sábado, 12 de março de 2016

Discursos

O Primeiro-Ministro canadiano, Justin Trudeau, está a visitar os EUA. O Presidente Obama deu um discurso onde incluiu piadas acerca de os canadianos ainda não terem erguido um muro para manter os americanos fora, como Trump quer fazer com a fronteira com o México. Há uma parte do discurso que fala acerca da visão que ele tem para o mundo, a tal moralidade de que eu já vos falei. Disse ele:

But there is a point to this, though, and that is that we're not here for power. We're not here for fame or fortune. We're here for our kids. We're here for everybody's kids — to give our sons and our daughters a better world. To pass to them a world that's a little safer, and a little more equal, and a little more just, a little more prosperous so that a young person growing up in Chicago or Montreal or on the other side of the world has every opportunity to make of their life what they will, no matter who they are or what they look like, or how they pray or who they love.

Fonte: Discurso de Obama publicado na CBC News

Este tipo de texto num discurso é muito comum nos EUA, mesmo Clinton e JFK, que eram imorais na vida privada, pregavam a tal moralidade supra-pessoal. Agora um de vós vai-me dizer que não são os Presidentes americanos que escrevem os discursos, há uma pessoa por detrás que o faz por eles. É verdade, mas quando vocês visitarem a Livraria Biblioteca Presidencial do Clinton, em Little Rock, AR, e virem as correcções que ele fazia aos discursos -- e ele até tem a mania de improvisar muito e desviar-se dos discursos --, verão que o discurso tem mais a ver com o Presidente do que com o escritor. Até porque há Presidentes, como Obama, que já tiveram mais do que um "speech writer" e ninguém notou a diferença.

9 comentários:

  1. Se milhares de americanos tentassem entrar ilegalmente no Canadá, decerto que os canadianos tomariam medidas. Claro que a ideia do Trump de erguer um muro (com os mexicanos a pagarem, ainda por cima) puxa para o absurdo, mas esse muro seria apenas uma extensão da vedação já existente em boa parta da fronteira americana com o México. Mas a questão básica - graçola do moralista Obama à parte - é: deve ou não um país proteger as suas fronteiras e tentar impedir a imigração ilegal? Há muita imigração legal nos EUA - e há muita gente que espera vários anos até consegui-la, e muitos desses até ressentem a complacência para com os imigrantes ilegais.

    ResponderEliminar
  2. Quanto aos discursos dos presidentes e seus "speechwriters". Há de tudo: Clinton era e Obama é bastante interventivo e assertivo na elaboração dos mesmos. Já Kennedy tinha um famoso "speechwriter" - Ted Sorensen - que até livros por ele escrevia (o famoso "Profiles in Courage" até um Pulitzer ganhou, e vendeu muito bem, até porque Joe Kennedy - o pater familias - tratou de mandar comprar uns milhares - José Sócrates não descobriu a pólvora)). Ronald Reagan também tinha o dom da palavra e já por isso era conhecido antes de ser presidente. Richard Nixon teve três "speechwriters" em simultâneo - Pat Buchanan, William Safire e Ray Price - cujos serviços utilizava conforme o tipo de discuso que pretendia fazer. mas o esboço e grande parte do texto eram deles, como o próprio Buchanan várias vezes tem referido. Mas estes dois últimos presidentes não são "fixes", claro: são republicanos.

    PS Se há quem precise de um "speechwriter" é Hillary Clinton. What a bore!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "mas o esboço e grande parte do texto eram DELE" (de Nixon) - era isto que eu queria escrever.

      Eliminar
  3. Nos EUA a religião ainda não recuou para a esfera individual. É por isso, não é?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Que é isso de a religião "recuar para a esfera individual"? Passar à clandestinidade? O estado americano não é confessional, e a constituição estabelece a separação estado-igreja.

      Suponho que em Portugal a religião já tenha "recuado para a esfera individual". Com grandes vantagens, como se nota.

      Eliminar
    2. Logo direi algo mais caso a Rita, autora do postal, venha a referir-se aos EUA nesta área.

      Eliminar
  4. Já da Hillary não se pode dizer que ela não esteja "here for fame or fortune", embora possa estar pelos seus "kids" (uma só, que até empresta o seu nome à famigerada fundação do ternurento trio).

    ResponderEliminar
  5. Já agora - e perdoe-se-me o preciosismo: não é "Livraria Presidencial do Clinton", mas sim "Biblioteca Presidencial". "Presidential Library", e não "Presidential Bookshop" ! :-)

    Já agora: estará lá em exposição um famoso vestido azul usado por uma não menos famosa estagiária da Casa Branca?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ora essa, não tem nada que pedir desculpa pelo preciosismo. Agradecemos a correcção.

      Eliminar

Não são permitidos comentários anónimos.