quinta-feira, 14 de maio de 2015

Se a esquerda não fizer o que tem a fazer, a direita fará o que quiser

Está na altura de a esquerda deixar o estado de negação relativamente a sistemas de capitalização para financiar a Segurança Social. Porque com a actual demografia, a não ser que se abram as fronteiras, um sistema de capitalização é inevitável. E, sendo inevitável, se não for a esquerda a fazê-lo será a direita. E é fácil imaginar o que acontece num e noutro caso.

Num sistema montado pelo PS, cada geração descontará para si mesma. Mas, mesmo que se abandone alguma solidariedade intergeracional, dentro da mesma geração haverá transferência dos mais ricos para os mais pobres. Ou seja, manter-se-á a redistribuição intrageracional.


Um sistema de capitalização promovido pelo PSD/CDS será um sistema em que se assegura um mínimo para todos, via Estado, e o que for acima disso será conseguido à custa de aplicações privadas no sistema financeiro. Ou seja, cada um descontará para si e estamos a falar da uma privatização da Segurança Social


Em suma, se a esquerda não fizer o que tem a fazer, quando chegar a sua vez, a direita fará o que quiser.

4 comentários:

  1. com a actual demografia, a não ser que se abram as fronteiras, um sistema de capitalização é inevitável

    E o sistema de capitalização resolverá o problema?

    Eu tenho dúvidas de que tal seja possível, e gostaria de obter indicações fortes nesse sentido.

    Pode o LA-C fornecer-mas?

    É que, para melhor está bem está bem, para pior já basta assim...

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    1. Luís, a minha paciência para lhe responder foi-se.

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    2. E no entanto, a objecção do LL é pertinente.

      Um sistema de capitalização por si só não "cria valor", apenas permite que o valor pode ser atribuído mais diretamente a quem descontou (se for construído nesse sentido). Da mesma forma um sistema de redistribuição não "desperdiça valor", apenas torna a ligação entre a contribuição e a pensão mais remota.

      É perfeitamente possível transformar "no papel" o sistema actual num sistema de capitalização: basta o governo emitir tanta divida quantas o VAL do total das obrigações do sistema para os correntes membros do sistema, e atribuir esse valor a gerir ao IGSS ou similar. Isto resolve o problema? Não, apenas torna a questão das liabilities do mesmo visiveis.

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    3. O meu problema com o LL não tem a ver com esta objecção tem a ver com eu achar que é um tipo sem qualquer capacidade de empatia.
      Um sistema de capitalização cria valor porque cria poupança que é investida.
      Um sistema de capitalização não pode servir para comprar obrigações do próprio país. Isso não seria mais do que um sistema de repartição com outra contabilidade.

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