segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Masoquismo nacionalista

Contactei o Consulado em Washington, DC, para renovar o meu passaporte e cartão de cidadão. Responderam-me que tem de ser presencial e com marcação prévia. Falei então com um amigo meu português que vive lá para as bandas da capital americana, que me disse que só há uma funcionária e demora meses a tratarem das coisas.

Não faz sentido nenhum o governo português continuar com políticas que promovem tanta burocracia e atrasam os cidadãos. O mais patético é que andam a gastar dinheiro em campanhas nas redes sociais para investir em Portugal, o que é um perfeito disparate dado tudo o resto. Sem acesso a serviços consulares, as pessoas não podem fazer negócios em Portugal.

Quem já investiu pode continuar a pagar impostos em Portugal porque as obrigações nunca estão fora de prazo, apenas os direitos, como por exemplo o direito de eleger um governo. Não recebo emails a avisar-me de como exercer os meus direitos, mas todos os seis meses, sem falha, lá recebo a notificação do Portal das Finanças a dizer para não me esquecer de pagar o IMI.

Marcelo Rebelo de Sousa, na última campanha para as presidenciais, comprometeu-se a melhorar a situação do voto dos emigrantes. Até agora não fez absolutamente nada. A comunicação social também não lhe exigiu prestação de contas acerca do que (não) tem feito. É inconstitucional suspender os direitos de cidadania. Ele é que é o guardião da Constituição, logo cabe a ele exigir que os governos respeitem os direitos dos cidadãos.

E, ironia das ironias, vejo mais gente em Portugal preocupada com os direitos de voto dos americanos do que com os seus próprios direitos. A meu ver, no que diz respeito a conseguir exercer o direito de voto, Portugal é muito pior do que os EUA. Os americanos saem para a rua e manifestam-se na comunicação social para proteger quem tem os seus direitos atacados; os portugueses não só não saem, como atacam os concidadãos que se queixam. Que raio de masoquismo nacionalista nos aflige?

2 comentários:

  1. "para renovar (...) o cartão de cidadão. Responderam-me que tem de ser presencial e com marcação prévia."

    - A sério que as regras de renovação online são diferentes para residentes no estrangeiro? Não podem mesmo usar esse sistema? Alguém poderá informar depois de ter tentado? É que, se for impossível, teremos de rever a definição de "online".

    Pois... Durante os últimos dois anos, eu mesmo consultei essas regras em momentos diferentes, um para mim, outro para uma vizinha velhinha e não me apercebi de existirem exclusões de acesso com base no local de residência. Além disso quando, durante a pandemia, não pude ir levantar o meu Cartão de Cidadão acabado de renovar, acedi-lhe online através da app "id.gov.pt" [Android, IOS e Huawei] antes de poder tê-lo no bolso e com igual força legal que de facto teve quando tive de mostrá-lo.

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  2. Face ao anormalmente elevado número de malucos americanos antivacinas, os EUA estão em vias de serem um excelente campo de experiência natural para comparar o Omicron com outras variantes - se com menos elevada taxa de vacinação tiverem resultados idênticos aos das regiões que têm taxas elevadas, saber-se-á que não é só da vacina, que é mesmo da conhecida evolução convergente dos vírus.

    Bom ano, Rita (por todos/as em toda a parte)!

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