domingo, 2 de maio de 2021

Version 3.362

Tenho andado a pensar na situação de assédio que a Vera, a minha colega de blogue, descreveu e que foi publicada na revista Sábado. Estou curiosa para saber se a instituição em causa irá iniciar uma investigação, ver se é caso isolado, ou se é parte de um comportamento recorrente, e tomar medidas correctivas. Aliás, este exercício devia ser feito por todas as instituições regularmente e devia haver consequências visíveis.

Na Quarta-feira, celebrámos o dia de inclusão na companhia onde trabalho. É uma celebração anual em que há várias horas de workshops com o intuito de sensibilizar os empregados de que se deve valorizar a diferença e dar voz às pessoas que estão menos representadas. Também somos encorajados para não ficarmos calados quando há situações de abuso. Para além do dia de inclusão, todos os anos fazemos uma sessão de treino de ética em que discutimos situações semelhantes à que aconteceu à Vera. Na empresa onde eu trabalho, não é permitido haver relações amorosas entre pessoas que estão hierarquicamente próximas, em que uma é superior, logo tentativas de sedução e obviamente assédio não são permitidas. Acho que esta prática é o procedimento correcto.

O agressor tinha responsabilidades na organização superiores às da Vera, o que a colocava à mercê das decisões dele. A partir do momento que isso acontece, toda a responsabilidade é da pessoa que se encontra num nível superior porque presume-se que foi colocada numa posição superior porque já adquiriu experiência e profissionalismo que o justifiquem. Posto isto, tem de se comportar à altura das suas responsabilidades e tem o dever de zelar pela boa reputação da instituição onde trabalha e pela segurança dos colegas. Quem não segue estes princípios devia ser sujeito a treino de ética; se mesmo com essa sensibilização não muda de comportamento, devia ser despedido. 

Há muitas coisas que são bastante simples; não é preciso inventar a roda porque isto é prática em outros países. Até aposto que há sítios em Portugal onde também se pratica; que não se pratique em universidades, que são sítios onde se molda o carácter dos alunos e se lhes incute certos valores que são desejáveis para a sociedade é revelador de uma certa imoralidade que está institucionalizada. Mas que existia já sabíamos nós.    

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