segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O longo prazo...

Na Universidade do Arkansas, onde eu trabalhei (e o Bill Clinton, esse assediador de mulheres, também), os cidadãos residentes no estado que tenham mais de 60 anos podem-se inscrever em cadeiras de borla, desde que as cadeiras não estejam cheias.

Qual a razão desta generosidade? Bem, melhora a qualidade de vida das pessoas na região, pois quando chegam a uma certa idade têm uma opção onde podem exercitar o cérebro, estudar coisas pelas quais se interessam--as cadeiras de literatura e línguas estrangeiras são populares--, conhecer pessoas de outras faixas etárias, enriquecer a discussão das aulas, pois podem dar perspectivas de épocas em que os restantes estudantes ainda não eram nascidos -- ou os professores--, etc.

Há também o lado interesseiro, que em Portugal é muito desprezado e que os portugueses acham de muito mau gosto: quando estas pessoas morrerem, irão deixar no seu testamento dinheiro e outros bens. Se tiverem uma boa impressão da Universidade, pode ser que lhe deixem qualquer coisa. Em Portugal, o normal seria arranjar-se um imposto novo para financiar a despesa pública; nos EUA, eles acham que mais vale o jeito do que a força.

A propósito, eu vou morrer sem herdeiros. Tenho de começar a pensar quem é que vai ficar com os meus bens quando eu morrer. A longo prazo, estamos todos mortos, mas alguém vivo executa o testamento...

3 comentários:

  1. Rita, a sociedade Americana é totalmente diferente da Portuguesa e é perfeitamente normal que entidades diversas de toda a espécie e feitio tentem angariar fundos até mesmo das formas mais mirabolantes. Em Portugal iriam pendurar-se no orçamento, claro está. O espírito de "virar-se" não é muito comum em Portugal no que toca a questões de dinheiro. O excesso de Estado Social tem este efeito pernicioso: embota os sentidos e as pessoas ficam sem saber muito bem o que fazer mais do que pedir ao Estado seja o que for.

    Engraçado, eu também irei morrer sem herdeiros. Além de que sou único de várias gerações por lado paterno. Por vezes preocupa-me a quem deixar, não são os dinheiros que esses têm destino, mas sim as minhas coisas às quais tenho tanto carinho. O que está escrito é que serão vendidas e o produto reverterá para os beneficiários do testamento. Mas ao mesmo tempo gostava que alguém ficasse com as coisas e tivesse por elas o carinho que eu tenho. Já agora, os beneficiários do meu testamento são quase exclusivamente entidades ligadas ao bem estar animal, grande parte delas nos EUA.

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