segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Trick or treat!

Vi que o Presidente da Republica parece estar inclinado para agendar as eleições para depois do Natal. Acho bem e melhor seria se entretanto fizessem uma campanha para dinamizar o eleitorado, emigrantes incluídos, a votar. Marcelo tinha falado nisso quando andava a fazer campanha, mas ainda não vi medidas concretas. É uma vergonha que os portugueses não participem mais activamente nas eleições, quando todos os anos estão sempre prontos a celebrar o 25 de Abril; mas tenho de confessar o mea culpa porque, neste momento, tanto o meu passaporte, como o cartão de cidadão estão ambos fora de prazo--talvez o meu estado natural. Se não tivessemos a pandemia, já teria ido a Washington D.C. regularizar. Vou enviar um email ao consulado para ver se dá para tratar do assunto pelo correio.

Hoje é Halloween, a véspera do Dia de Todos os Santos, ou All Hallows Eve, e o fim-de-semana foi animado. Para a festa de ontem e as doçuras e travessuras de hoje, vesti-me de espanhola porque foi a única coisa que me veio à cabeça assim de repente e tinha quase tudo no meu roupeiro. Só faltava uma flor para o cabelo, mas depois de ir ao Walmart e ao Target e não ter encontrado o que queria, tive a sorte de passar por uma loja especializada em coisas para o cabelo das mulheres negras e vi uma mola com flores vermelhas e pintas brancas, o que combinava bem com o meu vestido. Como passei na loja mesmo na altura de fechar, o rapaz ofereceu-me a mola para o cabelo porque não se quis estar a chatear com o pagamento. Um dos meus vizinhos vestiu-se com um fato branco e uma peruca aos caracóis, penso que com a intenção de ser o John Travolta, mas quem ele parecia mesmo era o Marco Paulo e mostrei-lhe fotos e expliquei-lhe quem era. Achei super-engraçado. Durante a festa fiquei a saber do outro vizinho, que é gerente de uma loja, que estão a haver muitos roubos de mercadoria à luz do dia. Há pessoas que vão "às compras", enchem o carrinho e saem porta fora, sem que nada lhes aconteça. Mesmo quando o gerente lhes pergunta se vão pagar, os ladrões são honestos e dizem que não. As lojas têm medo que possa haver violência que leve a má publicidade ou a processos em tribunal, logo os gerentes não fazem nada por indicação da sede central. É uma situação que é transversal ao tipo de público das lojas: tanto acontece em lojas de luxo, como nas mais económicas. Lentamente, muitos estabelecimentos, inclusive mercearias e supermercados, estão a fechar nas zonas mais pobres, onde o problema é mais agudo. Os americanos ajustam o inventário com base na situação socio-económica da área geográfica da loja, logo as zonas menos afluentes têm produtos com menor margem de lucro, o que não permite absorver os custos dos roubos, por isso a estratégia preferida é a de fechar a loja. Mas não é a única razão, pois o mercado de trabalho nos EUA está muito apertado e é muito difícil encontrar empregados para trabalhar durante os turnos de dia. Apesar da pressão para os salários aumentarem, ainda há muita gente que prefere não trabalhar no comércio a retalho. A normalização pós-pandemia é um termo impróprio. Tanto a economia, como as pessoas mudaram bastante e é impossível regressar ao que se era. O melhor a fazer é identificar as inovações que aconteceram e ajustarmo-nos.

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