ferreira, que, para além de ser Vice-Presidente do Banco de Portugal, foi convidada para dirigir o Público por um dia. Talvez ela queira escrever uma peça sobre o caso do Washington Post, já que não parece que o Banco de Portugal lhe dê muito trabalho.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não são permitidos comentários anónimos.