sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Endividamento das empresas ou o dinheiro dos outros

Os países resgatados pela troika tinham em comum défices externos. No entanto, a contribuição do sector das famílias, das empresas e do Estado foi muito diferente em cada um deles.
O contributo do endividamento do Estado em Portugal e na Grécia não precisa de ser discutido - continua a ser o principal tema de discussão de política económica no nosso país.
No caso da contribuição das famílias para o endividamento, apesar da forte redução da taxa de poupança, as famílias portuguesas foram as únicas do grupo de países rasgatado pela troika que, entre a criação do euro e a crise financeira internacional, tiveram em todos os anos capacidade líquida de financiamento. Esta situação contrasta com a situação muito deficitária das famílias gregas e irlandesas.
Em relação às empresas, as portuguesas destacam-se por terem tido elevadas necessidades de financiamento em todo o período, à semelhança das espanholas. Pelo contrário, as empresas gregas e irlandesas apresentaram capacidade líquida de financiamento durante todo o período.

É natural que empresas subcapitalizadas, numa economia em crescimento, precisassem de financiamento. Nesse processo, as empresas portuguesas tornaram-se das mais endividadas do mundo. Infelizmente, como hoje sabemos pelo fraco crescimento da nossa economia e pelo estado dos bancos, os 'investimentos' realizados não foram os melhores.

É este o tema do meu artigo de opinião no ECO - O Dinheiro dos Outros

4 comentários:

  1. Há largos meses, o Fernando Alexandre escreveu neste DdD que voltaria a este assunto e voltou. Por mim, tomo a sua opinião como conclusão a que adiro. Quem quiser repetir o meu percurso aqui o tem e a ordem poderá ser trocada sem prejuízo algum. Quanto à transcrição final destina-se aos estrangeirados, porque também são gente :-)

    Sumário 25Nov16
    http://destrezadasduvidas.blogspot.pt/2016/11/endividamento-das-empresas-ou-o.html#comment-form

    O dinheiro dos outros 24Nov16 [F. A. creditou outro economista pelo título (*)]
    https://eco.pt/opiniao/o-dinheiro-dos-outros/

    Porque é que os bancos estão frágeis?
    https://eco.pt/2016/11/23/por-que-e-que-o-bancos-estao-frageis-carlos-costa-explica/

    Banca financia hoje a economia apenas com recursos dos clientes 23 Nov. 2016
    http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/carlos-costa-banca-financia-a-economia-com-recursos-dos-clientes-92492
    --------------------------
    (*) Other People's Money: The Real Business of Finance Hardcover (2015), by John Kay
    https://www.amazon.com/Other-Peoples-Money-Business-Finance/dp/1610396030/ref=la_B001K8VC12_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1480083804&sr=1-1
    Financial Times's+Economist's+Bloomberg's Best Book of the Year, 2015
    «(...)
    The finance sector of Western economies is too large and attracts too many of the smartest college graduates. Financialization over the past three decades has created a structure that lacks resilience and supports absurd volumes of trading. The finance sector devotes too little attention to the search for new investment opportunities and the stewardship of existing ones, and far too much to secondary-market dealing in existing assets. Regulation has contributed more to the problems than the solutions.

    Why? What is finance for? John Kay, with wide practical and academic experience in the world of finance, understands the operation of the financial sector better than most. He believes in good banks and effective asset managers, but good banks and effective asset managers are not what he sees.

    In a dazzling and revelatory tour of the financial world as it has emerged from the wreckage of the 2008 crisis, Kay does not flinch in his criticism: we do need some of the things that Citigroup and Goldman Sachs do, but we do not need Citigroup and Goldman to do them. And many of the things done by Citigroup and Goldman do not need to be done at all. The finance sector needs to be reminded of its primary purpose: to manage other people’s money for the benefit of businesses and households. It is an aberration when the some of the finest mathematical and scientific minds are tasked with devising algorithms for the sole purpose of exploiting the weakness of other algorithms for computerized trading in securities. To travel further down that road leads to ruin.
    (...)»

    ResponderEliminar
  2. Que legal, Isidro. Acabei ontem mesmo de ler o livro de John Kay. Muito, muito bom. Explica a crise financeira de Portugal sem precisar falar nela.

    ResponderEliminar
  3. O regabofe financeiro que as baixas taxas de juro e a ausencia de medidas macroprudenciais permitiu não se limitou a Portugal nem ao período 2003-2008. Também seria interessante comparar o comportamento de grandes empresas e PMEs. Lembro-me que p'raí em 2011, nas férias de Verão, num balcão bancário da minha pequena cidade, o produto mais ofertado à clientela popular, e que oferecia mais rentabilidade, eram obrigações da PT. Na mesma altura, lembro-me de ver nos jornais anúncios de distribuição record de dividendos da mesma empresa. Como antigamente lá se dizia, não é preciso ir ao estudo a Coimbra para perceber que tudo iria acabar mal. Só não sei onde estão os alertas da academia, do jornalismo económico ou até do Banco de Portugal para essas "engenharias".

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "não é preciso ir ao estudo a Coimbra"

      É sim. A Coimbra e aos demais sítios onde há gente que saiba a diferença entre capital e lucro e, desse modo, não distribua o primeiro como se fosse o segundo.

      Eliminar

Não são permitidos comentários anónimos.