quinta-feira, 3 de março de 2016

Populismo e desfaçatez

A propósito da entrevista de Mariana Mortágua ao Público:

Um exemplo de populismo:

"Enquanto os orçamentos continuarem a repor salários e pensões, enquanto travar a austeridade e o empobrecimento, há condições políticas para apoiar este orçamento e os próximos, se eles forem no mesmo sentido. Essa é a única linha que nos pode orientar. Tudo o resto seriam critérios arbitrários que mudariam consoante o interesse."

Despesas com pessoal e prestações sociais são 65% da despesa total do Estado. Só vão poder aumentar se a economia voltar a crescer - lembro que salários e pensões pararam de crescer precisamente quando a economia parou de crescer, em 2001 (situação apenas alterada em anos de eleições). Dado que não vejo medidas, da parte do Estado, que mudem as condições que nos levaram à estagnação nos últimos 15 anos, esta entrevista da Mariana Mortágua é quase um anúncio de uma crise política para breve (sem qualquer responsabilidade do BE, como é evidente). 

Um exemplo de desfaçatez:

"Este Governo permitiu oxigenar a nossa democracia."

Dado que Maria Mortágua estuda economia, comparar as condições de governação no período da troika com as condições actuais é de uma enorme desfaçatez. 


4 comentários:

  1. Ando deveras incomodada com a miopia económica da Mariana Mortágua. Não sei como é que alguém com uma licenciatura em economia não percebe que redistribuição do rendimento não gera crescimento económico; pode gerar maior equidade na economia, mas tirar de uns para dar a outros num país que não cresce não tem grande repercussão no bem-estar nacional no longo prazo. Eventualmente, o país empobrecerá relativamente aos outros.

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    1. Boa tarde,
      e se assumir que a Mariana Mortágua sabe perfeitamente o que diz, o que conclui? O problema do pais é mesmo esse, não é o interesse do país que lhes interessa, quanto mais caótico o pais estiver, melhor. A lógica deste tipo de gente.

      Infelizmente isto só se combate com um povo educado, coisa que não temos.

      António

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  2. "redistribuição do rendimento não gera crescimento económico"
    E retirar de quem consome artigos de luxo importados para classes que consomem bens de primeira necessidade produzidos em Portugal?

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  3. O que é preciso é valorizar o conhecimento, isso é que não é nada populista.
    A coligação do anterior Governo era fantástica, tanto era que o povo votou contra a trajetoria definida por ela para o rumo de Portugal. É por estas e por outras que a Suiça devia ser um modelo para os outros países com a sua democracia participativa, Talvez tivéssemos um Estado mais pequeno, menos burocrata, mas mais eficiente.
    A "geringonça" está para durar, não vejo quais os benefícios eleitorais que BE e PC tirariam de quebrarem o compromisso assumido, os partidos seguem a sua orientação de modo a maximizar a sua função objetivo que é o número de votos, não percebo este tipo de análises que ignora isso que é o cerne dos partidos, tudo o resto é folclore, o bem estar das pessoas funciona como externalidade, nada mais que isso.

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