quarta-feira, 12 de maio de 2021

Da vergonha

Cá em casa há dois cestos enormes cheios de peluches de maior escala, depois há um ajuntamento de peluches mais pequenos. O que há é tralha e tinha pensado há uns meses que iria dar a volta aos peluches e dar a maior parte deles à filha de uma das minhas empregadas, que ainda é pequena. Pensei nisso hoje, enquanto a casa estava a ser limpa e fui a um dos cestos buscar peluches. Só consegui dar um e senti uma vergonha enorme ao olhar para a cesta e não conseguir dar mais. 

Aqueles peluches não são nada e são tudo. A maior parte foram oferecidos pelo meu ex-marido, há o Eeyore gigante que pede abraços, o Elmo que tem cócegas, o sapo Cocas que apanha moscas e canta, um sapo como o que eu tinha colocado na lista de casamento, mas que ninguém comprou, mas que depois comprámos. 

O sapo original foi confiscado pelo meu cão Alfred que pegava nele e fazia passeios, sestas, etc. Por vezes, o Alf deixava o sapo num quarto que acabava com a porta fechada e ele sentava-se à porta à espera que a abrissem. De tanto amor que teve, o sapo perdeu os olhos e ficou imundo. Tivemos de andar à procura de um sapo igual para o substituir. Encontrei um numa loja no aeroporto de Orlando e sempre que por lá passava, comprava um sapo para o Alf. Ainda tenho um que o Alf nunca recebeu porque morreu em 2016. 

Há também uns peluches que comprei especificamente porque me agradavam, mas tudo aquilo um dia ia ser os brinquedos dos meus filhos, aqueles filhos que nunca tive. Foi por isso que não consegui dar à menina os meus peluches. E senti tanta vergonha de a minha acção a ter privado da alegria de os receber. Talvez um dia destes consiga, não deve ser mais difícil do que perder o Alf.

 

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