quinta-feira, 10 de março de 2016

Chuva

Hoje acordei e, lá fora, chovia e trovejava. Há dois dias desejei tempo assim, precisava de uma pequena tempestade para recalibrar a alma. Infelizmente, esta tempestade não foi pequena e causou, e causará, estragos e algumas pessoas pereceram; isso não desejei. De manhã, dei uma vista ao Tumblr e encontrei um poema de Raymond Carver que achei tão, mas tão perfeito para hoje e para como eu me sinto. Chama-se "Rain" e até foi lido no "The Writer's Almanac", um programa diário de rádio, que é curtinho, mas enche a alma. Fica aqui o poema e o link para o programa onde foi lido está aqui.

Woke up this morning with
a terrific urge to lie in bed all day
and read. Fought against it for a minute.

Then looked out the window at the rain.
And gave over. Put myself entirely
in the keep of this rainy morning.

Would I live my life over again?
Make the same unforgiveable mistakes?
Yes, given half a chance. Yes.

~ Raymond Carver

2 comentários:

  1. Chove uma chuva, miudinha
    E tu, gelada e franzininha
    Estendes a mão, magrinha
    A quem passa por ali, tão sozinha.

    Tão pequena e já tão sofredora
    Mas forte, sobre pernas finas de tesoura
    Que sustentam a amargura devoradora
    De um destino feroz e sem tutora.

    Não choras, nem foges pelo caminho,
    Que os astros misturaram no cadinho
    Sem que à massa juntem algum carinho
    O calor de um abraço, ou um beijinho.

    É essa a vida que tu levas...
    E que quase em segredo, guardas
    Sob as dores que te ferem como espadas
    Nos cartões onde dormes, nas arcadas.

    Sonhas com a luz ténue do Sol, ao acordar
    Mas é a chuva miudinha que te vai beijar
    E a fome, sempre pronta para te recordar,
    Que nasce mais um dia de penar.

    Chove, chove sempre para ti!
    E a cor do teu dia, é sempre igual.
    No vale profundo onde habitas,
    O destino fora do mundo, de ti se ri!
    Todos te olham sem te ver, és banal.
    Enquanto por dentro, morres e gritas.

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  2. Gostei! Gosto de pensar em chuva como beijos. Quando esperava pelo corpo da minha mãe na morgue, fiquei na rua e chovia. Foi reconfortante essa chuva.

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