Há duas semanas, estava prestes a partir para o Alabama. Quando cheguei à pousada, fui muito bem recebida por um jovem que me parecia fora de sítio: extremamente simpático, mas quase que acanhado, e a quem não esperaríamos encontrar num contexto de atendimento ao público, como é a recepção de um hotel. Perguntei se me podiam ajudar a levar as malas para o quarto e respondeu-me que o valet o faria e podia deixar o carro estacionado à frente da pousada até 15 minutos. E quinze minutos é tempo suficiente para ir e regressar do quarto, indaguei. Ele sorriu e garantiu que era.
O valet era um tipo muito solícito a dar informações e conselhos, que parecia muito contente de ali estar, apesar de só ter começado a trabalhar há dois meses. Antes geria restaurantes; como hobby, brincava na bolsa de valores, mas tinha predileção por instrumentos mais esotéricos, que não me entusiasmam. A caminho do quarto, disse-me que eu estava à vontade: havia quatro restaurantes e cafés onde comer na pousada, logo não havia razão nenhuma que me impedisse de ficar ali durante toda a minha estadia.
Na Terça-feira, senti-me algo mal, mas nada de debilitante. Ao final do dia percebi que o meu desconforto se devia ao período, o que me surpreendeu, dado que estava vários dias adiantado. Tão adiantado, que eu tinha marcado as férias de forma a que o evitasse e, como estava tão confiante dos meus cálculos, nem levei tampões, apenas pensos porque tenho sempre alguns espalhados por sacos, malas, etc.
Como a pousada tinha uma lojinha ao pé da recepção com uma secção de produtos de primeira necessidade, lá fui eu à caça de tampões. Estavam ao canto, em pacotes de dois, muito, mas muito imperceptíveis. Peguei em dois pacotes e fui à recepção para pagar, onde encontrei o moço acanhado. Tanto eu como ele estávamos de máscara, o que dificulta a compreensão do diálogo, mas como achei que era só pagar e andar, até dava jeito. Não deu porque ele murmurou qualquer inquirição que não percebi.
A frustração que senti por errar nos cálculos e agora ainda tinha de conversar, em vez de apenas pagar e ir para cima e tomar um duche. Ele tentou outra vez: "I think I have some complimentary ones in the back that I can give you, would you like those?" e acrescenta "I'll go check." Vira-me as costas e entra por uma porta de onde, em menos de um minuto, regressa triunfante com quatro tampões grátis que me dá. Agradeci, fui à minha vida e fiquei a pensar em todos os hotéis onde estive e se teriam ou não tampões grátis.
De regresso a Memphis, contei o episódio a uma amiga e perguntei se ela tinha experiência de os hotéis terem tampões grátis para os hóspedes. Não fazia ideia, respondeu-me. Nem ela, nem eu.