quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Cientistas a sério

Estou a ler um post no ExtremeTech acerca de energia negra (dark energy). Segundo o autor, que não tem formação em física, apenas é formado em biologia molecular, nenhum cientista sabe exactamente o que é energia negra, nem como funciona, e a certeza da sua existência é talvez de 99,996%. A certa altura do artigo, diz-se isto:

You’ll notice that there is a lot of speculation in this field, and a lot of wishful thinking. How do we know that dark energy isn’t another of Einstein’s cosmological constants, a fictional concept invented to shore up a failing theory? Why couldn’t dark energy be just another foolhardy attempt to explain away inconvenient observations?

Imediatamente pensei no que dizem acerca dos economistas e da economia não ser uma ciência a sério porque as ciências duras é que têm todas as ferramentas bem identificadas e o progresso no conhecimento é feito com confiança. Agora alguns de vocês irão dizer que o problema é que quem escreveu o post não é físico (muitas pessoas que escrevem sobre economia não são economistas).

Eu gosto muito do Brian Greene, que é especialista em Teoria dos Cordéis (String Theory). Às vezes tenho pena dele pois até me parece que ele anda com o cordel ao pescoço por causa dos resultados do acelerador de partículas. Ouvindo-se o Brian Greene, nesta entrevista de 2011, também se fica com a mesma impressão do post...

Não posso deixar de pensar que esta malta de física até parece a malta de economia: não sabe nada. E parece que até o Einstein se enganou!

18 comentários:

  1. Rita,

    Não sou físico nem cientista.
    Em todo o caso parece-me propositado exagero considerar que "esta malta de física ( ) não sabe nada".
    Um exagero que, no entanto, me sugeriu este comentário.

    A Rita não ignora a celeuma levantada nos EUA acerca da rejeição do ensino da teoria da origem das espécies (evolucionismo) por comunidades norte-americanas criacionistas. Ora os criacionistas, uma vez confrontadas as metáforas bíblicas com as evidências históricas optam agora por construir a sua "ciência" com os "buracos", ainda à espera de preenchimento, na teroria evolucionista.

    Nenhuma ciência, nem mesmo a física, esgotou o filão que persegue. Bem pelo contrário, quanto mais descobre maior é o espanto do que falta descobrir.

    Quanto à economia, enquanto ciência, nasceu anteontem. Gatinha, e dá os tombos normais na infância.
    Espera-se que os economistas a ponham a andar.


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    1. Acho que o Rui não percebeu o tom irónico da coisa... No entanto, a economia não começou anteontem. As primeiras discussões sobre economia datam da antiga Grécia. Aristóteles foi bastante prolífico, mas antes dele já outros tinham abordado o tema.

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    2. Percebi, percebi. Tanto percebi que considerei o exagero propositado.

      Quanto à data de nascimento da ciência económica reconheço sem reservas que a gestação começou há muito mais tempo.

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    3. A propósito,
      leio "A study of studies finds it´s hard to replicate scientific results", aqui

      http://www.washingtonpost.com/news/speaking-of-science/wp/2015/08/27/trouble-in-science-massive-effort-to-reproduce-100-experimental-results-succeeds-only-36-times/

      e fico espantado: Como podem os resultados de um estudo serem considerados científicamente válidos se não podem ser replicados, o mesmo é dizer, comprovados?

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    4. O que quer dizer com cientificamente válidos?
      Se um resultado de um estudo não é replicado, então trata-se de um falso positivo. (Isto, claro, partindo do princípio de que o estudo foi bem feito.)

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    5. Da leitura do artigo retiro (mas admito que menos bem) que as conclusões anunciadas não se reportam à validade dos métodos usados na replicação dos estudos mas à não confirmação dos resultados em muitos casos sujeitos a replicações.

      Um falso positivo, se li correctamente Karl Popper, retira base científica aos resultados obtidos, e consequentemente à teoria deduzida, independentemente da correcção dos métodos utilizados.

      Ou não?
      Se não, o artigo em questão seria redundante, parece-me.


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    6. De acordo, se não é replicável, então os seus resultados não devem ser usados.
      Os falsos positivos são inevitáveis. Quanto mais extraordinário é um resultado maior é a probabilidade de ser um falso positivo. Isto por si não seria um problema se os 'media' não dessem tanto destaque a esses resultados extraordinários. Como por exemplo, há uns meses que deram um destaque do caraças a um estudo que concluía que fazer muito exercício era tão mau como ser obeso, ou uma coisa assim. Obviamente que até ser replicado várias vezes, este estudo não tem relevância nenhuma.

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    7. Porra, fui ler o artigo e vejo coisas como:
      "One experiment that underwent replication had originally showed that students who drank a sugary beverage were better able to make a difficult decision about whether to live in a big apartment far from campus or a smaller one closer to campus."

      "Another experiment had shown, the first time around, that students exposed to a text that undermined their belief in free will were more likely to engage in cheating behavior. The replication, however, showed no such effect."

      É pá, mas não é evidente que estes resultados são uma treta? Ou seja falsos positivos? Faz-me lembrar um estudo que concluía que o ciclo menstrual influenciava o voto da mulheres (democrata vs republicano). Realmente, ver tretas destas publicadas em revistas científicas de prestígio é um pouco assustador.
      Eu diria que ,como regra, até um resultado que insulte o nosso bom senso seja replicado por diversos investigadores, não vale a pena perder o nosso tempo com ele.

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    8. Sem querer abusar da sua pachorra, o que me diz acerca desta notícia,

      "Central Bankers Rethink Views on Inflation"

      aqui

      http://www.wsj.com/articles/central-bankers-rethink-views-on-inflation-1440797448

      ?

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  2. Volto porque publiquei sem lhe perguntar, e tinha essa intenção, o que pensa da projecção que está a ter o misógino "The Trump" como candidato à nomeação republicana num país onde 53% do eleitorado é feminino?
    Aplica-se-lhe o mandamento fadista de que "quanto mais me bates mais gosto de ti"?

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    1. Caro Rui Fonseca, uma pequena correcção: não é "The Trump", é "The Donald"

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    2. Eu adoro o Donald Trump--é mesmo o que o Partido Republicano precisa!

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    3. Rita, eu não acho que o Trump seja o que partido republicano precisa- acho que é o que o partido republicano (infelizmente) É.

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    4. http://prospect.org/article/no-cost-extremism

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  3. Agradeço-lhe Carlos Duarte o seu reparo mas também a minha adaptação foi propositada ... "The Trump" pretende ter uma sugestão mais adequada ao tipo em questão.

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    1. Parece que "tipo" (ou "gajo") é adjectivo mais que suficiente ;)

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  4. Apesar de não estar deslocado, no espírito "liberal" do post, é mais certo chamara a teoria das cordas. Literatura de cordel é muito apreciada , mas a teoria de cordel é uma anedota.

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    1. Eh, eh, a minha primeira reacção também foi essa e estive para manda uma mensagem à Rita para corrigir. Mas a verdade é que esta rapariga não dá ponto sem nó. Se lhe chamou Teoria dos Cordéis por algum motivo foi.

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