domingo, 6 de março de 2016

O Santander...

Parece que €1,8 mil milhões é o número preferido do Santander. Foi a quantia que o Governo PS pediu emprestado ao banco para recapitalizar o Banif e é também a quantia que o estado português terá de pagar ao Santander por causa das swaps. Recordo-me de o nosso ilustre Primeiro Ministro Costa ter dito, a propósito da TAP, que os privados não deveriam pensar que os contratos que eram feitos com o estado português não poderiam ser quebrados. Mas, o que mais me faz urticária é o seguinte: gostaria que o governo PS me explicasse porque é que quando vendeu o Banif ao Santander a preço da chuva não exigiu como contrapartida que o Santander desistisse do caso das swaps. Porque é que não lutou mais para salvaguardar os interesses dos contribuintes? Porque é que deu o Banif de mão beijada de forma a que nem tenha demorado um mês para o Santander ter lucro no negócio?

JM: And you mentioned Bear Stearns and WaMu. Which was worse, between the two?

JD: We got a lot of excellent people and businesses from Bear and WaMu. But Bear definitely was more painful. WaMu got us into Florida, California, and other states, which was a huge benefit—to expand and grow and add middle-market, private banking, investment banking, and other products, too. But Bear, I mean, that was a huge amount of work. We had 1,000 people working around the clock for six months, selling and hedging securities in a rough market and merging all the systems and people. I mean, people worked.

And we got great people, as I said. I don’t want anyone from Bear Stearns to say, “Jamie hates Bear.” No, some of the best people in this company came from Bear. But, boy, we’ve paid a price that’s way beyond anything I could have imagined. I would say up to $20 billion in total. The additional costs have been so high at this point, and the damage to our reputation—in hindsight, we made a mistake agreeing to do it. This company would have had a lot less reputational damage if we weren’t involved in those two deals, even though we value our people and did them at the urging of our government.

Fonte: Bloomberg, 2016

Naquela entrevista do Jamie Dimon à Bloomberg que vos recomendei, ele fala de como o JP Morgan fez um péssimo negócio ao concordar em comprar Washington Mutual e Bear Stearns durante a crise financeira. Foi duro absorver as perdas dessas duas entidades, e danificou a reputação do JP Morgan Chase, mas depois diz que foi feito a pedido do governo americano -- foi pelo bem dos EUA, os interesses nacionais sobrepuseram-se aos interesses privados. Portugal, reduzido a bancos estrangeiros, nunca estará numa situação dessas. Nunca nenhum banco se irá sacrificar pelo país; pelo contrário, os contribuintes portugueses serão sempre sacrificados a favor de bancos estrangeiros.

3 comentários:

  1. Algo vai mal no reino dos Swaps. Se o negócio corre bem para o lado do emitente, este cobra e pronto (Santander). Se o negócio corre mal, o emitente tem que ser socorrido pelo Estado para segurar uma cascata de falências que rebenta com tudo (AIG). Pelo meio fica a produção de litigância para evitar pagar coberturas assumidas (Novobanco/BES). Em lugar de ferramenta de gestão de risco são, demasiadas vezes, um factor de agravamento do risco.

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    1. Depende do contrato negociado. Uma swap é um instrumento de gestão de risco, mas quem os celebra tem de ter uma boa ideia dos riscos que corre e de como os encurralar. Estes contratos pecam porque presumiram que o único risco era o de taxas de juro mais altas. Devia ter havido uma cláusula de escape caso as taxas de juro baixassem.

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  2. Santander, queria chegar acordo com Maria Luís por 350 milhões mas ela não aceitou e agora a factura vai chegar a casa dos Portugueses no valor de mil e quinhentos milhões de euros. Só de pensar nesses valores fico com Urticária

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