sábado, 8 de maio de 2021

Telhados e lixados

O trabalho da substituição do telhado dos meus vizinhos começou hoje. Não demorou muito tempo até retirarem tudo e fizeram o favor de cobrir parte do jardim. A meio da manhã fui ver o progresso e ia-me dando uma coisinha má quando vi que uma das hortênsias estava cheia de lixo. Retirei tudo cuidadosamente. Não há crise, pensei. Desde que não estraguem as raízes, sobrevive, acho, porque na verdade nunca tive hortências, não sei quase nada acerca do assunto. Do lixo que retirei, notei que o telhado era super-levezinho, devia ser de muito má qualidade e duração e por isso decidiram substituir. 

A meio da tarde fui buscar o correio e o dono da empresa que estava a mudar o telhado conversou comigo a agradecer eu ter-lhes dado acesso e a assegurar-me que seriam cuidadosos e que limpariam os pregos todos do jardim com um íman. Não fazia ideia que faziam isso depois de mudar o telhado. O senhor até era simpático e bem-intencionado, mas claro que era quase impossível não haver danos. 

Quando fui ver outra vez, havia coisas que não tinham sobrevivido intactas: uma planta anual pisada, um vaso com craveiros vertido, galhos partidos da hortênsia e de um crisântemo daqueles altos, como é comum haver em Portugal, que produzem flores a tempo do Dia de Todos os Santos. São muito difíceis de encontrar nos EUA e eu tinha encomendado nove pela Internet: dei três à minha vizinha e plantei os restantes. Talvez não tivesse sido uma das minhas melhores ideias porque o Julian gosta de andar a passear por entre as plantas e sempre que vai para aquela zona tenho de rezar uma pequena prece: Se é para partir crisântemos, Deus te inspire para partir os baratos e deixar os caros. Até agora tem funcionado. 

Esqueci-me de rezar pelos crisântemos hoje e o que perdeu o galho ficou meio tristinho. Mesmo assim, ou não fosse eu uma eterna optimista, aproveitei para apanhar os galhos para ver se consigo criar plantas novas, logo aparei-os e meti-os em água para ganhar raiz.  Pode ser que funcione: mais lixados do que o que estavam não ficam.

 








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