domingo, 7 de fevereiro de 2016

Tecnologicamente impossível

Ainda a política ambiental. Fui ao Banco Mundial recolher dados para vos ilustrar que é tecnologicamente impossível Portugal crescer sem poluir mais, dadas as restrições tecnológicas actuais. Somos dos países que emitem menos dióxido de carbono na União Europeia. Os países mais ricos poluem muito mais do que nós. Mesmo em 2007, antes da recessão mundial, emitimos 5,8 toneladas de CO2 per capita, mas Espanha e Itália emitiram 7,9, Alemanha 9,5, e Irlanda 10,2. A política de crescimento correcta seria não seguir uma política ambiental tão restritiva, mas para isso teríamos de ter políticos minimamente educados acerca do mundo onde vivemos. Como somos governados por pessoas ignorantes, estamos condenados a ser dos mais pobres, mas dos mais limpos. O lema de Portugal parece ser: Pobres, mas verdes.

Mesmo se o objectivo fosse aumentar a receita de impostos, ao poluirmos um pouco mais poderíamos diminuir o desemprego e aumentar o rendimento per capita mais depressa, sem por isso sacrificarmos grandemente a saúde dos portugueses, a qualidade ambiental, e as receitas fiscais, pois o crescimento do IVA, IRS, e IRC compensariam a descida dos impostos verdes. Só que o mau governo do país necessita de receitas fiscais imediatamente, pois não há folga orçamental para ter uma estratégia, nem uma visão do país. E impostos verdes são das coisas mais sexy que existem em fiscalidade...

Como disse o antigo Presidente de Harvard, Derek Bok, "If you think education is expensive, try ignorance."

P.S. Desculpem os dados estarem em inglês, mas não tenho paciência para traduzir. Só havia dados das emissões de dióxido de carbono até 2011.

13 comentários:

  1. Restrição punição pseudomoralismo e hipocrisia, são áreas nas quais somos quase imbatíveis. A temática ambiental merece toda a atenção mas basta ver, por exemplo, o que se passa nos brinquedos para crianças - infestados de pilhas -, para nos apercebermos da hipocrisia que por aí vai. Coisa algo diferente é a restrição às emissões de CO2 devido ao agravamento da sua concentração na atmosfera, que se verificou após meados do século XVIII. De facto, os "cientistas" que fundamentam as recomendações do IPCC, organismo supranacional no âmbito da ONU para acompanhamento desta temática, atribuem o Aquecimento Global a este fenómeno, daí resultando a indução de políticas nacionais fortemente restritivas na área energética, em especial na UE, cujas consequências se traduzem, em última análise, numa menor capacidade de criação de riqueza global, devido ao desvio de quantias astronómicas despendidas e a despender no combate à emissão de CO2. Mais eficaz seria promover políticas de adaptação às alterações climáticas com apenas uma pequena fração dessas verbas, criando as condições para uma maior rapidez de criação de riqueza global, como refere, por exemplo, Bjorn Lomborg, no seu "Cool It". Evidentemente que, países pobres como Portugal, condicionados nas suas opções energéticas têm o seu desenvolvimento económico comprometido, desde logo pela perda de competitividade induzida nas suas economias pela opção das energias renováveis. Claro que nem todos perdem, nesta conjuntura. Fica para outra vez.

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  2. A estatistica mais relevante aqui não seria o rácio emissões de CO2 por PIB, que é o que permite melhor ver se estamos a usar as tecnologias que permitem obter um dado volume de produto com o minimo de poluição, e portanto se há espaço para despoluir sem decrescer/crescer sem poluir (adotando tecnologias mais eficientes)?

    Realmente eu fiz a conta para dois ou três paises e de facto Portugal parece-me dos que polui menos em relação ao produto (confirmando que não haverá muito a fazer por aí), mas poderia ser interessante ter uma ideia para os todos os paises referidos.

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  3. Ops, agora reparei que era isso que estava no último gráfico

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  4. O que a gente quer é artigos seus a falar de Economia ou a malhar nos Governos.

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  5. Não seria muito mais interessante utilizar factos como a taxa de emissão de CO2 baixa, o facto de não existirem centrais nucleares em território nacional como argumentos de que efetivamente somos um dos países mais verdes da europa e que enquanto tal deveríamos ter direito a um tratamento diferenciado a nível europeu?

    A Alemanha por exemplo tem um plano, salvo erro a 20 anos para eliminar as centrais nucleares, e que parece estar difícil de concretizar. Sinceramente seguir as más práticas dos outros não me parece que seja um caminho inteligente a seguir. Contudo acho que faz todo o sentido orgulharmos-nos do facto de poluirmos menos e de não termos centrais nucleares e devíamos falar disso e chamar a tenção para esse facto tanto a nível nacional como internacional.

    Perante a Comissão Europeia poderia ser uma boa "bargaining chip" o facto de o nosso PIB ser mais sustentável do que o dos restantes países europeus. Eventualmente até conseguir que a nossa dívida fosse mais facilmente mais facilmente valorizada como colateral pelo BCE por esse facto e tentar deixar de estar tão dependente dos caprichos das agências de rating.
    Para quem leva demasiado a sério a questão dos ratings recomendo que vejam o filme "The Big Short", está lá tudo explicadinho pela Margot Robie num banho de espuma,Selena GomeZ, Bourdain...

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    1. Nós somos fantásticos! Nem temos centrais nucleares, nem nada! Isto, apesar de termos grandes reservas de urânio, que jazem inertes, e de, do outro lado da fronteira haver inúmeras dessas centrais. Ou seja, temos os riscos sem termos os benefícios. A energia nuclear é uma energia limpa ( e o CO2, já agora, não passa a ser um poluente apenas porque o famigerado IPCC diz que sim)

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    2. em principio, havendo um mercado internacional de direitos de poluição, isso seria automaticamente contabilizado - os paises relativamente menos poluidores poderiam vender aos mais poluidores os seus direitos de poluição.

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    3. A respeito da questão de Espanha ter centrais nucleares, há tempos o João Miranda do Blasfémias escreveu algo que talvez tenha a sua lógica: se houver um acidente quem tem que pagar as indemnizações é Espanha (de outra forma seria Portugal)

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    4. Miguel Madeira, concordo consigo. Se a UE quer o controle de CO2, então deveria haver um mercado de licenças para emitir CO2. Os países mais poluidores que comprem licenças dos mais limpos.

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    5. Rita, tanto quanto sei, esse mercado de emissões de CO2 existe actualmente em vigor na UE (e só não é mundial, porque certos países, principalmente os EUA e penso que a China, não o quiseram). No entanto, é praticamente inútil, porque por design os países trataram logo de atribuir licenças de emissões (que foram cedidas inicialmente a um preço simbólico) às empresas dos países respectivos (e com ganhos de eficiência que as empresas fizeram ao longo dos anos a libertar licenças, os preços dessas licenças ficaram mesmo muito baratos).

      Mas penso que a sugestão do MM vai além do CO2, pretende direitos de emissão sobre todo o tipo de poluição.

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  6. Posso estar a ver mal, mas o que vejo dos gráficos:

    a) Não existe nenhuma relação significativa entre desemprego e emissões de CO2.
    b) Na relação entre PIB e emissões de CO2 diria que estamos na fronteira eficiente: não existe nenhum país que tenha PIB maior com a mesma quantidade de emissões. MAS existem vários países com emissões maiores e PIB semelhante, pelo que não é claro que simplesmente poluir mais seja uma receita para aumentar o PIB...

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    1. Isso depende da eficiência de cada um--é a componente aleatória, mas a correlação é claramente positiva, logo é possível aumentar o PIB poluindo ligeiramente mais.

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  7. O mais impressionante deste gráfico é que já eram muito poucos os países com PIB per capita PPP menor que Portugal.E isto em 2011.
    Em 2015 a Estónia e Eslováquia acho que também já nos passaram.

    PedroF

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