terça-feira, 12 de maio de 2015

Espionagem

Recebi no Domingo um SMS de uma das minhas melhores amigas. Dizia ela, "I am in Portugal now. Going through EU embassies' open house." Estava a visitar a embaixada de Portugal em Washington, D.C.,porque as embaixadas da UE estavam a ter uma "open house". Eu disse-lhe para depois me dizer se a trataram bem e que esperava que lhe oferecessem vinho. Eu tenho espiões em todo o lado! Depois conversei com ela ao telefone e ela deu-me o relatório: gostou de "visitar Portugal", tinham vinho e tinham comida, mas eram pedaços pequenos. Pela descrição, parecia-me que eram quartos de mini-pastéis de nata, mas não tenho a certeza. Havia uma exposição de trajes femininos, uma pessoa que falava com os visitantes, e mostraram um vídeo. Quando a Larysa me falou do vídeo, disse "Sabes, eu não preciso de sair de casa para ver um vídeo." Estão a ver porque é que eu a adoro?

Contou-me também das outras embaixadas. Os italianos foram mal-educados, os ingleses tinham garrafas de água e ofereciam flash-drives, o que agradou muito à Larysa, que é uma pessoa muito pragmática. A Estónia tinha uma pessoa a fiar lã e ela achou isso muito interessante porque é uma experiência à qual nós, que vivemos na cidade, não temos fácil acesso. Para a próxima acho que Portugal deveria ter alguém a pintar cerâmica, a fazer bordados e/ou tecelagem, cestaria, sapatos em pele de ovelha, etc. A minha mãe ofereceu-me uma toalha tecida à mão por uma senhora em Portugal que vendia de porta em porta. Sempre que eu mostro a toalha a alguém aqui, as pessoas ficam encantadas. O mesmo acontece com o tapete de Arraiolos que eu bordei, as louças portuguesas que tenho lá em casa, etc. E que tal oferecer garrafas de Água das Pedras ou do Luso?

Em Junho vou a D.C. porque a Larysa chateou-me tanto, tanto para a ir visitar. Já anda há anos a chatear-me. Quando ela estava na Florida, fui lá passar uma semana com ela e, numa das tardes, ela levou-me a Miami para eu poder ver o meu Oceano Atlântico. Foi nesse dia que eu percebi porque é que não gosto muito do Golfo do México. O Atlântico é mais rebelde e, ao longe, há manchas de espuma brancas nas pequenas ondas. A cor do Atlântico, aquele azul profundo, é, para mim, uma das coisas mais bonitas que eu vi. Fomos à praia numa ilha, não me recordo o nome, onde tomámos banho e foi uma experiência que me fez super-feliz. Tenho um arrependimento dessa viagem: a Larysa queria que eu fosse passar um dia a Key West e eu não fui. Ela achou que era um desperdício de oportunidade não ir porque eu estava tão perto. Ela tinha razão.

Após ela mudar-se para Los Angeles, começou a chatear-me novamente. Eu já fui a LA várias vezes e há apenas duas coisas de que gosto lá: o J. Paul Getty Museum e Mulholland Dr. Sim, gosto de Mulholland Dr. porque é também o meu filme preferido de David Lynch. Não gosto do Oceano Pacífico, apesar de ser um bom programa na rádio em Portugal. "Hollywood is overrated"--aquilo é pequeno, parece muito mais grandioso num écran do que na vida real. O Rodeo Dr. também não me atrai muito. Venice Beach não é uma praia muito luminosa. Enfim, sou muito esquisita. Prefiro S. Francisco ou Las Vegas; mas a minha cidade preferida nos EUA é Nova Orleães porque é lá que, na minha opinião, se encontra a melhor comida nos EUA. Como Los Angeles não me atraía, eu adiei a minha visita muito e um dia a Larysa diz-me que está em Washington, DC. O marido arranjou um emprego na Federal Communications Commission.

Quando eu disse à Larysa que estava a comprar o bilhete para ir a D.C.--fiz a transacção enquanto conversava com ela--, ela perguntou-me onde eu queria ir e eu respondi imediatamente "Lalibela". Não, não vou visitar a Etiópia. Lalibela, para além de ser a cidade mais santa da Etiópia, é também um dos melhores restaurantes de comida etíope na capital dos EUA. Eu adoro a comida deles e foi uma das coisas que eu mais gostei quando fui lá da última vez. Ela disse-me logo que queria ir comer comida de Portugal comigo e o nosso plano é ir ao Tavira. Por falar em Tavira, disse-lhe que iria a Portugal este verão e ela imediatamente me disse que queria que eu comprasse algo para ela. É como que ela quisesse estar em Portugal e, não podendo ir comigo, quisesse que um pedaço do meu tempo em Portugal fosse ocupado a fazer algo para ela. Ainda não pensei no que lhe irei trazer, mas quando eu estiver aí, eu saberei...

5 comentários:

  1. Eu acho muito bonita a filigrana de Viana e os bordados da madeira. Mas de certeza que a Rita deve conhecer muitas coisas ainda mais originais. Fico com a curiosidade de saber o que irá escolher e que depois partilhe isso com os leitores do blogue.

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  2. Estou mesmo impressionado. Também gosto muito de Nova Orleães, embora nunca lá tenha ido, e do Mulholland Drive, embora nunca o tenha entendido. De resto, acho que a embaixada portuguesa não devia dar uma imagem errada de Portugal. Aqui a comida é sempre muita. Quando fores a Washington lembra-lhes. É que há sempre coisas que saem desta chafarica que me impressionam.

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    1. Dá muito jeito porque eu acabei de comprar uma impressora, logo podia impressionar-te ainda mais, ó caramelo. Olha que, em Nova Orleães, as pralines são de comer e chorar por mais. Eu dispenso o choro, quero apenas comer! E eu levo-te a Mulholland Dr. e dou-te uma visita guiada e explicada--eu sou uma explicadora e pêras...

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  3. Gostei imenso de Washington. Foi a cidade que mais superou as minhas expectativas nos EUA.
    Eu tinha expectativas elevadas sobre Boston, NY, Chicago, São Francisco, e corresponderam, mas sobre Washington não sabia muito bem o que esperar e gostei muito. A cidade está com imensa vida (dizem que no passado não tinha tanta vida e animação), tem muita vida cultural, tem muitas coisas interessantes à sua volta, tem bairros diferentes com diferentes ambientes, tem muitos bairros em que há uns anos não se podia entrar e de que hoje não apetece sair. Gostei muito de lá estar. Claro está que foi principalmente pelos bons amigos que lá tenho. Mas a cidade ajudou e deixou muito boa impressão das vezes que lá estive em visitas curtas de uma semana, e também da vez em que estive lá dois meses e deu para viver alguma rotina da vida da capital dos EUA. Espero que gostes.
    Nunca fui a New Orleans, estava no trajecto inicial do meu coast to coast, mas depois a escala dos EUA impôs-se e o trajecto foi mudando. Mas um dia destes lá irei...

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