sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Sobre o consolo

Estava na cama, a ler uma crítica sobre o livro "On Consolation", quando a minha vizinha me telefonou a ver se eu podia ir consolar a mãe dela. Está com pneumonia e doi-lhe o corpo todo. Ontem, quando decorávamos a vizinhança com bandeiras para o Veteran's Day, eu tinha falado com o marido acerca de um livro que li há bastantes anos chamado "How we die" e onde se falava de como, à medida que envelhecemos, o nosso coração fica mais fraco e não esvazia tão eficazmente o sangue dos pulmões e acabamos por ter pneumonias. Quando falei disto, ainda não sabíamos que a sogra estava com uma.

Procurei uns sapatos, enfiei o robe, e lá fui. Não sei o que tenho, mas a minha presença acalma-a e ficou bastante mais serena depois de eu chegar. Por vezes, olhava para mim longamente, meia-distante, mas também como se quisesse dizer algo, só que quando lhe perguntava o que era, respondia que não era nada. Eu acho que era tudo, é o tudo. Ela parece pressentir que não vai viver muito mais tempo e está à espera de se ir.

Na televisão passava um filme com a Doris Day e o Rock Hudson, que terminámos de ver. Para a relaxar e ver se adormecia, apagámos a luz alguns minutos antes do filme terminar. Assim foi e eu vim-me embora.

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