sábado, 1 de maio de 2021

Version 2.361

A meio da tarde hoje, tocaram a campainha cá de casa e eis que aparece uma jovem, que estava a tomar conta dos cães dos meus vizinhos, enquanto estes tinham ido à cerimónia de final de curso da filha na parte leste do estado -- nunca visitei a parte leste do Tennessee, mas disseram-me que era deslumbrante, eu acredito, até porque a Amy Butler, designer de tecidos, tem uma cabana no lago Watauga que é um sítio de sonho. O motivo da visita da Annie, a moça que tocou à porta, foi ter trancado a casa com as chaves e o telemóvel lá dentro. Telefonei à minha vizinha, mas ninguém atendeu, logo deixei mensagem de voz e enviei SMS. 

Fui à minha vida, mas a vizinha não me contactou. Passados uns minutos bate a Annie na porta outra vez porque queria saber se eu tinha tido notícias ou se podia telefonar ao namorado dela. Perguntei-lhe se ela sabia o número e disse que sim. Que extraordinário que soubesse o número do namorado de cor. Eu já não invisto nenhuma da minha memória na memorização de números de telefone.

Desta vez, fiquei a fazer companhia à moça: tentámos ver se havia maneira de entrar, ofereci-lhe um copo de água, e conversei com ela. Contou-me que estava a estudar literatura, pois adorava o período romântico inglês. Olha que giro e eu estou a ler Henry James, The Portrait of a Lady, respondi-lhe. Ainda não leu, mas gosta muito de Jane Austen. São os seus livros preferidos. E depois disse que gostava muito de poesia. 

A conversa foi mesmo como uma taça de cerejas, ia a eito e falámos de livros, carreira, cães, jardinagem... Terminou quando chegou o namorado, que vinha ansioso para a ajudar. Parecia um rapaz simpático e carinhoso, o que me agradou. Fazem um casal engraçado. 

Alguns minutos depois de eu regressar a casa, recebi uma mensagem da minha vizinha: já tinham conseguido abrir a porta e estava tudo bem. Um final feliz--como deve ser na América.

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