domingo, 18 de abril de 2021

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O relato do meu 16 de Abril está atrasado quase 24 horas porque aconteceram muitas coisas engraçadas e cheguei ao fim do dia e ainda as não tinha processado mentalmente e estava bastante cansada para tentar. As manhãs das minhas Sextas-feiras são bastante preenchidas com reuniões e ontem não foi excepção. Como planeei tirar a tarde de folga, adiantei algumas coisas e fiz uma lista de tarefas pendentes para a próximas semana, que estou a planear também ser abreviada. Agendei tomar a segunda dose de vacina Pfizer na Quarta-feira de tarde e gostaria de tirar o resto de semana de férias, caso tenha uma reacção mais forte à vacina. Também quero descansar para permitir que o meu corpo se adapte sem o stress do trabalho.  

Para o jantar de ontem, tinha combinado sair com um amigo e irmos a um pub. Quase em cima da hora, diz-me que vai chegar atrasado, mas eu já estava de saída. Fui na mesma e como cheguei antes, aproveitei para dar uma volta por East Memphis para ver as azáleas e os cornizos em flor. Os cornizos são uma das minhas árvores preferidas e aprecio sempre esta altura do ano. Já as azáleas não morro de amor, mas que é impressionante ver tantos arbustos em flor, é. A zona residencial de East Memphis é mesmo das mais bonitas que já vi, especialmente nesta altura do ano.

Lá cheguei ao pub, depois das 18 horas, mas népia do meu amigo. Ainda pensei em não ficar porque quando eu era jovem, a minha mãe dizia sempre que não era de menina de bem ir a cafés e bares sozinha. Depois irritei-me comigo mesma por sequer ter estes pensamentos, dado que nem tenho aspirações, nem idade, de ser uma menina de bem. Então fiquei no pátio, pedi umas "potato skins" para o jantar (são batatas cozidas com casca a que se tira a parte do centro da batata e depois levam queijo ralado, bacon, e vão ao forno. Servem-se com sour cream; também costumam levar cebolinho em chifonnade, mas aquelas não tinham) e um copo de Pinot Noir, só que o moço não ouviu o Noir e trouxe-me Grigio ou Gris, nem sei. Bebi na mesma e nem o chamei à atenção. Até nem sou uma pessoa muito difícil.

Enquanto comia e bebia, reli dois capítulos de The Portrait of a Lady e observei os preparativos da banda para o concerto das 20h. A banda tocou numa sala que dava para o pátio e que tinha três janelas enormes que abriam tal qual portas de garagem para o pátio. Do sítio do pátio onde eu estava, dava para ver o palco, mas estava também um bocado afastada do tráfego dos clientes que entravam e saiam.

A certa altura, um dos clientes que estavam na sala veio para o meu canto fumar e começou a conversar comigo. Perguntou-me se estava sozinha e eu disse que estava à espera de um amigo, que se tinha atrasado. Explicou que estava com amigos e apontou para uma mesa com outros. Um dos seus amigos era estilista de cabelo, um dos melhores do país, até fazia shows e eu tinha mesmo de o conhecer e tinha de ir ter com ele para ele me arranjar o cabelo. Por acaso, ontem o meu cabelo até estava arranjado porque sequei-o com o Dyson Airwrap e a textura ficou boa; mas confesso que não tenho paciência para arranjar o meu cabelo e muitas vezes nem o seco. Aliás, comprei o Dyson mesmo para ver se desenvolvia um complexo de culpa por ter gastado $500 e assim o arranjava mais frequentemente. Acho que também me falta o gene da culpa porque continuo preguiçosa.

Então o M. lá chama o Z. para se vir apresentar a mim e me falar do que faz com cabelos. O Z. estava um bocado constrangido porque tinha bebido e achava que não estava no seu melhor, mas lá me perguntou o que eu fazia e explicou-me que tenta conhecer os clientes para ver o que pretendem porque o que essencialmente faz é fazer as pessoas sentirem-se bem quando ele trabalha com elas. Essa parte eu já tinha reparado que os estilistas de cabelo americanos que são homens são muito melhores do que as mulheres e prestam uma atenção e um detalhe ao trabalho que fazem que uma pessoa sai de lá e acha que é milionária porque se sente tão bem.

Já não me lembro se foi o Z. ou o M. que me convidou para me sentar com eles na mesma mesa, mas lá mudei de galho. Na mesa também estava um outro rapaz, o Jamie. Começámos a conversar e o M. estava muito decepcionado que o meu amigo não tivesse aparecido. Dizia que era crime deixar uma mulher como eu à espera. A maior parte dos homens americanos nesta parte do país são muito atenciosos, deferentes, cuidadosos até, com as mulheres. É um comportamento bastante discreto e nada agressivo. Bem sei que quem lê as notícias vê falar-se muito dos mal comportados, mas esses não são a regra.

O M., que estava sentado à minha esquerda, decidiu levantar-se e ir para o outro lado da mesa para eu ficar ao pé do Jamie, com quem conversei bastante, pois ambos gostamos de números e análise. Fiquei a saber de montes de pormenores da vida do rapaz e a certa altura dei-lhe o meu número de telefone, já nem sei porquê. À medida que a noite corria e a banda tocava, o M.e o Z. recolheram-se e fiquei a saber do porquê desta reunião: há um ano, a mãe do Z. faleceu e ele estava a sentir-se deprimido, então tinha combinado com a namorada ir ao pub. Os outros apareceram para apoiá-lo e animá-lo. A namorada acabou por não ir porque ficou detida no trabalho com uma cliente. Enquanto eu conversava com o J., o Z. envia uma mensagem ao J. a perguntar se já me tinha pedido o número de telefone.

Enfim, foi tudo muito engraçado: a forma como os três tinham uma amizade tão antiga e se apoiavam uns aos outros. Todos muito preocupados com o bem-estar dos amigos.  É saudável ver amizades assim. Nada nestes três era indicativo da toxicidade masculina de que falam tanto hoje em dia.          

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