terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Dear Paul Krugman

PK: Não fiz o tipo de trabalhos de casa que gostaria de ter feito. Mas diria para procurarem formas - agora que estão a sair do resgate têm alguma margem orçamental - espaço para gastar, procurem bons investimentos. Para se preocuparem com as pessoas. Agora é o momento para pensar em investir no futuro, não apenas na necessidade de confortar os investidores ao mostrar a dor que conseguimos infligir. O espaço é limitado, mas tem de se fazer algo. Há pelo menos um pequeno espaço, usem essa margem de forma correcta, para pensar no futuro e não apenas para se defenderem dos ataques dos mercados.

Fonte: RTP

Dear Paul Krugman,

Yes, you are correct: you should've done your homework before giving advice on something you don't know. But you're in Lisbon, so all it takes is for you to look around and really see Portugal.

Does it not strike you odd that a country that is poorer than the U.S. has a better health system? It also has at least one empty brand new airport, not to mention pretty fabulous roads and highways. I live in Houston and I have never seen worst roads than these. The Houston roads surrounding West University Place, the fourth wealthiest zip code in the U.S., are full of potholes and patches. It is estimated that the poor road conditions cost Houston residents an average of $1850/year -- that's over three months worth of minimum wages in Portugal. And Houston has people moving into it every single day because it has low unemployment and good job opportunities, despite having thousands of illegal immigrants.

Did you notice that while the U.S. increased its public debt fighting a war abroad, while lowering taxes, Portugal increased its public debt on a public works binge, while increasing taxes? By the way, the strike in the Lisbon Port, where workers have low productivity, has caused Maersk to move its business to the ports in Leixões and Sines; Leixões is near capacity. Do you think the government should expand the Leixões port, so that the Lisbon port can remain empty for the union strikers? Maybe the workers' union in the Lisbon port could do like the unions did in NUMMI, California, and hire some prostitutes for the workers. Maybe that's what it takes to increase productivity...

Portugal does not need to spend more money: it has better infrastructure than the U.S. and it does not work as well as the US. It needs better laws, a more efficient and independent justice system, cheaper tolls and fewer restrictions on highway access, less bureaucracy, and a government that is not corrupt and is willing to stop bullying the taxpayers and catering to the very rich and interest groups.

You don't need money to fix that -- you need political will!

Best,

Rita from Houston

P.S. If you swing by Houston, come see me. I'll give you a guided tour of my favorite potholes.

15 comentários:

  1. Muito bem, Rita.
    Esqueceste-te de linkar o blogue do Paul. Se te diriges a ele, tens de lhe dar um link. É uma questão cortesia bloguística.

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  2. Eu não posso ter opinião, por não ter o seu conhecimento. Mas como estou farta de ver toda a gente a reverenciar o Krugman, e não perceber que ele ultimamente faz mais política que economia, gostei de ver que a Rita tem alguns reparos para lhe fazer. E só agora percebi porque é que a Maersk saíu do porto de Lisboa. A nosso maravilhosa imprensa genérica achou que não era assunto que me pudesse interessar. Obrigada, Rita.
    Maria Teresa Mónica

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  3. I couldn't have said it better myself. Well done! :)

    PS - Pelo seu relato, até parece que as estradas de Houston são como as de Punta Cana...

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    1. As estradas aqui são horríveis e até Memphis, que é uma cidade muito mais pobre, tem melhores estradas.

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    2. O individualismo no Texas é levado a um tal extremo que poucos se preocupam com os "common goods", nesse caso as estradas. Isto numa zona de alto rendimento disponível, até pelo petróleo barato, e por isso imagino que o parque automóvel deve ser fabuloso. A América é mesmo um país único.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. «...
    procurem bons investimentos. Para se preocuparem com as pessoas. Agora é o momento para pensar em investir no futuro. ... O espaço é limitado, mas tem de se fazer algo ... e não apenas para se defenderem dos ataques dos mercados. »

    Pelos vistos, Krugman não sabe bem o que disse. Nem muitos outros de lá e de cá, principalmente quando alguém lhes faz ver, de modo concludente, o que NÃO são os mercados financeiros...

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  6. Rita, antes de implicar ou discordar contigo: estás a assumir que o investimento a que ele se refere diz respeito apenas a obras públicas, ou achas que a opinião dele é disparatada indepentendemente do tipo de despesa em questão? ;)

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    1. Parte 1.
      André, ele tem uma grande preferência por gastos públicos em infraestrutura e apoio social. Para lhe dar algum crédito, ele refere que têm de ser coisas que tenham um retorno, o que implicaria que o estado fizesse uma análise custo-benefício, o que é uma coisa comum nos EUA. Ou não se faz em Portugal ou, quando se faz, é muito mal feita porque os pressupostos usados não correspondem à realidade, correspondem a valores que são necessários para chegar à conclusão que os políticos querem. Alguns exemplos: aumentar o salário mínimo tem um custo potencial que claramente excede os benefícios, mas há vontade política de o fazer; muitos dos estudos que foram usados para justificar auto-estradas tinham pressupostos totalmente desfasados da realidade.
      Este ano, Mário Centeno referiu, numa entrevista à Oje, dois estudos que foram feitos recentemente acerca da Segurança Social: um da Comissão Europeia que teve a participação do Ministério das Finanças, outro da Segurança Social, e os dois estudos não batiam certo. Como é que se usam uns pressupostos num lado e pressupostos diferentes no outro? Será que era porque um ia para Bruxelas, outro era para consumo doméstico?
      Em Portugal, o único investimento público que faria sentido seria o de recolher e gerir melhor informação e tinhas de ter um sector público e privado que soubesse usar essa informação. Até agora isso é feito especialmente “bem” pelo Ministério das Finanças, mas no processo arrelia os contribuintes ou violam a sua privacidade. Esse investimento deve ser feito, mas não é uma coisa cujo retorno depende de existência de dados suficientes, pessoas qualificadas para usar a análise, e vontade política.
      Por exemplo, o caso que foi revelado a semana passada em que o antigo director do Fisco disse que havia informação acerca de pessoas de altos rendimentos e que pagavam pouco em impostos. O estado gastou dinheiro a recolher e a analisar os dados e o que é que ia ser feito para gerar retorno? Nada. Ou seja, não houve vontade política para usar os dados. Talvez agora com o esforço da Mariana Mortágua isso mude, mas se mudar foi o resultado de um acaso—o de ter sido revelado numa entrevista; não foi porque houvesse intenção.

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    2. Parte 2.
      Julgo que na Justiça poderias fazer a mesma coisa: recolher e usar a informação melhor e fazer ajustamentos no sistema, mas não há vontade política para o fazer. Devia haver objectivos concretos para a justiça: reduzir os atrasos nos processos, reduzir o número de erros processuais, etc. Tu percebes isso melhor do que eu e tens muito mais noção de onde estão as falhas.
      Na educação, os partidos que apoiam o governo já deram indicação que o ideal seria desfazer tudo o que o governo anterior fez, ora o governo anterior fez más e boas coisas, pelo menos devia manter-se as boas. Se tudo for ao ar, qual o retorno do investimento anterior? Nenhum. E nota que o nosso Cândido já disse que nunca Portugal teve tantos dados na área da educação.

      Qual o custo de oportunidade de desfazer o que se fez ou de desperdiçar esta oportunidade em gestão de informação? Enorme porque como o Krugman referiu a situação demográfica do país é tal que o país vai entrar em espiral recessiva--eu acho que até já está, é por isso que eu faço a campanha de natalidade--, logo tem de minar os dados e identificar melhores formas de gastar o dinheiro. Mário Centeno também defendia isso antes de ir para o governo, mas tu não estás a ver nada na actuação actual do governo que indique que isso irá ser feito.
      No que respeita à infra-estrutura física, tens a situação em que o próprio governo encarece, ou permite o encarecimento, ou restringe o acesso à infraestrutura física através de portagens altas e restrições de uso a camiões, por exemplo, ou de meter medo aos utilizadores. O caso das SCUT é escandaloso porque o próprio estado assedia os utilizadores; às vezes até assedia quem nunca usou o serviço para pagar as taxas e multas etc. Ou tens a acção de sindicatos que impedem o uso da infraestrutura física através de greves. Se tu não tens previsibilidade de uso e é muito caro, as pessoas vão evitar usar e o investimento gera menor retorno para a sociedade.
      Em termos de investir mais em betão, que é o que os governos gostam de fazer, não tens neste momento fábricas e movimentação de pessoas e mercadoria suficiente para justificar muito mais investimento físico, especialmente porque o investimento é escolhido por razões políticas e não por verdadeira necessidade ou uma estratégia global da economia portuguesa e até europeia.
      Enquanto tu não mudares a vontade política, os meios de fiscalização oficiais, etc. não vale a pena gastar dinheiro porque ele vai ser mal usado. Achas que hoje temos melhor controle de corrupção que tínhamos há cinco anos?
      Não vale a pena meter mais água num balde que está todo furado. Primeiro remendem o balde—essa deveria ser a prioridade.

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  7. Dear Rita,

    I'm a keen reader of your posts. Love the crossover between your passion for US culture and your strong cultivated Portuguese roots. Also, you are a great writer.

    Nonetheless, trying to present the US as an example of what a society should be defeats most of which I've enjoyed of your writings.

    The reason why the US does have terrible roads and does not sustain a universal health system (don't even get me started about medicare or it's followings) it's because US is a shameful big spender when it comes to war. Yes US citizens are deprived of true social solidarity (which, in their brainwashed minds means communism) for the sake of "opening" new markets with a vicious recurring usage of war as a toolbox. This is not a acceptable! I can only expect that intelligent people like you is to do better that preaching bullshit!

    MG

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    1. I think you missed the entire purpose of the post. Portugal already has fairly good physical infrastructure; it does not need to spend more money building infrastructure if it does not use what it has. There are places in the US that have bad infrastructure and manage to grow. That was the point.

      Regarding the US spending money on war, that's what I said in the post. Portugal went bankrupt building infrastructure, so much so, that much of it has very little return, just like Fernando Alexandre has mentioned in this blog.

      There is absolutely no evidence that Portugal can grow if is follows Krugman's recipe alone. Portugal needs a more efficient Justice system, less bureaucracy, and to improve how it allocates resources. And it needs a thriving private sector. Those are the priorities--those are also things that the US does better than Portugal.

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    2. I don't think I've missed the point. The comparison is a subject of your post.
      I do agree with you on Krugman missing the point.

      Apologies for the late follow up.

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