segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Não lembrava ao diabo

Pela primeira vez em Portugal tentou-se negar uma vitória de uma coligação que teve mais votos do que qualquer outro dos partidos. Por exemplo, em 2009, não passou pela cabeça de ninguém negar a Sócrates o direito de formar um governo, apesar de ter tido apenas 36%. Também não me lembro de ver um líder tão sorridente e tão bem-disposto depois de uma derrota com sabor a “muitíssimo”. Por momentos, pensei que António Costa se ia pôr aos saltinhos de tanta alegria.

10 comentários:

  1. A explicação para a alegria dos socialistas no final, em contraste com o choro da Ana Gomes antes, é que chegaram a temer a maioria absoluta da coligação. Entretanto os apoiantes de Seguro saíram do Hotel e ficaram só os "costistas", tudos contentes por terem "ganho" por não haver maioria absoluta da coligação. Só não viu quem não quer a quantidade de palermas que o PS tem, a começar pelo seu secretário-geral, que é um verdadeiro cretino. Nem sequer sabe falar. Em termos de manha não fica nada a dever ao Sócrates, a diferença é que não teve tempo, nem poleiro, para roubar tanto.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E muita gente diz que António Costa é o melhor que o PS tem para oferecer. Dá que pensar

      Eliminar
    2. Apesar de tudo acho que não é o melhor que o PS tem, longe disso. Há socialistas que não me causam repulsa, como por exemplo Francisco Assis, Eurico Dias (se calhar por ser do Sporting), Maria de Belém, ou mesmo Álvaro Beleza, até o Seguro. Toda a fulanagem da era Sócrates é de fugir.

      Mas claro, seja quem for do PS não leva o meu voto.

      Eliminar
  2. A coligação foi a única força política relevante que, na realidade, perdeu votos, percentagem e deputados. Só que não chegou. Ignorar isto é puro jogo. E o exemplo de Sócrates de 2009 não inibiu a direita e o Presidente lhe declararem imediata guerra de bota-abaixo do "vale tudo". Como o domínio por direito natural sobre os media pesa, agora mais do que alguma vez nos últimos 41 anos... Porque é perfeitamente da ordem natural das coisas que as TV's generalistas - com audiências que decuplicam as dos canais noticiosos do cabo - sejam coutada exclusiva de comentadores exclusivamente políticos militantes do PSD (nem ao menos o CDS, Senhor!) de pivots reverentes que se entusiasmam com os senhores do governo e apenas sabem fazer o trabalho do governo, cujos argumentos despudoradamente contrapõem aos entrevistados da oposição. Isto ao longo de 4 anos, mas exacerbado desde o dia em que Costa (bem ou mal) se propôs conquistar o lugar de secretário-geral do PS - mas sem que o beato deputado Rangel clamasse por asfixia democrática. É tão só o direito natural dos poderosos a dominar, com mais ou menos rigor, a vida política.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pacheco Pereira, Jorge Coelho, Sousa Tavares, Constança Cunha e Sá, Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix, Francisco Louçã, Fernando Medina, Augusto Santos Silva, Sócrates (até ser preso), assim de repente lembro-me destes comentadores que ficariam até ofendidos (e com razão) se alguém os acusasse de fazer propaganda pelo governo. Se Marques Mendes e Marcelo (não morro de amores por nenhum deles) têm audiências maiores do que os outros de quem é a culpa?

      Eliminar
    2. De todos os que nomeia, só Miguel Sousa Tavares e Sócrates tiveram ( no caso do 1º, continua a ter) acesso a canais generalistas. E quanto a Miguel, a sua intervenção é em moldes bem diferentes dos de Marques Mendes ou Marcelo Rebelo de Sousa, já que os pivots que com ele contracenam tentam, por regra, controlar os danos (nomeadamente com interrupções que ninguém, a não ser Flor Pedroso e Ana Sousa Dias, prontamente postas a andar, pois que nem as prendinhas aceitavam, ousa fazer a Marcelo). Sócrates foi outra coisa, aparentemente plural mas feita a pensar em o torrar (vide intervenções do José Rodrigues dos Santos, perfeitamente pidescas) - e já agora, algum pivot da TV se atreveu até hoje a confrontar Marques Mendes com a imputada intervenção nos alinhamentos do noticiários do tempo dos governos de Cavaco? Peço desculpa, mas a sua resposta pretende iludir toda a diferença de dimensão de audiência entre os canais generalistas e os do cabo, quando já se viu que essa areia me não tapa os olhos. E mesmo dos outros, o que sucedeu a Santos Silva, posto a andar com uma desculpa perfeitamente esfarrapada e com a pobre da Constança, posta no limbo dos "sobe e desce" durante a campanha eleitoral? Sabe, já ando cá há anos mais do que suficientes para não "comer" coisas aparentemente muito normais como a mudança de horário do Sábado às 11 da manhã para a Sexta ao fim da tarde de um programa como o "Bloco Central" da TSF (do tão extremosamente cavaquista Paulo Baldaia) em que ambos os convidados por acaso eram por regra críticos do Governo. Em 40 anos de regime democrático, nunca assisti a eleições tão condicionadas do ponto de vista da comunicação social como as que tivemos ontem. E não foi preciso manobrar para "comprar" qualquer jornal ou estação de televisão. Quem mais tem dinheiro para os criar, comprar e manter senão os donos do dinheiro, daqueles que não gostam nada de pagar salários e por isso pagam quanto menos puderem?...

      Eliminar
  3. Também foi no máximo a segunda vez (desde 76) em que após umas eleições houve sequer a possibilidade matemática de haver uma maioria parlamentar de partidos contíguos no parlamento sem integrar o maior partido, portanto os pontos de observação também não são muitos.

    E escrevo "no máximo" porque em 1985 as paredes estavam cheias de "Soares/Pinto Rua", o Mário Soares foi agredido por mais que prováveis simpatizantes do PCP e o PRD tinha sido criado quase de propósito (juntando esquerdistas e direitistas diversos) para atacar o PS - ou seja, uma coligação PS/PRD/PCP tinha muitos mais anticorpos nos partidos envolvidos que uma PS/BE/PCP atualmente.

    (pode-se questionar é a coêrencia programática dessa hipotética coligação, mas acho que não a sua legitimidade).

    Pondo as coisas de outra maneira - se o Bloco de Esquerda elegesse 100 deputados, o PSD 80 e o CDS 50 (estou a falar de uma eleição hipotética sem coligação pré-eleitoral, e com estes partidos defendendo sensivelmente o mesmo que defendem agora), que governo faria mais sentido ser empossado?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Trata-se de uma questão política e não de uma questão jurídica. Constitucionalmente, até pode ser possível (e, pelos vistos, até é), nas actuais condições, formar-se um governo PS+BE+PCP, mas isso seria politicamente insustentável. O PS está nos antípodas do BE e do PCP, e não é só na questão da Europa. Em relação à hipótese colocada, não seria pelo menos tão chocante do ponto de vista político, De qualquer maneira, penso que o Presidente teria de falar primeiro com o Bloco, porque teria sido quem de facto ganhou as eleições, Na verdade, acho que cairia o Carmo e a Trindade se o Presidente não desse posse a um governo do BE nessas circunstâncias

      Eliminar
  4. Um governo minoritário de esquerda nunca foi colocado em causa pela direita porque nesses casos existiu sempre uma maioria ideológica de esquerda representada nos votos
    Ou alguém imagina que se por acaso o PSD+CDS tivessem tido mais de 50 por cento dos votos mas o mais votado desses partidos tivesse ficado em segundo lugar essa questão não se teria levantado.
    Os resultados mostram que fora os circulos da emigração PSD+CDS= PS+BE
    Eu acho que deveria ser empossado um governo PSD+PS+CDS ou um governo PSD+PS. Um governo minoritário de direita nunca conseguirá cumprir a legislatura e tentará forçar a sua demissão vitimizando-se e atirando a responsabilidade da sua queda para o PS. O PS não deveria fazer qualquer acordo de incidência parlamentar com o governo, se este quisesse ter o seu apoio teria de ser parte integrante nele.

    ResponderEliminar
  5. Mas em alguma ocasião em que um governo minoritário de esquerda foi indigitado existiu uma maioria ideológica de direita representada nos votos. Nunca, por isso isto é uma falsa questão.
    Numa situação dessas a maioria ideológica de direita tentaria impedir a formação de um governo minoritário.
    O problema em Portugal é que a esquerda não se une, caso contrário a direita teria governado muito menos tempo. A direita é muito mais unida que a esquerda.
    O PS nunca deveria aceitar um acordo de incidencia parlamentar com a coligação, se quisessem o seu apoio teria de ser pertencendo ao novo Governo. A coligação tentará a determinado momento da legislatura forçar a demissão e vitimizar-se responsabilizando o PS pela demissão e a ideia de fritar o Governo em lume brando é demasiado arriscada. Um governo PSD+PS ou o programa de Governo rejeitado por um lado haveria um Governo estável por outro o PS acabava de vez com o CDS. Traído pelo PSD devido a uma táctica do PS não saberia onde se situar politicamente.

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.