quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Um défice excessivo serve a quem?

Segundo o Banco de Portugal, o país não cresceu tanto como se previa em 2015 e prevê-se que não irá crescer tanto em 2016. Uma das razões principais é Angola e as exportações para lá. Não era difícil prever que depender de Angola era uma má estratégia de crescimento, mas se Portugal fosse craque em estratégia não teria entrado na bancarrota, nem teria estado estagnado nos últimos 15 anos. Entretanto, o PS vê-se à rasca porque os seus companheiros parlamentares querem gastar dinheiro independentemente de o país crescer.

Qual a melhor estratégia para o PS? Será (a) cumprir os 3% de meta de défice ou (b) não cumprir a meta do défice? É óbvio que a estratégia óptima é a (b): não cumprir o défice, culpar o PSD/CDS/PP da derrapagem nas contas, e assim permitir que o país continue sob vigilância do procedimento dos défices excessivos, o que daria uma desculpa ao PS para não aquiescer às exigências de despesa do Bloco de Esquerda e do PCP:

[Trigo Pereira] Lembrava a Bloco, PCP e PEV que devem ter a “perfeita noção de que a política orçamental em Portugal é enquadrada pela nossa pertença na União Económica e Monetária. E admitia ainda que “não há margem orçamental em 2016 para acomodar medidas que têm impacto de crescimento da despesa ou de redução da receita em relação àquilo que foi acordado com esses partidos”.

Fonte: Público, 9/12/2015

Ou seja, continuamos com um governo PàF no que diz respeito à gestão do orçamento. Afinal, também o PS sabe adoptar o programa dos outros; o que apresentaram era só para fazer de conta que havia alternativa.

5 comentários:

  1. Angola e o Brasil eram apostas consensuais, quanto mais não seja porque há muito poucos países onde as nossas exportações são competitivas. O problema é que a cena internacional é um tabuleiro muito vasto, em que estão presentes muitos interesses e que infelizmente apanham-nos por tabela.

    Se calhar preferiríamos ter o petróleo mais caro para que Angola e o Brasil não tivessem afundado, devido à nova guerra fria entre os EUA e a Rússia, e à guerra que a OPEP/Arábia Saudita está a fazer ao gás de xisto. Claro que a incompetência atroz da Dilma e o fim de ciclo do socialismo brasileiro não ajuda, embora fosse previsível este desfecho. Esperemos que os brasileiros consigam regenerar a sua Democracia. Se até na Venezuela o "chuvismo" já caiu, não há razão nenhuma para a "putrefacção" do PT continuar no Planalto.

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    1. Um país do tamanho de Portugal pode ter sucesso no mercado internacional sem o Brasil e Angola, se tiver uma visão de mercado e uma estratégia minimamente coerente. Brasil e Angola oferecem sucesso porque têm duas vantagens: construção civil e funcionam mal.

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  2. É discutível que seja a melhor estratégia para o PS. O estar no procedimento de défices excessivos também lhe "ata as mãos" mesmo para as medidas que já foram acertadas. Por outro lado, se houver eleições por não atender às reivindicações da esquerda MAS tiver cumprido o défice fica melhor posicionado como a opção "do centro".

    Assim, diria que o PS vai tentar cumprir, mas a Rita mostrou que não valer-lhe-à a pena tentar a todo o custo, porque mesmo se não conseguir consegue vender uma narrativa que também lhe serve nessa situação.

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  3. Pois é, iv, tens razão. Estamos numa situação em que o PS ganha de qualquer maneira. Mas já deveríamos ter topado que o António Costa é especialista em dar a volta às derrotas. Ele está sempre na mó de cima, doa a quem doer...

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