quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Um exemplo óbvio de captura do interesse público

O novo Conselho Directivo da FCT tem dois homens e duas mulheres. Muitos parabéns pela paridade de género. Fiquei contente. Tenho muita pena que, pelos vistos, seja a única paridade que interessa.

Dos quatro membros, dois são de engenharia e outros dois de biologia e bioquímica. Ciências Sociais e Humanas... nada.

Igualmente interessante, os quatro são de Lisboa, o que garante que no Facebook, no Twitter e em grande parte da blogosfera não haverá indignações -- nem sequer entre os cientistas sociais -- dado que o grosso dos fundos da FCT ficará entre amigos e amiguinhos.

Merda para estas panelinhas todas e para tanta hipocrisia.

12 comentários:

  1. É bom para a política ambiental: assim não são necessárias tantas deslocações e consome-se menos energia. Querias o quê, que houvesse pessoas do Porto ou de Braga a deslocarem-se para ir a Lisboa? Tratar das coisas por email ou videoconferência não está com nada. Deve ser tudo tratado in situ.

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  2. 1 - "Ciencias" sociais e humanas? Leia-se, tipo economia politica certo? Pois, mas nao e por v. desejar muito que passa a ser uma ciencia.
    2 - Sao so os amigos e amiguinhos lisboetas dos outros que la estao? Isso de facto e mesmo injusto... a alguns podera ocorrer que Portugal tem 20 distritos, e ha 4 membros no Conselho... mas o ponto a reter e que nem 1 amigo ou amiguinho meu de Braga la esta.
    3 - A dor de cotovelo e fodida.

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    1. Exactamente, até porque fora de Lisboa só existe a Universidade do Minho. O resto é paisagem. Universidade de Coimbra, do Porto, de Évora, do Algarve, dos Açores, da Madeira, da Beira Interior, de Trás-os-Montes, para não falar de alguns politécnicos onde também se faz investigação, não interessam para nada.

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    2. A preocupacao que aqui perpassa para com os politecnicos e universidades fora de Lisboa e enternecedora de ler...
      O Conselho precisa de 20 membros portanto? Ou bastaria 1 ou 2 representantes de fora de Lisboa desde que 1 viesse de Braga?

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    3. Marco Correia,
      1) Se calhar deve tentar indicar à FCT a sua definição de ciência, pois ela define nos seus documentos os seguintes domínios:
      Ciências da Vida e da Saúde
      Ciências Exatas e da Engenharia
      Ciências Naturais e do Ambiente
      Ciências Sociais e Humanidades

      Estranhamente (ou não) todos os nomeados para a FCT provém de apenas um destes domínios.

      2) O Marco não acha nada estranho em referir que existem 20 distritos em Portugal e verificar que todos os nomeados pertencem a um só destes?

      Tenho a impressão que qualquer cientista de qualquer dos domínios acima conseguirá calcular o p-value associado à hipótese de a nomeação ser representativa da comunidade cientifica nacional…

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    4. E volta a insistir com Braga! Ainda bem que eu apresentei mais de 10 alternativas.
      De qualquer forma agradeço o comentário, pois deu-me a oportunidade de acrescentar a Univ de Aveiro à lista, que, não sei como, me escapou na primeira listagem. O que, dada a relevância dessa Universidade no panorama científico e tecnológico português era particularmente injusto.

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    5. Pois volto, porque todo este seu espectaculo circense, no fundo, nao sai dai.

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  3. O Luís Aguiar-Conraria tem toda a razão quando aponta a captura de interesse na FCT pelas Universidades de Lisboa. Existe e é crassa.

    Eventualmente discordo é quanto ao facto de isso ser necessariamente mau para a Universidade do Minho que é muito mais ativa e desenvolvida na relação com as empresas/indústria (bom exemplo da TecMinho) dos que as Universidades de Lisboa que estão muito mais atrasadas nesse campo. (provavelmente porque desviam muito mais recursos para estar a redigir propostas de projetos para a FCT...)

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  4. mas tem toda a razão em relação à centralização. Na minha opinião este tipo de organismos deveria estar espalhado pelo país. Nos dias de hoje, com os sistemas de transporte e telecomunicações que temos, não vejo razão para a sede da FCT ser por exemplo em Braga (ou noutra capital de distrito...), a da segurança social em Catelo Branco, o ambiente em Faro e por aí fora. O primeiro a propôr algo parecido foi o Pedro Santana Lopes mas infelizmente foi muito criticado na altura. Na minha opinião isto sim é que seria uma verdadeira regionalização e não a camada adicional de poder regional que normalmente propõem...

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  5. A FCT é um organismo capturado por natureza e pelo centralismo lisboeta.

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