terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Inimputabilidade

Subida para os 530 euros coloca 28,7% dos trabalhadores por conta de outrem a receber a remuneração mínima. Tema volta à concertação social nesta terça-feira.
Se esta notícia do Público for verdadeira, se de facto quase 30% das pessoas vão ficar a ganhar o salário mínimo (e ainda nem a meio caminho estamos dos 600€) então isto que se está a fazer é um completo absurdo. Se Centeno autoriza isto, só pode estar louco.

8 comentários:

  1. Sinceramente não percebo como tal é possível (os tais 30%).

    Sim, todos nós sabemos que nos últimos anos os empregos criados tem sido quase sempre pelo salário mínimo. No entanto estamos a propor que temos tanta gente a receber tão perto desse valor alguns anos após terem sido contratados que um aumento inferior a 5% no salário mínimo as passa a abranger?

    Desculpem, mas se depois de alguns anos empregado o valor acrescentado por ele não cresceu de forma a ultrapassar 5% a remuneração mínima, alguém falhou e duvido muito que tenha sido o empregado na maior parte dos casos.

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    1. Estive na semana passada com um colega a ver os dados. Neste momento, a percentagem de trabalhadores por contra de outrem (a trabalhar no sector privado) que ganha o salário mínimo é de 19%.

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    2. São números que apontam um mercado de trabalho que não funciona bem. Diria que ou temos os melhores políticos do mundo a determinar salários mínimos (se há assim tanta gente que merece exactamente esse valor - é impressionante quão homogéneos hão de ser esses trabalhadores) ou temos os melhores patrões do mundo (se considerarmos que esse é o valor acrescentado médio por esses empregados, então cerca de 9,5% da população empregada estará a receber mais do que o que produz - os nossos gestores são uns mãos largas).

      Ou então, se calhar estamos numa numa situação de monopsonio, e os salários não reflectem o valor acrescentado pelos trabalhadores, pelo que uma alteração irá corrigir falhas de mercado, ao aproximar o valor recebido do valor médio criado. Claro que isto tem o problema de aumentar a fracção que realmente está a ganhar acima do que produz.

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    3. O desemprego está nos dois dígitos. É evidente que o mercado de trabalho não está funcionar bem.

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    4. "Desculpem, mas se depois de alguns anos empregado o valor acrescentado por ele não cresceu de forma a ultrapassar 5% a remuneração mínima, alguém falhou e duvido muito que tenha sido o empregado na maior parte dos casos."

      Porque é que algo há de ter falhado? Suponho que em grande parte dos empregos (e sobretudo em grande parte dos empregos perto do salário mínimo) não há grande crescimento da produtividade com a experiência (uma operadora de caixa do modelo com 5 anos de experiência será muito mais produtiva que uma com 1 ano?).

      Agora, há uns anos atrás havia algo que talvez relativizasse esses números - é que grande parte dos trabalhadores a ganhar o SMN (eu diria que sobretudo no construção e nos restaurantes, mas isso é capaz de ser distorção regional da minha parte) na verdade ganhavam mais do que isso, e o SMN era uma combinação entre trabalhadores e patrões para fugirem, uns aos impostos, e outros aos encargos com a segurança social; mas duvido que isso continue a ocorrer, já que o combate à fuga ao fisco no ato da venda faz também com que as empresas já não tenham dinheiro clandestino para pagar aos empregados, pelo que atualmente os trabalhadores que ganham o SMN devem-no ganhar mesmo.

      Já agora, no meu local de trabalho (um hospital público), não me admirava que com o aumento o SMN fosse apanhar para aí uns 20% ou mais dos trabalhadores.

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    5. "Suponho que em grande parte dos empregos (e sobretudo em grande parte dos empregos perto do salário mínimo) não há grande crescimento da produtividade com a experiência"

      E aqui é que eu acho que está o problema (e para mim a falha). Estamos a assumir que alguém que é contratado para um "low end job" só serve para isso, e é normal ficar nesse tipo de trabalho durante 5 anos (ou mais). Mas é claro que se a empresa não incentivar o aumento da produtividade da funcionária, e/ou a sua mudança para um trabalho de maior responsabilidade, é isso mesmo que vai acontecer.

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    6. Ou simplesmente assumir que há mais "low end jobs" do que "high end jobs" (é assim que se diz?) e que a mobilidade social descendente ao longo da vida é muito rara, o que, sobretudo se conjugado com uma pirâmide etária retangular, significa que grande parte das pessoa em "low end jobs" lá ficarão.

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  2. Luís, porquê a surpresa? Tendo em conta a curva de distribuição salarial (ou a mediana, vá lá), parece-me natural que uma subida destas resulte nos tais 30%. A questão aqui não é o Centeno (que, como foi falado no FB, não é um Campos e Cunha e não se vai demitir), é a ideia "à esquerda" de que aumentar os salários aumenta (suponho que no mínimo pro rata) a produtividade.

    Aliás, ouvi ontem declarações fantásticas do Arménio Carlos (CGTP), sobre não aceitarem a redução da TSU para os trabalhadores que ganhem o SMN. Disse ele que todos nós não podiamos estar a suportar os industriais ao pagar o que eles devem aos trabalhadores - obviamente que admito que "todos nós" iremos suportar a menor subida do emprego resultante do aumento so SMN...

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