Porque é que eu me sujeitei a tantos anos de escola? Não havia razão nenhuma. Devia ter feito apenas a escolaridade mínima e seria feliz para o resto da minha vida. Tantos anos sem exames que eu desperdicei!
Não sei como é que irei sobreviver a ter um doutoramento e um salário de seis dígitos depois de saber isto. Onde é que eu me dirijo para processar o estado português?
Este ano não veremos as crianças de 9 anos a entrar assustadas para exames de que não precisam. Que a escola seja um pouco mais feliz.
— Catarina Martins (@catarina_mart) November 27, 2015
A Rita fez exames no 4º ano de escolaridade? Quando frequentei este nível de ensino já estes tinham sido abolidos. Na minha opinião faz sentido a existência de exames de acesso ao Ensino Superior para minimizar discrepancias de notas entre diferentes estabelecimentos de ensino e dessa forma não se torna necessária a realização de provas de ingresso por parte de diferentes faculdades que levaria a que os alunos muitas vezes fizessem essas provas para mais do que uma faculdade. Com a quantidade de disciplinas que têm, a quantidade de testes que fazem não vejo a mais valia de um exame a realizar no final do ano. Minto, a única mais valia seria até mais do ponto de vista dos professores que seria a de garantir que eles cumprissem o programa. Eu fiz centenas de testes e exames ao longo dos anos, a maior parte dos quais eram autenticos exercicios de memorização, não me parece que este seja o método mais adequado para se avaliar alguém, o objetivo devia passar por assegurar que o estudante compreendeu a matéria e isso podia ser feito com um teste de escolha múltipla que obriga a um estudo, mas sem se chegar ao ponto de ter de decorar tópico por tópico para ter uma ótima classificação. A meu ver isto não é nada, ao fim de dois dias já tinha esquecido quase tudo enquanto que um estudo da mesma matéria, mas sem essa preocupação de decorar levaria a que mais conceitos ficassem retidos nem que fossem de forma superficial. Entre ficar um pouco e não ficar nada, julgo que é preferível ficar um pouco. O exame vem também contrariar a lógica da avaliação contínua, não faz muito sentido alguém frequentar 3 anos de escolaridade (10º ao 12º) e no fim isso valer a mesma coisa que um exame de 150 minutos, aliás o exame existe para compensar uma falha do sistema, um horário comum e testes comuns a todas as disciplinas no país e este problema dos exames de acesso ao Ensino Superior nem se colocaria. Deixem as crianças brincarem no tempo que é de brincar, e não me parece que fazer exames no 4º ano seja estar a preparar a criança para o ambiente de competição quando chegar a adulto, tudo tem um tempo e antecipar o tempo das coisas, na maior parte dos casos não gera bons resultados.
ResponderEliminarEu não sei (nem fui ver - é de manhã e tenho que fazer) se os actuais/ex exames do 4º ano são apenas para efeitos diagnóstico do sistema ("prova de aferição", i.e. os resultados "não contam") ou se influem a passagem de ano. Neste ponto específico, sou algo ambivalente e não me chocava que apenas fossem para efeito de aferição. No entanto, parecem-me francamente importantes.
ResponderEliminarO Alberto Silva (comentário anterior) está redondamente errado: quem vê ou tem crianças nesta idade sabe que o "ambiente de competição" já existe: seja em jogos (ou vai-se proibir jogos à bola onde uma equipa possa ganhar?), troca de cromos ou mesmo nas picardias verbais. Mais, os miúdos, como parte da "avaliação contínua" já são... avaliados. Têm certos e errados, suficientes e insuficientes. O exame não deveria ser nada de extraordinário, a menos que se faça dele um bicho-papão.
As provas de aferição são muito importantes porque permitem detectar desequílibrios no sistema (escolas com resultados manifestamente desviados da média - quer para cima, quer para baixo) ou deficiências de aprendizagem correlacionadas com factores exogéneos à escola (tipo de família, estatudo sócio-económico, distância ao estabelecimento de ensino). Isto permitiria (trabalho que infelizmente não tem sido feito) dirigir recursos para onde estes são mais precisos e/ou eficazes, em vez de se continuar uma política "one-size-fits-all" e de aplicação às cegas.
Os exames que foram abolidos valiam 30% na nota final. Concordo com o Carlos Duarte, Os exames podiam ter ficado apenas como provas de aferição do sistema, para detectar as tais falhas e corrigi-las. Mas não me choca que deixem de valer para a nota final. Acho um erro abolir pura e simplesmente as provas, sem discussão pública, sem um balanço dos resultados do que existia. O novo ministro da educação não foi tido nem achado, como sublinhava o LAC algures. Acho lamentável a forma como tudo isto foi feito.
EliminarEstas crianças daqui a 9 anos votam bloco, as meninas do bloco não dão ponto sem nó.
ResponderEliminarTinha lido o apontamento e os comentários e concluído que não tinha nada a acrescentar: para mim a decisão de voltar à abolição dos exames é a opção pelo caminho mais curto para continuar a atrasar o conhecimento dos jovens portugueses daquele que é seguido pelos jovens dos países com quem têm de continuar a competir no futuro. Com os chineses, p.e.
ResponderEliminarMas depois li isto - Así es como Einstein educó a su hijo - aqui
http://elpais.com/elpais/2015/11/27/buenavida/1448617645_282674.html
e pareceu-me interessante submete-lo à vossa apreciação.
Note-se que a descendência de Einstein não parece confirmar bons resultados da intenção do pai.
Do grande cientista, dizia o seu filho Hans Albert, “"Provavelmente o único projeto do qual ele desistiu fui eu. Tentou dar-me conselhos, mas logo descobriu que eu era cabeça-dura demais e que estava apenas a peder tempo comigo."
Teve mais dois filhos: Lieserl, que morreu com um ano de idade, e
Eduard sofria do esquizofrenia.
Acho que a maioria das ideias sobre educação do Einstein são óptimas para educar génios. Tenho dúvidas que sejam eficazes para pessoas médias, como somos quase todos.
EliminarPegando no comentário do JCA, suspeito que um dos problemas das teorias da educação é que as pessoas que gostam de aprender e de estudar estão de certeza sobre-representadas entre as pessoas que gostam de elaborar teorias (seja sobre educação, sobre a origem dos ciclos económicos ou sobre as implicações da constância da velocidade da luz), pelo que talvez tendam a elaborar essas teorias assumindo que o individuo típico é como eles.
EliminarJá agora, pegando no Einstein e divagando um pouco (ou bastante), esses dois grupos ("pessoas que gostam de aprender e estudar" e "pessoas que elaboram teorias"), além de um grande intersecção entre si), se calhar também têm alguma intersecção com o grupo "parentes próximos de pessoas com esquizofrenia" (penso que há um ou outro estudo que apontam para aí), mas isto já é entrar em terreno muito movediço.
Uma coisa que suspeito é que grande parte (talvez a maior parte?) das pessoas que se pronunciam sobre a questão, seja a favor ou contra, não tiveram exames na escola primária (eu pelo menos não tive); reconheço que talvez esteja a cair na falácia do ad hominen, mas ainda não li ou ouvi nenhum dos defensores dos exames que não os tiveram na primária dizerem abertamente que se consideram o produto de um sistema de ensino facilitista.
ResponderEliminarJulgo que quando eu fiz a quarta classe havia uma prova qualquer, não se chamava exame. Acima de tudo, é irresponsável equacionar felicidade com ausência de exames. Até porque os filhos dos ricos são sujeitados a muitos exames voluntariamente.
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