sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A ver navios

Os povos da Polinésia, adeptos dos “cultos da carga”, construíam faróis a fingir pensando que assim atrairiam navios carregados de mercadorias.

Em Portugal, também construímos um aeroporto a pensar nos aviões que aterrariam; auto-estradas (sem custos para o utilizador) para os carros que passariam; maternidades para os bebes que nasceriam; parques industriais para empresas que investiriam, etc. Ficámos, quase sempre, a ver navios.

Há quem pense que a solução é fazer mais faróis e os navios acabarão por vir. No fundo, se não estou a ver mal, é isto que anda a pedir a maioria dos fiéis do “culto do crescimento económico”: faróis. É uma questão de fé e, portanto, temos de respeitar.

6 comentários:

  1. Fe. Concordamos em absoluto.
    Presumo portanto entao que tambem concordamos na classificacao da teoria da austeridade expansionaria tambem como fe. :)

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  2. É, de facto, preciso ter fé. Neste momento, ningém pode ter certezas de nada. Não vale é a pena insistir continuar a bater contra uma parede. Devemos tentar aprender com os erros do passado e não repetir receitas comprovadamente falhadas. É preciso experimentar outras soluções, mesmo não tendo a certeza se essas também vão funcionar.

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  3. "Nao repetir receitas comprovadamente falhadas."

    Na mouche, perfeitamente certeiro.
    Presumo portanto que tambem concordamos na classificacao das actuais teorias da austeridade expansionaria como um erro monumental, quase criminoso face a montanha de contra-evidencia historica e e/ou actual disponivel. :)

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  4. A mesma receita aplicada em dois corpos diferentes pode produzir efeitos diferentes. Sendo o corpo uma sociedade ou país, os efeitos tornam-se ainda mais imprevisíveis.

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  5. Treta. Esta afundar-se em metaforas fora da sua area de conhecimento.
    Em farmacologia um efeito uma substancia activa tem gera sempre os mesmos efeitos farmacologicos desde que o principio activo seja o mesmo e o organismo em que actua da mesma especie (e.g. o alcool causa sempre efeitos psicotropicos em humanos).
    O que varia sao os feitos secundarios.
    Nao estamos aqui a falar de efeitos secundarios e sim dos efeitos principais e maioritarios registados na historia economica destas teorias de austeridade expansionista.
    Se quer fugir com o rabo a seringa tem de se esforcar mais. :)

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  6. OK,apanhou-me não percebo nada de medecina nem de farmacologia. Vou tentar pôr as coisas de outra maneira. A maioria das ciências (incluindo a medicina, admitindo que esta é uma ciência) socorre-se do chamado raciocínio indutivo, que parte de determinadas premissas para uma conclusão não comprovada. Um exemplo:
    1.ª premissa - Os primeiros cinncos ovos desta caixa estão podres:
    2.ªpremissa - Todos os ovos têm a mesma data;
    Conclusão (não comprovada) - Portanto o sexto ovo está podre também.
    Há, portanto,uma inferência indutiva, ou seja, introduz-se aqui um conceito de probabilidade, daí se poder considerar a indução um método de fazer previsões plausíveis.
    O Lowlander o que está a fazer é substituir ovo podre por Grécia, a mesma data por austeridade e concluir que Portugal também vai sair podre. Ok, mas é apenas uma probabilidade, não uma fatalidade.

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