quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Valha-nos Jesus Cristo, “que não percebia nada de finanças”

Tinha programado para hoje no Observador um artigo de Natal. O BANIF intrometeu-se, pelo que não pude explicar como eu, ateu esquerdista, vejo Jesus Cristo. Deixo-vos um poema, do meu pai, Cristóvão de Aguiar. Condensa em poucas palavras aquilo que eu teria para dizer em muitas:

Rasguem-se as cortinas do sacrário,
Onde ficou Jesus aprisionado,
Tal como há dois mil anos no Calvário
Pregado num madeiro, ensanguentado...

Era Sua palavra pão sagrado
E o gentio que escutava o Visionário
De tal arte ficou maravilhado
Que O elegeu seu revolucionário...

Depois, o tirano, opressor do povo,
Julgando apagar esse Sol novo
Mandou matar o vate desordeiro...

Crucificaram-no então no Calvário:
– Está agora a ferros num sacrário,
Não vá Ele tornar-se guerrilheiro...
— In Cristóvão de Aguiar, Relação de Bordo I (1964-1988), Campo das Letras

Aos cristãos, desejo um Santo Natal. Aos não crentes e crentes de outras divindades, desejo umas boas festas com os vossos. Aos que nada ligam a esta estação, que consigam desfrutar da paz e harmonia características desta época. Aos que deploram a paz e a harmonia, aguentem com estoicismo: o novo ano está já ao virar da esquina.

3 comentários:

  1. Esta sua análise no "Observador" sobre mais este escândalo banqueiro e o recorrente assalto dos políticos aos nossos bolsos não poderia ser mais clara.
    Tão clara que não pode deixar de reacender no leitor um impulso de revolta.
    Revolta inconsequente que se acumula na montureira das nossas frustações colectivas.

    Mas ... abaixo as lamentações!

    Para si e para os seus os meus melhores votos de
    muita alegria,
    boa disposição,
    boas notícias,
    resumindo, tudo óptimo, agora, em 2016, e sempre!

    Com amizade do
    Rui Fonseca

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  2. Muito bom. Uma vénia ao senhor seu pai. E Boas Festas (gosto muito deste cumprimento que dá para tudo).

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  3. Identifico-me com o sentimento geral do artigo.

    Mas em relação à protecção dos depósitos, o LA-C diz que uma família consegue facilmente proteger milhões de euros usado 10 bancos e vários titulares. Há 10 bancos independentes a operar em Portugal?

    Mas mais interessante IMO que as famílias são as empresas, que sem grandes dificuldades movimentam montantes dessa ordem de grandeza. Como é que uma empresa protege a sua tesouraria? Como é que o fazem no EUA, onde o limite são $250k e é mais comum bancos falirem (talvez a Rita possa ajudar?) Como é que se evita ser apanhado na situação de ficar com as dívidas ao banco, e sem a tesouraria que financia a operação para as pagar?

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