quinta-feira, 20 de agosto de 2015

DN e filosofia de jornalismo

Ontem li a resposta do Fernando Alexandre ao artigo que erradamente o citava. Ao fundo da resposta, li a Nota de direcção publicada pelo Diário de Notícias (DN). Não percebi muito bem a posição do DN, nem a filosofia de jornalismo que o jornal segue. Diz a Nota de Direcção:

Nota de direção: O DN procurou ouvir Fernando Alexandre antes de publicar a notícia. Mas este recusou responder em on. As suas respostas teriam evitado o erro quanto à troca da palavra assinalada no presente direito de resposta que teria reduzido a abrangência da notícia, embora - cremos - sem alterar o seu significado, isto é, a aparente contradição entre o depoimento prestado ao MP e os documentos (e-mails) que o mesmo recebeu e que constam do processo.

No DN não falseamos histórias, nem as deturpamos. Pelo menos consciente e voluntariamente. O conhecimento de Fernando Alexandre do processo podia ajudar quanto à verdade dos factos. Durante a última semana, o DN procurou encontrar uma maneira de aprofundar o assunto de modo a clarificar o tema. Não foi possível. Fernando Alexandre não quis responder, apesar de até lhe ter sido proposto que respondesse, por escrito, às questões do DN, o que lamentamos.

Não sou jornalista, mas casei com um jornalista americano e pude observar a forma como os jornais operam nos EUA. Quando o meu marido era "night editor" de um jornal, a última pessoa a ler o jornal antes de este ser impresso, ouvi frequentemente as suas queixas de quando os jornalistas introduziam erros nas histórias e os "copy editors" não eram cuidadosos na verificação do trabalho do jornalista, abrindo as portas ao risco de o jornal ser processado.

Diz o DN que a responsabilidade pelos erros da história é do Fernando Alexandre e da sua decisão de não responder às perguntas do jornal. Quando li isto, fiquei perturbada. A história é baseada num depoimento oficial que existe e ao qual o jornal teve acesso. O erro advém de esse documento ser mal citado por duas formas: desrespeito pelo contexto da citação e transcrição incorrecta da citação. Qualquer pessoa que trabalha no jornal poderia ter corrigido este erro sem precisar de acesso ao Fernando Alexandre, bastava verificar a fonte original da citação. Isto é factual, não está sujeito a interpretação.

Quando eu leio uma história do DN, exactamente o que é que eu devo pensar? Que o jornal tem carta branca para citar erradamente documentos oficiais, especialmente quando os autores da citação não verificam os factos da história? Que o editor do DN não se sente responsável por evitar erros deste tipo no futuro? Que o DN é um jornal que não tem implementado um processo de controle de qualidade?

2 comentários:

  1. Rita
    Deverá ter em conta que o título DN, há anos um jornal com qualidade, ainda antes de surgir a imprensa de referência, hoje está nas mãos de uma seita sem escrúpulos que o utiliza para fins evidentes.
    Os incautos que hoje compram este jornal merecem bem o que lá vem escrito.
    Assim chegámos à ambicionada liberdade de imprensa, grande trunfo do 25/4.

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  2. Cara Rita,
    Não é verdade que o DN não tenha implementado um processo de controle.
    Também não é verdade que o DN tenha qualidade, caro Carlos Conde! Há mais de 25 anos que o DN desconhece tal propriedade. Antes disso desconhecia, eu, o DN (Não creio que circulasse a norte do Mondego).

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