Um blogue de tip@s que percebem montes de Economia, Estatística, História, Filosofia, Cinema, Roupa Interior Feminina, Literatura, Laser Alexandrite, Religião, Pontes, Educação, Direito e Constituições. Numa palavra, holísticos.
A relação dos EUA com as armas e, mais a montante, com a sua Constituição é algo que me deixa sempre francamente espantado.
A Constituição dos EUA é um documento importante, é (em termos gerais) um muito bom documento, mas foi escrito há 228 anos. Não me parece que quem a tenha redigido (e que, logo de seguida, escreveu mais uns anexos e alterações) considerasse que aquilo era um texto de inspiração divina, mas os americanos (em termos gerais) acham que sim. A ideia que não se pode limitar a posse de armas porque está "previsto na Constituição" (não está, já agora, está numa adenda) obrigaria ao regresso da lei seca (18ª adenda).
Da mesma maneira que a Lei Seca foi constitucionalmente implementada (18ª) e repelida (21ª), podiam perfeitamente alterar (para clarificação) o direito à posse de armas, de forma a regressar a mesma ao seu formato inicial: a posse de armas é permitida em termos de uma MÍLICIA BEM ORGANIZADA para defesa dos estados. Isso já existe - chama-se Guarda Nacional e, tanto quanto sei, usam armas. O resto, que comprem fisgas.
Sim, mas alterar a Constituição será perfeitamente irrelevante. Há tantas armas nos EUA que os americanos nunca as entregariam. Tem de se pensar numa solução mais pragmática.
Não é pacífica, mesmo nos meios legais, essa interpretação minimalista do texto da segunda emenda.
Deixo aqui um link para um interessante texto sobre a matéria:
«I, for one, have been persuaded that the term "militia" did not have the limited reference that Professor Cress and many modern legal analysts assign to it. There is strong evidence that "militia" refers to all of the people, or least all of those treated as full citizens of the community.»
O problema das fisgas é que os criminosos nunca a elas se limitarão, como se vê em Portugal, onde as regras de uso e posse de arma são bastante rígidas mas onde o crime com uso de armas de fogo quase se tonou vulgar.
A Califórnia tem das leis mais rigorosas em matéria de controlo de posse de armas, na realidade leis semelhantes às que os democratas agora dizem defender mas que, quando detiveram maiorias nas duas câmaras do Congresso nos primeiros dois anos dos mandatos de Barack Obama, nunca puseram em prática.
De qualquer modo, toda a evidência aponta para um atentado terrorista, e não para um dos muitos e lamentáveis actos perpetrados por psicopatas a que temos assistido.
Outra coisa: quando há um atentado terrorista islâmico, logo uma enorme coorte vem a público avisar-nos e informar-nos que tais actos nada têm a ver com o Islão, o qual será, segundo esses teólogos, uma religião de paz.
Pelo contrário, quando se dá um destes horríveis tiroteios, imediatamente os mesmos (ou outros parecidos) lançam uma espécie de anátema sobre todos aqueles que possuem armas nos EUA. Ninguém os ouve a dizer: "não confundamos estes criminosos ou psicpotas com a esmagadora maioria dos americanos pacíficos que têm armas em casa".
Bom, definitivamente, quer-me parecer que a teoria do "tolinho americano" tem de ser posta de parte, bem como as divagações sobre a segunda emenda constitucional...:
«IED-making tools, Boston Bomber-style explosives and 4,500 bullets: The arsenal inside the home of the San Bernardino terror couple(...)»
A relação dos EUA com as armas e, mais a montante, com a sua Constituição é algo que me deixa sempre francamente espantado.
ResponderEliminarA Constituição dos EUA é um documento importante, é (em termos gerais) um muito bom documento, mas foi escrito há 228 anos. Não me parece que quem a tenha redigido (e que, logo de seguida, escreveu mais uns anexos e alterações) considerasse que aquilo era um texto de inspiração divina, mas os americanos (em termos gerais) acham que sim. A ideia que não se pode limitar a posse de armas porque está "previsto na Constituição" (não está, já agora, está numa adenda) obrigaria ao regresso da lei seca (18ª adenda).
Da mesma maneira que a Lei Seca foi constitucionalmente implementada (18ª) e repelida (21ª), podiam perfeitamente alterar (para clarificação) o direito à posse de armas, de forma a regressar a mesma ao seu formato inicial: a posse de armas é permitida em termos de uma MÍLICIA BEM ORGANIZADA para defesa dos estados. Isso já existe - chama-se Guarda Nacional e, tanto quanto sei, usam armas. O resto, que comprem fisgas.
Sim, mas alterar a Constituição será perfeitamente irrelevante. Há tantas armas nos EUA que os americanos nunca as entregariam. Tem de se pensar numa solução mais pragmática.
EliminarNão é pacífica, mesmo nos meios legais, essa interpretação minimalista do texto da segunda emenda.
EliminarDeixo aqui um link para um interessante texto sobre a matéria:
«I, for one, have been persuaded that the term "militia" did not have the limited reference that Professor Cress and many modern legal analysts assign to it. There is strong evidence that "militia" refers to all of the people, or least all of those treated as full citizens of the community.»
http://www.constitution.org/mil/embar2nd.htm
O problema das fisgas é que os criminosos nunca a elas se limitarão, como se vê em Portugal, onde as regras de uso e posse de arma são bastante rígidas mas onde o crime com uso de armas de fogo quase se tonou vulgar.
EliminarA Califórnia tem das leis mais rigorosas em matéria de controlo de posse de armas, na realidade leis semelhantes às que os democratas agora dizem defender mas que, quando detiveram maiorias nas duas câmaras do Congresso nos primeiros dois anos dos mandatos de Barack Obama, nunca puseram em prática.
ResponderEliminarDe qualquer modo, toda a evidência aponta para um atentado terrorista, e não para um dos muitos e lamentáveis actos perpetrados por psicopatas a que temos assistido.
E o título do New York Post também é lamentável.
por engano apaguei um comentário de Alexandre Burmester que dizia:
Eliminar"Correcção: Daily News, obviamente."
Obrigado pela ressalva, meu caro.
EliminarOutra coisa: quando há um atentado terrorista islâmico, logo uma enorme coorte vem a público avisar-nos e informar-nos que tais actos nada têm a ver com o Islão, o qual será, segundo esses teólogos, uma religião de paz.
ResponderEliminarPelo contrário, quando se dá um destes horríveis tiroteios, imediatamente os mesmos (ou outros parecidos) lançam uma espécie de anátema sobre todos aqueles que possuem armas nos EUA. Ninguém os ouve a dizer: "não confundamos estes criminosos ou psicpotas com a esmagadora maioria dos americanos pacíficos que têm armas em casa".
Go figure!
Olha, este é tudo--é a lei dos grandes números: eventualmente, haveria um tolinho americano e muçulmano a cometer estes actos.
EliminarEstá engraçado mas por provar, Rita.
EliminarBom, definitivamente, quer-me parecer que a teoria do "tolinho americano" tem de ser posta de parte, bem como as divagações sobre a segunda emenda constitucional...:
ResponderEliminar«IED-making tools, Boston Bomber-style explosives and 4,500 bullets: The arsenal inside the home of the San Bernardino terror couple(...)»
Read more: http://www.dailymail.co.uk/news/article-3345021/Twelve-pipe-bombs-4-500-bullets-tools-making-explosives-police-home-San-Bernardino-suspects-design-bomb-used-Boston-bombers.html#ixzz3tJ6MJuwG