sábado, 12 de novembro de 2016

Análise do dia seguinte

Tenho uma pergunta para colocar aos nossos crânios quantitativos: agora que sabem que Donald Trump ganhou e Barack Obama também ganhou, mas vocês gostam de Barack Obama e detestam Donald Trump, como é que constroem um modelo que acerte em ambas as vitórias? Têm tanta aversão à vitória de Donald Trump que se contentam em construir um modelo que erra na previsão dessa observação?

Já têm dois modelos de partida: o de Nate Silver que acerta em uma e falha a outra e tem em conta todos os escândalos e suspeitas de ambos os candidatos porque é continuamente actualizado com novos dados, ou seja é um modelo dinâmico; o modelo das chaves, que acertou nas duas vitórias, mas ignora toda dinâmica de escândalos e suspeitas e se concentra em treze chaves básicas e é essencialmente um modelo estático.

5 comentários:

  1. Não me parece que o modelo do Nate Silver tenha "falhado" (no sentido de ter escolhido a hipótese errada de forma inequívoca), porque simplemente não tinha capacidade discriminante para negar a hipótese nula. É um modelo probabilístico que indicava 2/3 de hipóteses para Clinton, 1/3 para Trump no ultimo dia (e coisas ainda mais próximas nos dias anteriores). O Nate Silver ele próprio parecia confiar muito pouco na capacidade do modelo dele distinguir de forma clara entre os dois, ao dizer que de acordo com o modelo ele não poderia dizer quem seria eleito, e se fosse obrigado a apostar, apostaria na HC mas arriscando o menor valor que lhe deixassem (notar que na eleição do Obama o mesmo modelo probabilístico dava 90% de probabilidade ao Obama e menos de 10% ao Romney)...

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    1. Sim, concordo. O principal vencedor das eleições americanas foi Trump. O segundo vencedor foi Nate Silver. Foi extraordinário na forma como aguentou tantas críticas dos restantes agregadores de sondagens e não cedeu um milímetro dando sempre fortes hipóteses a Trump de ganhar.

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    2. Não percebi o que disseram, que modelo preferem exactamente? O que acerta em 30 anos de eleições ou o que falha à terceira eleição?

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  2. Creio que há uma hipótese em física segundo a qual, quando podem acontecer várias alternativas, geram-se universos paralelos, cada qual com o seu acontecimento (um dos possíveis corolários dessa hipótese seria que, do nosso ponto de vista, seriamos imortais, já que, sempre que houvesse uma oportunidade de morrermos, a nossa consciência só continuava a existir nos universos em que sobrevivíamos). Talvez, no dia das eleições, se tenham gerado vários universos paralelos, e a Hillary tenha sido eleita em 70% deles?

    Não que eu leve muito a sério essa ideia... O que queria dizer é que não é muito fácil dizer exatamente o que é "falhar" para um modelo probabilistico. P.ex., um modelo probabilistico que diz que Fulano tem 0,0000007% de probabilidade de acertar no euromilhões falha se essa pessoa acertar?

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    1. MM, acho que não é preciso recorrer à hipótese dos universos paralelos. A questão é a "robustez" do modelo a variações menores nas hipóteses. O modelo do Nate Silver estava a afirmar que a previsão de qualquer dos candidatos estava longe de ser garantida, porque existiam um número significativo de variações pequenas nos parâmetros que levariam a alteração do resultado.

      Neste caso penso que para além da média, é indispensável descrever as previsões usando outros momentos, nomeadamente o desvio padrão. Se calculasses os intervalos de confiança das previsões ias encontrar enormes sobreposições... Se a previsão fosse 1% para 99% quase de certeza terias diferenças superiores a 2 desvios padrões nos intervalos de confiança. Isto significa que quem tivesse 1% não poderia ser eleito? Não, mas que tal acontecimento seria altamente improvável. 33%/66% sugere que o Trump tinha mais hipótese de ser eleito do que apanhares 2 vezes caras se lançares 2 vezes uma moeda ao ar...

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