terça-feira, 8 de março de 2016

Destruição

Deixo-vos aqui o progresso da destruição do edifício ao lado de onde eu trabalho, já retiraram para aí dois terços do mesmo. Estou maravilhada com a ordem das coisas, parece ser bastante organizado o processo. Não posso evitar sonhar acordada e pensar o quão seria bom que aqueles edifícios inacabados há mais de 20 anos, à beira rio, em Coimbra, tivessem o destino deste. Segundo me contaram, o problema desses edifícios surgiu porque o constructor fez andares a mais, que não estavam no projecto aprovado pela Câmara; a obra foi embargada e nunca chegou a ser terminada. Não compreendo como é que a Câmara Municipal permite tal coisa num sítio que devia ser uma zona privilegiada da cidade, pois fica mesmo ao fundo da colina onde está o Jardim Botânico. Para além disso, pergunto-me se não seria um perigo público porque, decerto, há pessoas que vão para lá fazer sabe-se lá o quê.

Penso que haveria soluções preferíveis a esta, como obrigar o construtor a destruir os edifícios, ou, se não houvesse perigo para ninguém, deixar terminar a construção, mas a câmara ficaria com o dinheiro da venda dos apartamentos localizados nos andares que estavam a mais. Uma solução deste tipo retiraria o incentivo que os construtores têm para fazer estas coisas. Não sei se a lei permite, mas julgo que seria a melhor solução para a sociedade. Ficam aqui as fotos que retirei do Google Maps -- é mesmo deprimente ver isto tão perto do Mondego.

2 comentários:

  1. Sem conhecer o caso, o mais provável é andar pelos Tribunais ou a empresa ter falido (e a Câmara não ter dinheiro para a demolição).

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  2. Comungo do seu desagrado. Já uma vez anotei no meu bloco de notas que a minha repulsa por casos destes começou, quando ainda muito jovem, enviei um comentário para o jornal local. Que não foi publicado porque do correspondente esperavam notícias sobre eventos sociais, aquela matéria não era digerível pelos leitores.

    Há milhares de casas degradadas e abandonadas em Portugal, uma grande parte delas mesmo nos maiores centros urbanos.
    Ainda ontem passei por um casarão na Rua de Olivença, Estoril, nas proximidades do Casino, com cerca de 140 metros de frente para o mar. Crescem-lhe heras há décadas pelas paredes acima, todos os vidros estão partidos, o casarão é mais um fantasma de escombros que deveria fazer estremecer o sentido cívico colectivo da gente fina que reside naquela zona. Mas não faz.

    Colocaram-lhe um cartaz enorme em letras tacanhas : "Não está à venda".

    O casarão é apenas um exemplo entre muitos outros escombros fantasmas que recebem os visitantes do Estoril e, mais escancaradamente, de Cascais.

    Que poderia fazer o poder político (o governo central ou local, a assembleia da república) sem gastar dinheiro?
    Intimar o proprietário ou proprietários a vender ou recuperar. Se o não fizesse deveria, em prazo determinado, proceder à venda em hasta pública e entregar o produto da venda, deduzidos os custos da operação, a quem mostrasse ser titular de direitos sobre o imóvel vendido.

    Até que a venda se realizasse todos os prédios degradados e abandonados deveriam ser objecto de tributação agravada a ponto de desanimar fortemente o abandono.

    Mas quem é que nos ouve?

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