sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Só os burros é que não mudam

Durante a última campanha eleitoral, Jerónimo de Sousa citou várias vezes Mário Soares: “Só os burros é que não mudam”. Segundo o líder comunista, esta frase havia servido para justificar todas as mudanças de posição dos troca-tintas ou vira-casacas. Mas eles, os comunistas, não; eles, orgulhosamente, não mudam. Mantêm-se fiéis aos seus princípios de sempre. Não se deixam ir pelos ares do tempo. Mesmo com este tipo de proclamações, com este assumir claro de fidelidade absoluta aos seus velhos dogmas, há quem acredite que o PCP mudou ou que o genial Costa pode domar os comunistas. O pior cego é o que não quer ver.

2 comentários:

  1. Acho que o lema dos comunistas deve ser "antes asno que me carregue do que cavalo que me derrube"...

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  2. Se calhar desde que o Comintern escolheu Carlos Rates em vez de José de Sousa para a liderança que o PCP foi um partido todo virado para (pelo menos quando não têm o jogo todo na mão) as alianças e compromissos (veja-se que as autarquias deste país estão cheias, tanto de "maiorias de esquerda" como do clássico "vodka-com-laranja"), logo será bom sinal para a estabilidade governamental que o PCP não mude.

    E se estamos a falar do que é a ortodoxia comunista, a tal a que o PCP continua alegadamente fiel, relembro que na França de 1936, na Espanha de 36-37 e no Chile de Allende, era o PS e a "esquerda alternativa" (trotskistas, anarquistas, "católicos de esquerda", "guevaristas", etc., conforme o momento e o lugar) que andavam a apoiar greves e ocupações e era o PC que fazia apelos à calma e à ordem (quando logo após a vitória da Frente Popular em 36 e a vaga de greves que lhe seguiu um dirigente da ala esquerda do PS escreveu um artigo dizendo que tudo era possível, foi Georges Marchais que respondeu com um artigo intitulado "Nem tudo é possível")

    Se calhar se há algo a recear (do ponto de vista da estabilidade) é exatamente que o PC tenha mudando e tenha perdido a cultura de "partido de poder" que derivava de ser fundamentalmente a célula local de um partido que governava para aí metade da humanidade, e já tenha nestas últimas décadas desde 1989 começado a interiorizar hábitos de "partido de oposição" com o radicalismo e eventual "aventureirismo" que por vezes vêm associados a isso.

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