No Cinema do Campo Alegre está em exibição a “Trilogia das Cores”, do realizador polaco Krzysztof Kieslowski, inspirado no “bleu-blanc-rouge” da bandeira francesa, a que o autor associa a tríade “liberdade-igualdade-fraternidade”.
Ontem foi dia de “Azul”, associado à liberdade, onde a experiência anterior do realizador como documentarista é clara e inequívoca. Planos sequenciais brilhantes, o rigor do tempo certo, os jogos entre as sombras, a imagem de um médico na retina de Binoche, magnífica na película. A sequência final assombrosa onde se entretecem vida, morte, desalento, esperança.
Um verdadeiro hino à vida, à reconversão, à questão de saber até onde somos ou não capazes de perdoar traições, mentiras, vidas duplas, falsidades que, na verdade, nem sempre são tão malignas.
O recomeço de uma vida marcada profundamente pela tragédia, a capacidade de nos reinventarmos, ainda que seja em virtude de um simples candeeiro com pedras de vidro azul. A liberdade de escolha de nada fazer como profissão ou de, através desse “nada”, mudar radicalmente a nossa vida e a de todos quantos tocamos.
Fica-se embargado com este “Azul”. As lágrimas acorrem aos olhos, mesmo em momentos de subtil ironia e sorriso, como sempre acontece nas situações-limite. E com uma banda sonora arrepiante, por poder bem ser a banda sonora da vida de cada um de nós.
Nunca vi nenhum dos filmes. Grande falha minha, eu sei...
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