quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Só isto...

"... in contrast to our conscious mind our body cannot be deceived by intellectual arguments. It is the guardian of our truth because it carries within the experiences of our whole life and makes sure that we can live with the truth of our organism."

~ Alice Miller, "The Drama of the Gifted Child"

Quando eu vivia com os meus pais, julgo que no final da escola secundária, lembro-me de uma vez ser a primeira pessoa a chegar a casa. A noite já tinha caído e, para além de escuro, estava frio. Senti um arrepio de solidão quando entrei e uma das primeiras coisas que fiz, depois de ligar as luzes, foi ligar a televisão. Não me interessava muito o que estava a dar, mas queria ter o barulho, ouvir vozes que dessem uma ilusão de presença humana.

Quando os meus pais e a minha irmã chegaram senti um alívio profundo. Não sei de onde veio todo aquele drama, pois só aconteceu aquela vez. E talvez essa tenha sido a última vez que eu tenha sentido solidão. Foi estranho sentir solidão sendo parte de uma família; mas, por vezes, é nas circunstâncias menos sós que nos sentimos sós.

Às vezes perguntam-me se não é difícil estar só num país que não é o meu. Não é difícil, nem me sinto só, porque eu tenho imenso prazer em estar comigo. Mas quando chego a casa há sempre um candeeiro ligado...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não são permitidos comentários anónimos.