domingo, 25 de outubro de 2015

Ponto da situação: chamem o Batman...

Deitada na cama, prestes a adormecer ontem à noite, veio-me à ideia aquela cena de um dos filmes do Batman do Christopher Nolan, em que Gotham City está entregue aos vilões e toda a gente está à espera que o Batman apareça. Pareceu-me ser a situação de Portugal.

Como referiu o Zé Carlos no post anterior, não há acordo de coligação a três nenhum, nem nunca houve. Ao contrário do que nos foi dito, nem sequer se colocou na mesa uma coligação PS/BE/PCP porque o BE e o PCP não estão em negociações directas, como referiu Jerónimo de Sousa.

O que está a ser negociado são dois acordos distintos, o que, logicamente, irá dar origem a duas coligações distintas. Isto se der, porque até agora toda a gente fala que há progresso e acordos a torto e a direito, mas ninguém nos mostrou nada. Parece que o povo português é burro, ou é demasiado qualquer-coisa, para ser maçado com os detalhes de como iria ser governado por esta gente tão séria e ilustre, que mente com todos os dentes que tem. Talvez eu me engane e seja essa a vantagem deles: não têm dentes, têm todos dentaduras e, como tal, é-lhes permitido mentir a seu bel-prazer.

Pelo caminho, temos de ouvir um sermão de moralidade de Ferro Rodrigues que diz que "não há coligações aceitáveis e outras baníveis". Logo no discurso de início de mandato como Presidente da Assembleia da República, ele engana-nos: há coligações baníveis, pois. São aquelas que não existem quando se toma uma decisão. Se não existem, não podem ser consideradas, logo podem banir-se da nossa atenção.

Ferro Rodrigues é aquele indivíduo, que tem um entendimento especial da lei portuguesa, nomeadamente, acha-se acima dela. Gostaria que o PS me explicasse exactamente o mérito de tal criatura para ser nomeado pelo partido como candidato para liderar a Assembleia da República. De todas as pessoas possíveis, porquê esta pessoa de moral tão duvidosa? É para o Batman vir mais depressa?

3 comentários:

  1. Parece-me que o que está a ser negociado não é uma coligação, são acordos de incidência parlamentar. Não sendo coligação, não precisam de ser a três, precisa o PS apenas de se certificar que o programa mínimo que consegue fazer da intersecção entre os dois acordos de incidência parlamentar é suficiente para governar. Aliás, até agora não ouvi ninguém falar em coligação à esquerda (excepto os comentadores de direita). Se existe esse acordo mínimo ou não é matéria que não consigo ajuizar, mas suspeito que muito do que é supostamente temerário nos programas eleitorais do PCP e BE (reestruturação da dívida, saída do euro, saída da NATO) nunca poderá estar nesse acordo mínimo.

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    1. Já leste a imprensa internacional? Tudo fala de coligação à esquerda. O que me vale é que não há boas pastelarias em Houston, senão eu afogava as minha mágoas em pastéis de nata...

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  2. Batman? Em Portugal chama-se D. Sebastião e quase ninguém lhe liga desde que dois historiadores sugeriram que se fizesse uma análise ao ADN dos ossos existentes no túmulo...

    É que os mitos e as tradições já não são o que eram!

    António Costa deve ter posto muita gente a ler a Carta dos Direitos Assertivos. Ao PR é que não chegou a tempo uma vez que, em vez de ser assertivo, foi agressivo!

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