terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Dias 26 a 28

Durante o fim-de-semana fiquei sem Internet porque desligaram na casa antiga e só vieram ligar na casa nova hoje, dia 28. O rapaz que ligou foi muito simpático e atencioso, se bem que se notava que não era uma pessoa extrovertida. Pela aparência deduzo que seja apoiante de Trump, mas é quase toda a gente aqui. É raro encontrar quem não seja, até porque estou numa parte da cidade onde não há tantos "millennials".

Esteve cá um outro senhor, o Ken, o dia todo para arranjar os varões para os cortinados. As paredes desta casa têm três metros de altura no R/C e as janelas são muito compridas. Detestei o tratamento das janelas da dona anterior, mas convenhamos que sou muito esquisita e incomoda-me muito a falta de espaço negativo. No entanto, o Ken concordou comigo: o posicionamento anterior era estranho.

Tive imensa pena de não estar mais bem organizada para ter cozinhado o almoço para ambos, mas não ficámos mal servidos, pois encomendei comida indiana pelo Uber Eats. Como ainda não mudei a mobília da outra casa para esta--será feito no Sábado--, tivemos de ir buscar o conjunto de bistro da varanda, que comprei para esta casa, para podermos comer à mesa. O Ken gostou da comida e nunca tinha usado o Uber Eats, mas ficou entusiasmado com a ideia de usar.

Não me recordo da sequência da conversa, mas a certa altura contou-me que quando era jovem foi sem-abrigo em Atlanta. Foi numa altura em que não sabia o que queria fazer e por isso teve a vida desorientada; agora é casado, tem uma casa própria, e tem um negócio de fazer obras em casas e ganha $25 por hora. (Nos EUA, é comum pensar-se em salários anuais, logo o normal é trabalhar 2.000 horas por ano, o que implica que ele ganharia uns $50 mil dólares anuais se conseguisse manter um ritmo de trabalho normal, em que apenas tira duas semanas de férias.) Parece-me que gosta do que faz e é uma pessoa muito bem disposta. Quem o conhecesse nunca diria que um dia tinha vivido na rua.

Achei estranho que me tivesse contado um pormenor que muitas pessoas teriam vergonha de contar, mas ele parecia estar orgulhoso do percurso que tinha feito.

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