sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Declaração de voto passado

Nestas últimas eleições votei no PS. Li o seu cenário macroeconómico centrista e sensato, comprometido com as regras europeias. Confiei em alguns nomes da sua equipa de economistas, nomeadamente em Manuel Caldeira Cabral (que conheço muito bem pessoalmente, afinal os nossos gabinetes ficam no mesmo corredor) e em Mário Centeno (que apenas conheço academicamente).
Não li nem o programa do BE nem do PCP. O seu discurso tornava verdadeiramente incompatível qualquer possibilidade de acordo com o PS.
Esta minha declaração de voto serve apenas para dizer que não teria votado no PS caso imaginasse possível qualquer coligação ou acordo com o BE+CDU.
Se o PS ao estar a conversar com o PCP e o BE pretende pregar um susto de morte a Cavaco Silva, irritar direitolas, ou, simplesmente, aumentar o seu poder negocial perante a PàF, óptimo. Fazem muito bem e, por favor, continuem. 
Já se estas negociações forem mesmo a sério, então votei no partido errado.

14 comentários:

  1. É um bom esclarecimento. Relembro só que disse não há muito que ia votar PS devido não ao programa económico, mas às medidas sociais...

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    1. Precisamente, por considerar que na parte económica as restrições eram tantas que quer o governo fosse do PS quer fosse da PàF a trajectória seria a mesma.

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  2. Cá para mim, a trajectória sinusoidal do PS com o António Costa como homem do leme(?) já augurava uma declaração de voto passado deste jaez, por estas ou por outras, não?

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    1. Isabel, isso é uma pergunta sem grande resposta possível. Se a Isabel adivinhava este comportamento pós-eleitoral e eu não, então, naturalmente, a Isabel acertou e eu não.

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  3. Julgava-o com uma sensibilidade intelectual mais ajuizada; depois do festival de dança dado pelo Dr. Costa ter demonstardo as suas habilidades era previsível para o mais irracional qual seria o seu (dele) futuro como artista!

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    1. "Julgava-o com uma sensibilidade intelectual mais ajuizada"

      Enganou-se, portanto. Não se preocupe, acontece aos melhores. Forte abraço.

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  4. Brazo pela clareza, Luis. essa é certamente a situação de muitos eleitores. O PS ganhou 200.000 votos face a 2011; podemos assumir que uma fracção substancial tem origem na área da coligação, que perdeu 700.000. Muito provavelmente eles pensam como tu e sentem-se defraudados pelas razões que descreves.

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    1. Não é bem sentir-me defraudado. Os avisos para esta possibilidade foram mais que muitos. Ou seja, posso dizer que me enganei, não que tenha sido enganado.

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  5. A ordem dada pelo PR foi um adorno? Talvez... Só que, não tendo sido recusada, como poderia ter sido, é para cumprir! E cabia a alguém ir informando um pouco melhor, em vez de fingirem que a campanha eleitoral ainda não acabou. Que ingenuidade... Alguém decente vai para uma reunião dizendo que o que vai ouvir entrará por um ouvido e sairá pelo outro?

    A democracia representativa não está bem aprendida em Portugal e o PR fez uso dessa iliteracia inventando uma regra que, num país menos brando, seria recusada de imediato e de modo generalizado. "Passos Coelho", como é seu direito, deixou passar mas, em vez de aplicar-se, vem tentar transferir o ónus para "António Costa"... Este último também poderia ter recusado, ajudando o primeiro a livrar-se do mais que embaraçoso imbróglio. O que, como é seu direito, também não quis fazer. Enfim, psicologia barata, filosofia barata e sociologia barata.

    Aparentemente alguns não notaram que o BE pediu adiamento da reunião com o objectivo de preparar-se tecnicamente para ela e que, entretanto, a CDU, divulgou a sua nova "pastilha Rennie®".

    Porquê, então, seleccionar António Costa como o "homem de palha" da exposição, ele que, nesta sequência é apenas o número 3? - Porque isso convém à propaganda barata a que estamos indevidamente acostumados. Assustaram-se porque, de repente, apareceram dois partidos do "contra" a dizerem-se interessados em governar, um deles comprometendo-se a não votar qualquer moção de censura que, ao longo da legislatura, venha a ter certa autoria?

    Se é para referendar os intervenientes eu reconheço a razão de "António Costa" que, hoje por hoje, não se confunde com as elites indigentes. E, de resto, não vejo interesse nenhum em personalizar tanto.

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  6. Também já me arrependi de ter votado em quem votei. Por exemplo, nunca me passou pela cabeça que o sentido de Estado de Cavaco Silva lhe permitisse, sem remorso, transformar-se num dos principais agentes promotores de instabilidade política, no auge da crise financeira mundial. Acontece.

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  7. e caso seja um governo de PS sem coligação viabilizado por PCP e BE?

    durante a campanha, o PS manteve-se bastante aberto a um diálogo à esquerda e declarou-se peremptoriamente contra um diálogo à direita! fazer o último sem fazer o primeiro seria trair o seu eleitorado!

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    1. Pegando nas palavras de Augusto Santos Silva:
      "1. Se o Bloco se juntar ao PCP na manifestação de disponibilidade para apoiar um Governo formado pelo PS;
      2. Se ambos formalizarem esse apoio por escrito e tendo em conta a próxima legislatura - quer dizer, tornarem claro que não se trata apenas de viabilizar a entrada em funções desse governo, mas sim o essencial da sua governação, no que diz respeito, designadamente, à política orçamental;
      3. Se esses partidos se comprometerem com a viabilização da ação desse governo nas seguintes matérias centrais: a) continuidade da política externa e de defesa; b) satisfação dos compromissos europeus, designadamente quanto a défice inferior a 3% e início do processo de redução da dívida pública; c) política económica dirigida pelo princípio da economia social de mercado; e d) retorno a políticas sociais progressivas;
      4. Então entendo que o PS deve comunicar ao Presidente que está em condições de formar um governo estável, coerente e com apoio parlamentar."

      Isto é mais ou menos como dizer: se o BE e o PCP se comportarem como membros do grupo parlamentar do PS, então sou a favor que o PS assuma o governo, dado que, na prática, terá maioria absoluta.
      Portanto sim, estou com Augusto Santos Silva, se estas condições se verificarem, estou a favor. Tal como sou a favor de não pagar a dívida se os credores não se importarem de nãoa receber.

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    2. O Santos Silva, que já elaborou sobre o tema de uma forma sensata, resolveu, agora, adoptar discorrer sobre o assunto à moda do Lacão. Fico com a impressão que esta gente perdeu faculdades!

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    3. Caro Luís, sobre o tema das sondagens, convém referir que elas foram feitas antes a assinatura desta mixórdia a que se chama acordo. E você é um bom exemplo do impacto que isso poderá ter nas sondagens.

      Sobre as negociações à direita acho que se esquece de um tema importante: com o PSD/PP o Costa não era PM. E só isto bastou ao Costa para não querer negociar com a PaF. O interesse dele não é Portugal. É ele. Só ele.

      Gonçalo

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