segunda-feira, 11 de maio de 2015

Virgem aos 60 anos

Em entrevista ao “Expresso”, no passado sábado, Vítor Bento resumiu bem o problema da candidatura de Sampaio da Nóvoa: a presidência da república não é o local ideal para se perder a virgindade política.
Como é evidente, não está em questão o direito do senhor se candidatar a Presidente. Preenche os requisitos legais e, por isso, está à vontade. O que não se compreende é um partido como o PS  apoiar um lírico, como tudo indica. É, sem dúvida, mais um sinal de degradação do regime, como escreveu há dias o Vasco Pulido Valente.

15 comentários:

  1. Só sei que quando penso nos políticos não me dá vontade de ter uma conversa com nenhum deles. Há um grande problema em Portugal: os políticos que têm experiência não são intelectualmente competentes; quem é intelectualmente competente, não tem experiência. É uma grande chatice...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E acho que as coisas podem piorar. Imagina o Marco António (não sei se conheces, mas é o homem que manda no PSD) como primeiro-ministro. Por favor, não se riam, que isto é sério.

      Eliminar
    2. Eu no liceu tive como colega um indivíduo (que recentemente aliás apareceu nas notícias, não pelos melhores motivos), que era bastante bom aluno, e que dizia que queria ser político de profissão. E foi mesmo. Era um tipo altaneiro, até um bocado arrogante, com a mania das espertezas e das grandezas.
      Isto só para dizer à Rita que os defeitos dos políticos são coisa que já vem de trás. Já se topam mesmo quando novos.

      Eliminar
    3. Quase por definição, alguém que quer ser político terá a mania das grandezas.

      Eliminar
  2. Caro José Carlos Alexandre:
    É muito interessante analisar uma certa maneira bem portuguesa de ver as coisas.
    Quanto aos partidos, estão velhos e relhos, com eles não só não se conta para regenerar a vida política como é mesmo necessário afastá-los um pouco de cena, injectando «sangue novo não contaminado». De preferência de fora do sistema. Esta é uma ideia bastante generalizada.
    Mas quando aparece alguém de fora desse sistema corrompido, faz-se-lhe um ataque cerrado, na maior parte das vezes não contra as suas ideias mas contra a sua pessoa.
    E às vezes não só não se conhece essa pessoa muito menos o que fez; e nem se tem uma vaga ideia sobre o que poderá ser capaz de fazer.
    Quanto a ter-se socorrido de Vítor Bento, e ao que disse sobre o candidato, esse senhor é o exemplo típico do moralista sem moral para criticar quem quer que seja, senão, veja.
    À pergunta na entrevista: «Não acha que uma das falhas estruturais está nas próprias elites?»
    A sua referência, o moralista Vítor Bento, que dá frequentemente lições de moral aos outros, respondeu: «Sim, tenho repetido essa tese muitas vezes. Temos um problema de elites. Precisamente porque as nossas elites se habituaram a ser rendistas»
    Os jornalistas deviam ter-lhe, de imediato, perguntado por que razão, acreditando ele nas elites não rendistas, nas quais se deve incluir, e também na iniciativa privada, por isso esteve 14 anos numa empresa privada, a SIBS, pediu ao BdP que lhe fosse contado o tempo de serviço para efeitos de progressão na categoria dentro do banco: pretensão de imediato satisfeita, pois os amigos são para as ocasiões.
    E porque razão agora, com uma reforma choruda «não rendista» do BdP, lhe criaram um lugar de topo na gestão da SIBS, lugar que não existia, onde acumulará mais outro chorudo ordenado à sua não menos choruda reforma.
    Isto num país onde a miséria dos que vivem acima das suas possibilidades, isto é, com reformas entre 200 e 500 euros, é gritante e generalizada.
    E deviam ter-lhe feito mais outra pergunta a seguir: por que razão as pessoas, em geral, ganham tão pouco (porque a economia não é desenvolvida e competitiva, diria ele) mas as elites que gerem essa economia débil e pouco competitiva ganham acima da média europeia (para esses a tal economia já é desenvolvida e competitiva)?
    Portanto, numa coisa Vítor Bento tem razão: no novo tacho criado, à sua medida, na SIBS, não irá ele perder a virgindade na defesa dos seus interesses verdadeiramente interesseiros.
    Não tardará e a SIBS, agora com mais aquela cabeça pensante, não virgem na matéria, retomará a suprema aspiração a que todos nós paguemos uma taxa por cada movimento no Multibanco.
    O Vasco Santana dizia: Chapéus há muitos, seu palerma. E direi, virgens há muitas, seu Vítor Bento.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Bom comentário. E eu acrescentaria que a própria SIBS na qual Vítor Bento trabalha, embora seja uma empresa privada, é também uma empresa rendista, na medida em que não tem concorrência no mercado.

      Eliminar
  3. à partida eu não me parece que a experiência política seja assim tão relevante para um cargo como o de PR. Acaba por ser uma função bastante passiva exceto em casos extremos. Até me arrisco a dizer que pelas funções exercidas, o facto de não ter um passado político ligado a nenhum partido é bem capaz de ser uma mais valia.

    ResponderEliminar
  4. Eu acho o contrário de Vítor Bento: a presidência da república é o lugar ideal para se perder a virgindade política. Porque o presidente da república não tem, no sistema constitucional português, quaisquer poderes efetivos (a não ser o de dissolver o parlamento, coisa que rarissimamente terá ensejo de fazer). O presidente da república em Portugal não serve para nada, a não ser para botar uns discursos totalmente inócuos, pelo que pode perfeitamente estar lá uma qualquer virgem.

    ResponderEliminar
  5. Tenho de confessar que às vezes me rio com os comentários do Luís Lavoura, acho-lhe piada, foi este o caso. Achei piada à forma, mas discordo do conteúdo. Não acho que o Presidente da República seja uma figura meramente decorativa; se às vezes assim parece, isso tem a ver com a interpretação que tem sido dada dos poderes do Presidente pelos inquilinos de Belém. De qualquer maneira, o Presidente é uma espécie de última garantia de estabilidade do regime e para isso convém que lá esteja alguém que os portugueses conheçam e que saibam com o que podem contar, é nesse sentido que tendo a concordar com o Vítor Bento. O presidente da República é como a saúde: só quando nos falha é que sentimos a sua importância. É demasiado arriscado passar cheques em branco a alguém que não conhecemos e que, pelo que se tem visto, é um lírico.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Nós não conhecemos ninguém, não se deixe iludir pelos meios de comunicação social. Tanto está a passar um cheque em branco ao Sampaio da Nóvoa que tem uma experiência profissional válida e CV internacional, como ao professor Marcelo que muda de ideias a cada 5 minutos. Aliás acho que caso o prof Marcelo venha a ser presidente mais depressa lhe está a passar um cheque em branco do que ao Sampaio da Nóvoa.

      Limitar a pool de candidatos aos comentadores televisivos porque lhes "conhecemos" o pensamente, parece-me um princípio muito prejudicial à democracia e dá demasiado poder aos "balsemões" desta vida...

      Eliminar
    2. Em relação ao Marcelo, estou consigo. Uma vez até escrevi um post a dizer que não devíamos votar em comentadores televisivos. Há qualquer coisa de intrigante e de estranho no facto das (poucas) figuras com algum prestígio do PS não se quererem chegar à frente. Por exemplo, acho o Jaime Gama um excelente candidato com uma longa carreira e provas dadas. Acho que o que se está a passar não é bom sinal.

      Eliminar
    3. Porque acha que alguém ligado a um partido seria um melhor presidente do que alguém com um currículo válido mas sem experiência no exercício de cargos políticos?
      Do ponto de vista teórico, do espírito da lei, penso que um candidato a PR não deveria estar ligado a nenhum partido político, penso que é obrigatória a suspensão da filiação partidária durante o mandato. Na prática os últimos presidentes têm sido antigos primeiros ministros ou presidentes de grandes autarquias ligados aos maiores partidos mas será que isso foi realmente positivo? Na sua opinião quais os riscos de eleger alguém como Sampaio da Nóvoa ou qualquer outro independente sem experiência política?

      Eliminar
    4. Acho perigoso eleger um independente para Presidente porque isto não está para brincadeiras e, sobretudo, em situações de crise precisamos de alguém reliable, alguém previsível e confiável, de forma a que saibamos com o que podemos contar. Além disso, oslíderes não nascem de um dia para o outro, é preciso um longo processo de aprendizagem. A Presidência não é o melhor lugar para dar os primeiros passos na política. Na presidência, não deve estar um aprendiz mas alguém com experiência e respeitado politicamente, Só assim o Presidente será ouvido e levado a sério. Se quer que lhe diga, começo até a defender o presidencialismo para Portugal, porque os partidos estão desacreditados e não conseguem dar a volta a isto, estão amarrados a demasiados interesses. Mas isso era outra conversa.

      Eliminar
  6. Sobre virgens em política tenho pouca ou nenhuma opinião. Mas - relembrando um post do Zé Carlos no domingo - preferia não ter em Belém nem um virgem nem um que levasse virgens para o palácio. Como diria alguém do blogue, precisamos de políticos que andem bem fodidos.

    ResponderEliminar
  7. Nuno Amaral Jerónimo:
    «que levasse virgens para o palácio»
    Mas em que mundo vive?
    Hoje, virgens, só até aos 13 ou 14 anos.
    A levar para lá essas, seria pedofilia.
    A não ser que se esteja, ironicamente, a referir-se ao Santana Flopes e ao seu muito falado flirt com a Torloni, mas a virgindade dessa só se for na raiz dos cabelos, na ponta dos ditos duvido que a encontrasse.

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.